Sexta-Feira, 29 de Março de 2024
CSVd (Chrysanthemum stunt viroid )

Hospedeiro: Chrysanthemum spp. (Dendranthema spp.), Asteraceae

Agente causal: Chrysanthemum stunt viroid (CSVd), Pospiviroid, Pospiviroidae

Etiologia: O CSVd é um viroide, classificado pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus como agente subviral, pertencente ao gênero Pospiviroid, família Pospiviroidae. É constituído por uma fita simples de RNA, circular, com forte estrutura secundária devido aos pareamentos entre suas bases nitrogenadas, com tamanho que, dependendo do variante de sequência, oscila entre 354 e 356 nucleotídeos.

Sintomas: O CSVd pode afetar seriamente as plantas e as flores de diversos cultivares de crisântemo, impossibilitando sua comercialização. O sintoma mais comum é o subdesenvolvimento da planta, com a redução do porte (nanismo). As folhas também podem se apresentar mais afiladas e amareladas que o normal, e o tamanho das flores é afetado, podendo o peso fresco de uma flor ser reduzido a 65%. Pode ocorrer quebra de coloração das pétalas.

Importância: O CSVd é considerado praga quarentenária A2 na Europa. Afeta as plantas e flores de diversos cultivares de crisântemo, muitas vezes impossibilitando a comercialização. Como exemplo, podem ser citadas as perdas causadas pelo CSVd, em 1987, na Austrália, que chegaram a 3 milhões de dólares.

Ocorrência: Pode ser encontrado em praticamente todos os países e regiões em que o crisântemo é cultivado, já tendo sido descrito em todos os continentes. Em 2014, Gobatto e colaboradores confirmaram, por meio de eletroforese sequencial em géis de poliacrilamida (sPAGE), RT-PCR e sequenciamento completo do genoma de sete isolados, a ocorrência do CSVd em cultivos de crisântemo no estado de São Paulo, especificamente nos municípios de Atibaia, Artur Nogueira e Holambra, o que confirmou a identidade e ocorrência do CSVd em crisântemo no Brasil.

Manejo: Devido à sua elevada estabilidade e por alcançar elevadas concentrações na planta hospedeira, o CSVd é facilmente transmitido por inoculação mecânica. Além disso, é também transmitido por contato foliar, enxertia e ferramentas de corte contaminadas. Assim como a maioria dos viroides, não tem vetores conhecidos e sua transmissão via sementes verdadeiras ainda não foi confirmada. O controle do CSVd é difícil devido a fatores como: (i) facilidade de transmissão na natureza; (ii) período latente extremamente longo; (iii) propagação vegetativa; e (iv) limitação de espécies de crisântemo com resistência natural ao CSVd. Assim, medidas preventivas são as mais importantes e efetivas para o controle desse viroide.
A utilização de material de propagação vegetativa sadio é fundamental, porém, a não infecção está relacionada ao bom desempenho de outras medidas, tais como:
(i) redução do trânsito de materiais propagativos a partir das áreas de ocorrência do patógeno;
(ii) programas eficientes de indexação e certificação;
(iii) serviços quarentenários que sejam rigorosos e que empreguem métodos de detecção com elevada especificidade e sensibilidade;
(iv) acompanhamento da cultura e eliminação de plantas infectadas (essa atividade é feita, normalmente, pelos “pragueiros” – pessoas previamente treinadas e contratadas por empresas de produção de mudas, para identificar e eliminar plantas com sintomas induzidos pelo CSVd);
(v) desinfecção de ferramentas utilizadas durante os tratos culturais. O emprego de métodos moleculares de diagnóstico com elevada especificidade e sensibilidade são fundamentais para o sucesso na produção de mudas e comercialização de plantas de crisântemo livres de viroides.

Referência consultada

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Autores: Danielle Gobatto; Marcelo Eiras, Instituto Biológico
E-mail: marcelo.eiras@sp.gov.br
 
Publicado em: 11/04/2016
Atualizado em: 11/04/2016
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