Hospedeiro: o principal hospedeiro de Cassava common mosaic virus é Manihot esculenta
(mandioca, aipim), uma espécie da família Euphorbiaceae.
Etiologia: Cassava common mosaic virus (CsCMV) é uma espécie do gênero Potexvirus, família
Alphaflexiviridae, ordem Tymovirales. Suas partículas são alongado-flexuosas, medindo ca. de 495
nm de comprimento, e seu genoma é constituído por um segmento de RNA de fita simples e senso
positivo.
Não há vetor conhecido na transmissão do vírus e não há transmissão por sementes. A principal
forma de disseminação do CsCMV ocorre por propagação vegetativa de manivas infectadas, com a
propagação do vírus no campo pelo contato entre plantas de mandioca, e pelos instrumentos de
corte utilizados no manejo. Experimentalmente, o CsCMV pode ser mecanicamente transmitido para
Chenopodium amaranticolor Coste & Reyn, C. murale L., C. quinoa Willd. e Gomphrena globosa L.
(Amaranthaceae); Nicotiana benthamiana Domin. (Solanaceae); Ricinus communis L. e Euphorbia
prunifolia Jacq. (Euphorbiaceae).
Sintomas: O CsCMV causa sintomas de mosaico cloróticos nas folhas, deformação foliar e
nanismo. Entretanto, a manifestação dos sintomas sofre grande influência do clima e podem ocorrer
sintomas de mosaico de nervuras, deformação foliar e epinastia da planta, bem como cloroses
intensas entre as nervuras primárias e secundárias, nas plantas afetadas. Em casos severos da
doença é comum observar um forte retorcimento do limbo foliar.
Importância: Mesmo não havendo estudos que comprovem claramente o efeito do CsCMV na
produção, cumpre registrar que já foram registradas perdas de produtividade acima de 60% na
cultura da mandioca devido ao CsCMV. Para alguns pesquisadores uma redução de 30% na
produtividade está associada à severidade do vírus, enquanto outros afirmam que a produtividade
não é afetada pelo vírus. Entretanto, há relatos que comprovam que o vírus afeta a qualidade do
produto, uma vez que há redução do teor de amido na raiz, bem como a redução do número e do
tamanho das raízes.
Ocorrência: O CsCMV foi primeiramente relatado na região sudeste do Brasil por
SILBERSCHMIDT em 1938, posteriormente foi detectado em todas as regiões produtoras do
Nordeste, Sul e Sudeste, infectando todas as variedades cultivadas atualmente. O vírus está
disseminado em todos os países da África, Ásia, América Latina (Colômbia, Paraguai, Peru) e Caribe
em que existe a cultura.
Manejo: A principal medida de controle do CsCMV é o uso de mudas (manivas)
micropropagadas e indexadas para o vírus; também se pode utilizar plantas resistentes ou
tolerantes. Medidas fitossanitárias adequadas nos tratos culturais, como a desinfestação de
instrumentos de corte são importantes para impedir a disseminação do vírus entre plantas de
mandioca. A eliminação de plantas sintomáticas (‘roguing’) ajuda a reduzir a fonte de inóculo viral
no campo, todas as medidas contribuem para o controle do vírus na cultura.
Referência consultada
CALVERT, L.A.; THRESH, J.M. The viruses and virus diseases of cassava. In: HILLOCKS, R.J.;
THRESH, J.M.; BELLOTTI, A.C. (Eds.). Cassava: Biology, Production and Utilization, CAB
International. Chapter 12, 2002. p.237-260.
SOARES, M.B.B; VALLE, T.L.; COLARICCIO, A.; FELTRAN, J.C.; VAZ LOBO, R.S.; MARTINS,
A.L.M. Disseminação do vírus do mosaico-comum em área de mandioca (Manihot esculenta
Crantz.). In: Anais do XIII Congresso Brasileiro de Mandioca, v. 5, p.394-398, 2009.
PERUCH, L.A.M.; COLARICCIO, A.; NEUBERT, E.O.; MORETO, A.L.; PEREIRA, E.F. Sintomas e
controle das principais doenças da mandioca em Santa Catarina. Revista Agropecuária Catarinense,
v.26, p.52-54, 2013.
PERUCH, L.A.M.; COLARICCIO, A.; RIVAS, E.B.; VALE, T.L.; DELLA BRUNA, E.; CRISPIM, J.E.;
NUNES, E.C. Indexação de matrizes e plantas micropropagadas de mandioca para a presença de
Potexvirus. Summa Phytopathologica, v.42, Suplemento, p.S21, 2016.
SILBERSCHMIDT, K. O mosaico da mandioca. O Biológico, v.4, p.177-182, 1938.
Autores: Addolorata Colariccio, Eliana B. Rivas, Instituto Biológico; Teresa Losada, Instituto
Agronômico de Campinas; Luis Augusto Peruch, EPAGRI/Estação Experimental de Urussanga
E-mail: addolorata.colariccio@sp.gov.br