Quinta-Feira, 28 de Março de 2024
Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis)

Hospedeiro: Gossypium hirsutum L. (algodoeiro)

Descrição: Anthonomus grandis (Boh., 1843) (Coleoptera:Curculionidae) – Bicudo

Ovo - Liso e branco e com 0,08 mm de comprimento

Larva - De cor branca, com cabeça cor pardo-clara, sem pernas, encurvadas e, no terceiro ínstar, apresenta entre 5 e 7 mm de comprimento

Pupa - De cor branca, comprimento de 10 mm, pode-se observar os vestígios dos diferentes membros do corpo dos futuros adultos, como olhos e rostro
Adulto
- De coloração cinza ou castanha, com 7 mm de comprimento (incluindo o rostro, que corresponde à metade do comprimento do corpo) e cerca de 2,3 mm de largura. O corpo é coberto por pequenos e finos pelos dourados. Os adultos recém-emergidos possuem uma cor marrom-avermelhada. Apresenta dois espinhos no fêmur do primeiro par de pernas, um maior do que o outro. Os fêmures das pernas medianas e posteriores só apresentam um espinho. Os olhos e o rostro são escuros e as antenas apresentam 12 segmentos

Danos: Provocam queda de botões florais e flores e impedem a abertura normal de maçãs, destruindo-as internamente, pois uma única estrutura pode abrigar várias larvas. Na ausência de estruturas de frutificação, os adultos se alimentam de folhas cotiledonares, pecíolos das folhas e pontas das hastes. Devido ao ataque do bicudo, a lavoura de algodão perde a carga, apresenta grande desenvolvimento vegetativo, fica bem enfolhada, mas sem produção. Importância: O bicudo é considerado a principal praga dos algodoeiros nas Américas. É uma praga de grande importância econômica, devido a sua rápida capacidade reprodutiva e de destruição. Os níveis de infestação crescem rapidamente e os prejuízos podem atingir até 100% da produção, caso as medidas de controle não forem adequadas. O bicudo representa um grande potencial de dano para o algodoeiro, devendo ser considerado a praga-chave no planejamento e controle dos insetos nocivos à cultura. O período compreendido entre 40 e 90 dias se constitui na fase crítica de ataque do bicudo para o algodoeiro. O monitoramento e o combate adequados, nessa etapa do desenvolvimento da cultura, determinarão o sucesso econômico da atividade.

Manejo: Estratégias para o manejo do bicudo

- Destruição das soqueiras: a destruição de soqueiras de algodão logo após a colheita é fator determinante para a convivência econômica com o bicudo. No período de entressafra não poderá haver plantas de algodão vegetando ou rebrotando, pois essas favorecem a sobrevivência e a reprodução da praga. Não se deve plantar algodão nas proximidades de áreas onde as soqueiras foram mal e tardiamente destruídas, pois nessas condições a quantidade de bicudo é tão elevada que inviabilizará seu controle. - Preparo antecipado do solo: as operações de aração e gradeação estimulam o processo de emigração dos adultos do bicudo em direção às matas e capinzais existentes nas periferias das áreas a serem cultivadas, mas para que ocorra esse efeito há necessidade de que essas operações sejam realizadas com antecedência de pelo menos 40 dias da semeadura do algodoeiro.

Variedades precoces: a precocidade e a concentração da frutificação são características desejáveis para uma convivência mais segura com o bicudo.

Época de semeadura: a semeadura do algodoeiro deve ser realizada dentro da época recomendada para cada região. As áreas do entorno deverão ser implantadas, se possível, ao mesmo tempo, evitando-se sempre grande antecipação ou atraso. A semeadura tardia sofre grandes infestações, tornando antieconômico o controle químico do bicudo.

Plantio-isca: se constitui em pequenas faixas (100 a 500 m2) de plantas de algodão instaladas nas bordaduras e proximidades de matas e capinzais e adjacentes a rios. O plantio-isca deve ser implantado antes da semeadura da área comercial e tem como objetivo atrair os bicudos sobreviventes da entressafra par matá-los com inseticidas. As plantas de plantio-isca deverão ser pelo menos cinco dias mais velhas que as da área comercial. Entre as linhas de plantio-isca e o restante da área comercial deverá existir um carreador, com aproximadamente quatro metros de largura, mantido sem vegetação. A partir dos 10 dias devem-se fazer pulverizações nos plantios-isca, enquanto se observar a presença de adultos ou botões florais atacados. A partir do início da formação de botões florais deve-se aplicar inseticidas a cada 5 dias, enquanto for necessário. No plantio-isca deve-se dar preferência a cultivares resistentes às viroses.

Controle da bordadura: em áreas infestadas pelo bicudo devem-se realizar pulverizações seqüenciais sobre as bordaduras, a partir da fase de “pinhead square" (primórdios dos botões florais).

Redutores de crescimento: o emprego desses produtos deverá ser programado, iniciando-se a partir dos 30-40 dias, com 1/4 ou 1/3 das doses totais reaplicando-se a cada 10 dias. O redutor de crescimento uniformiza o crescimento da planta e facilita a penetração do inseticida no interior da vegetação, melhorando a eficiência de controle do bicudo.

Rotação de cultura: a rotação de cultura proporciona uma atividade agrícola mais sustentável. Sua prática é muito importante, principalmente, no sistema de plantio direto, como uma forma de minimizar os riscos provenientes do bicudo e de outros coleópteros para o algodoeiro.

Tubo mata bicudo (TMB): os TMB devem ser instalados, preferencialmente, 10 dias antes da semeadura, às margens das bordaduras de entrada de adultos, usando-se 1 TMB a cada 40-45 m e com reaplicação 35-40 dias após. Os TMB podem, inclusive, substituir o plantio-isca e as soqueiras-isca.

Desfolhantes: a aplicação de desfolhantes paralisa temporariamente a emissão de botões florais, afetando o crescimento populacional do bicudo no final do ciclo da cultura, reduzindo assim as densidades populacionais da praga para a próxima safra.

Soqueiras-isca: durante a operação de destruição de soqueiras devem-se deixar pequenas faixas de 500 m2 de plantas-iscas com bom vigor vegetativo, nas bordaduras. Essas deverão ser pulverizadas a cada 5 dias, por um período de 20 dias e, posteriormente, destruídas.

Controle químico: o adulto é a única fase exposta à ação dos inseticidas. As aplicações deverão ser baseadas em dados de amostragens (1) e, a intensidade da infestação e os riscos determinarão a frequência das pulverizações. Dos 40 aos 80 dias ocorre o pleno estabelecimento da fauna benéfica (parasitóides e predadores) nas lavouras de algodão, portanto, para a preservação dos inimigos naturais e a viabilização das suas ações complementares como reguladores populacionais do complexo de pragas do algodoeiro, deve-se utilizar preferencialmente, inseticidas seletivos. Em local de alta infestação e cultivo em safras consecutivas fazer uma aplicação no final, após a colheita, aos 170 dias.

Amostragens: dos 40 a 100 dias, deve-se realizar semanalmente vistorias de campo, para verificar se há botões florais com orifício de postura ou alimentação . Nas amostragens é preciso inspecionar 50 botões/10 ha, sendo um botão por planta, observando os botões de tamanho médio existentes no ponteiro. O nível de controle do bicudo é 10% de botões atacados, até os 80 dias e, 15% a partir dos 80 dias.

Autor: Dalva Gabriel, Instituto Biológico
E-mail: dalva@biologico.sp.gov.br

 
Publicado em: 05/01/2016
Atualizado em: 18/01/2016
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   8.790