Hospedeiro: Guaranazeiro (Paullinia cupana HBK var.sorbilis (Martius) Ducke

Agente causal: Fusarium decemcellulare Brick (Albonectria rigidiuscula (Berk. &Broome) Rossman&Samuels).

Etiologia:O superbrotamento, causado pelo fungo Fusarium decemcellulare Brick, foi registrado pela primeira vez em Maués (Gonçalves, 1968). O fungo produz macroconídios curvados, fusoides, com uma das extremidades afiladas. Quando maduros, medem de 55 µm - 130 µm x 6µm - 10µm e apresentam de 7 a 10 septos. Micronídios estão presentes. O patógeno é heterotálico e sobrevive como saprófita no solo, em restos culturais ou associado a lesões causadas por outros patógenos, dentre os quais C. guaranicola.
O patógeno infecta regiões em ativo crescimento, como gemas e inflorescências, causando sintomas complexos, cuja denominação está associada à região afetada da planta (Araújo et al.,2006).

Sintomas:os sintomas se manifestam nas gemas vegetais, nas inflorescências e no tronco. Nas gemas vegetativas os sintomas são caracterizados pelo desenvolvimento de várias brotações a partir de uma gema, resultando na proliferação de ramos vegetativos e ou inflorescências deformadas e entrenós curtos, a partir dos quais são emitidos novos grupos de ramos secundários, resultando num aglomerados de ramos defeituosos, semelhante à vassoura-de-bruxa do cacaueiro e cupuaçuzeiro, culminando com o secamente precoce das partes afetadas que se distingue do restante da copa da planta pela coloração amarronzada. Esse quadro é consequência de multiplicação exagerada das células meristemáticas (hiperplasia) e, também, do aumento do tamanho de parte das células (hipertrofia).
Nas inflorescências ocorre hipertrofia e hiperplasia floral, em que as flores afetas adquirem um aspecto de cálice compacto e endurecido e não produzem frutos. No tronco ocorrem galhas na gema terminal de plantas jovens e nas gemas existentes nos entrenós de ramos maduros de plantas adultas. Caracterizada pela emissão de brotos diminutos numa mesma gema, formando uma massa compacta e desorganizada (Fig.4), à semelhança das galhas da coroa causadas por Agrobacterium tumefaciens(Smith &Conn) Townsendem outras plantas, como roseira e pessegueiro. As galhas podem se distribuir por toda a planta ou em pontos isolados, nas regiões do tronco e,ou ramos com gemas dormentes. Neste caso, há secamento precoce do aglomerado de brotações diminutas antes da diferenciação dos tecidos, sem a consequente emissão de novos ramos a partir dessas gemas.

Importância econômica: uma das principais doenças do guaranazeiro, cuja incidência varia de 34% a 100%, podendo comprometer até 100% da produção em algumas plantas. Ocorrência: o patógeno ocorre de forma generalizada nas áreas produtoras de guaraná no estado do Amazonas.

Manejo da doença: Araújo et al. (2005) recomendam realizar inspeções fitossanitárias periódicas em intervalos regulares de 30 dias, a partir do mês de fevereiro até o mês de setembro.
Durante as inspeções eliminar as partes afetadas, seccionando-se o lançamento, aproximadamente 10 cm abaixo do início do superbrotamento.
É necessário que se proceda à poda fitossanitária, eliminando-se as partes da planta afetadas pela doença quando elas ainda estiverem verdes, de forma a prevenir maiores danos ao guaranazeiro.
Quando a doença incidir nas inflorescências, recomenda-se eliminar todo o lançamento portador, seccionando-se 10 cm abaixo da última inflorescência a apresentar superbrotamento.
As partes cortadas da planta devem ser retiradas da área de cultivo.
A resistência é a medida mais eficiente para o controle da doença.
As cultivares BRS Andirá, BRS Cereçaporanga, BRS Luzéia, BRS Maués, BRS Mundurucânia, BRS Onhiamuçabê e BRS Saterê (Nascimento et al., 1999; 2007a; 2007b; 2007c; 2007d; 2009; 2012) são resistentes ao superbrotamento.

Referência consultada
ARAÚJO, J.C.A. et al. O complexo superbrotamento do guaranazeiro e seu controle. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2006. 4p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 45).

ARAÚJO, J.C.A. Poda fitossanitária no controle do superbrotamento do guaranazeiro. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2005. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 32).

DUARTE, M.L.R.; ALBUQUERQUE, F.C. Doenças da cultura do guaranazeiro. In: Duarte, M.L.R. (ed.). Doenças de plantas no trópico úmido brasileiro. I. Plantas industriais. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1999. p. 89-121.

GONÇALVES, J.R.C. Observações sobre doenças e pragas do guaraná no Estado do Amazonas. Belém: IPEAN, 1968. 16p. (IPEAN. Circular, 12).

NASCIMENTO FILHO, F.J. et al. Guaraná: BRS Amazonas e BRS Maués – clones para o Estado do Amazonas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 1999.(Embrapa Amazônia Ocidental. Folder).

NASCIMENTO FILHO, F.J. et al. Andirá: cultivar de alta produção e resistente às principais doenças. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2007a. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 55).

NASCIMENTO FILHO F.J. et al. BRS Cereçaporanga: nova cultivar para o agronegócio do guaraná. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2007a. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 56).

NASCIMENTO FILHO, F.J. et al. BRS Luzéia: nova cultivar para o agronegócio do guaraná no Estado do Amazonas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2007c. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 57).

NASCIMENTO FILHO, F.J. at al. BRS Onhiamuaçabê: nova cultivar de guaraná recomendada para o Estado do Amazonas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2012. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 93).

NASCIMENTO FILHO, F.J. et al. BRS Mundurucânia: resistente e produtiva. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2007d. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 55).

NASCIMENTO FILHO, F.J. et al. BRS Saterê: nova cultivar para o agronegócio do guaraná no Estado do Amazonas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,2009. 2p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado Técnico, 82).

Autor:LuadirGasparotto, Embrapa Amazônia Ocidental
E-mail: luadir.gasparotto@embrap.br