Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
GRSV e TSWV (Groundnut ringspot virus e Tomato spotted wilt virus)

Hospedeiro: Solanum melongena (Berinjela), Solanaceae

Agente causal: Groundnut ringspot virus (GRSV) e Tomato spotted wilt virus (TSWV)

Etiologia: O GRSV e o TSWV pertencem ao gênero Tospovirus, família Bunyaviridae. Possuem partículas esféricas com diâmetro de 90 a 120 nm e genoma constituído por três moléculas de RNA de fita simples [RNA pequeno (S RNA), médio (M RNA) e grande (L RNA)]. Os vírions são formados por nucleocapsídeos (capa proteica + RNA) envoltos por um envelope, o qual é constituído por lipídeos (oriundos da célula hospedeira) e glicoproteínas (codificadas pelo próprio vírus).

Sintomas: Induzem arqueamento apical dos ramos das plantas; mosaico, bolhas, distorção, anéis cloróticos e/ou necróticos nas folhas; e anéis, deformação e redução do tamanho dos frutos. As plantas podem apresentar necrose e acentuada redução do crescimento e do rendimento de produção.

Importância: Em 2011, o TSWV, espécie tipo do gênero Tospovirus, foi considerado um dos 10 vírus de plantas mais importantes em todo o mundo. Diferentes espécies de tospovírus são responsáveis por perdas significativas na produção de olerícolas incluindo, além da berinjela, o tomateiro (Solanum lycopersicum), as pimentas e pimentões (Capsicum spp.), o jiló (S. gilo), a alface (Lactuca sativa) e espécies de plantas ornamentais de importância econômica como o crisântemo (Dendranthema spp.), lisiantos (Eustoma grandiflorum), alstroméria (Alstroemeria sp.) e gérbera (Gerbera sp.).
No Brasil, além do GRSV e TSWV, há relatos de outras espécies de tospovírus infectando olerícolas e ornamentais, incluindo o Tomato chlorotic spot virus (TCSV), que embora ainda não tenha sido descrito infectando a berinjela, pode infectar experimentalmente esta solanácea, podendo também ser considerado um patógeno em potencial para essa cultura.

Ocorrência: O GRSV já foi descrito na África e América do Sul, incluindo Argentina e Brasil. Já o TSWV tem distribuição muito mais ampla e já foi descrito em países da África, Ásia, Australásia, Europa, América do Norte, América Central e América do Sul. No Brasil, o TSWV e o GRSV já foram descritos nos estados de Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Rio Grande do Sul (RS), Distrito Federal (DF) e Paraná (PR).

Manejo: Os tospovírus são transmitidos por tripes (Thysanoptera: Thripidae) de maneira circulativa propagativa (tipo de relação em que o vírus circula e se replica no interior do corpo do inseto). O TSWV tem as seguintes espécies de tripes descritas como vetores: Frankliniella bispinosa, F. cephalica, F. gemina, F. fusca, F. intonsa, F. occidentalis, F. schultzei, F. setosus e Thrips tabaci. Já o GRSV tem três espécies de tripes vetores: F. gemina, F. schultzei e F. occidentalis.
O controle dos tospovírus, de modo geral, é dificultado principalmente quando as plantas são infectadas nos estádios iniciais do desenvolvimento fenológico. Os sintomas podem, em algumas situações, levar dias ou até semanas para serem perceptíveis. Este fato faz com que as plantas infectadas permaneçam mais tempo no campo, servindo como fonte de inóculo e possibilitando uma maior disseminação do vírus.
O desenvolvimento de cultivares que apresentem um bom nível de resistência ainda é a melhor estratégia de controle, visto que alternativas de controle como utilização de inseticidas e eliminação de plantas infectadas não têm sido eficientes e viáveis. No Brasil, já foram realizados testes experimentais de inoculação mecânica de genótipos de berinjela frente a quatro espécies de tospovírus, incluindo GRSV e TSWV. Os genótipos avaliados demostraram diferentes níveis de susceptibilidade, no entanto nenhum se mostrou resistente.

Referência consultada

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Autores: Marcelo Eiras, Alexandre L.R. Chaves, Leilane Karam Rodrigues, Addolorata Colariccio, Instituto Biológico
E-mail: marcelo.eiras@sp.gov.br
 
Publicado em: 05/08/2016
Atualizado em: 05/08/2016
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