Sexta-Feira, 29 de Março de 2024
Complexo do Vira-cabeça (Tomato spotted wilt orthotospovirus, Groundnut ringspot orthotospovirus, Tomato chlorotic spot orthotospovirus e Chrysanthemum stem necrosis virus)

Hospedeiro: Solanum lycopersicum (tomateiro), Solanaceae.

Agente causal: Tomato spotted wilt orthotospovirus (TSWV), Groundnut ringspot orthotospovirus (GRSV), Tomato chlorotic spot orthotospovirus (TCSV) e Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV).

Etiologia: De acordo com critérios taxonômicos estabelecidos pelo International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) (https://talk.ictvonline.org/taxonomy/), as espécies relacionadas com a doença “vira-cabeça”, em tomateiros, pertencem à Ordem Bunyavirales, Família Tospoviridae, Gênero Orthotospovirus (antigo Tospovirus). Possuem partículas de morfologia arredondada com diâmetro entre 90 e 120 nm, constituídas por um envelope de glicoproteínas (de origem viral) e lipídeo (proveniente da célula hospedeira) que envolve os três nucleocapsídeos. O genoma é constituído por três moléculas distintas de RNA de fita simples denominadas: S RNA (Small RNA), M RNA (Medium RNA) e L RNA (Large RNA), que codificam as proteínas virais que desempenham diferentes papéis no ciclo biológico do vírus, incluindo a patogênese. O S RNA codifica proteínas (N e NSs) associadas à encapsidação dos RNAs (proteína do nucleocapsídeo, N), variação da severidade de sintomas, infecção (supressão de silenciamento) e transmissão por tripes; as proteínas codificadas pelo M RNA respondem pelo movimento do vírus na planta (NSm), maturação das partículas virais no citoplasma das células hospedeiras e nos processos de aquisição, retenção e maturação das partículas nas células do tripes vetor; e o L RNA codifica a replicase viral (L), proteína responsável pela replicação do vírus. No Brasil, as espécies de tripes Frankliniella occidentalis, F. schultzei e Thrips tabaci estão envolvidas na transmissão dos tospovírus para tomateiros. A transmissão é do tipo persistente circulativa propagativa, ou seja, as partículas virais, após a aquisição, circulam pelo aparelho digestório e hemolinfa dos tripes, antes de atingirem as glândulas salivares, para então serem transmitidas. Além disso, o vírus se replica no interior do vetor.

Sintomas: Plantas infectadas na fase inicial de seu desenvolvimento apresentam deformação, mosaico, bronzeamento, anéis necróticos e/ou cloróticos, necrose das folhas e das hastes e nanismo, com consequente murcha e morte da planta. O “vira-cabeça” também pode causar o encurvamento das folhas mais novas para baixo, sendo que isolados mais severos podem levar a necrose destas folhas. Plantas infectadas tardiamente produzem frutos menores, deformados, com anéis cloróticos e/ou necróticos.

Importância: Os tospovírus são relatados em uma ampla gama de hospedeiras, incluindo mais de 1000 espécies pertencentes a 90 famílias botânicas. Infectam diversas espécies de olerícolas, plantas ornamentais e plantas da vegetação espontânea. Em tomateiros, dependendo do estágio de infecção, pode causar perdas de 80 a 100% da produção.

Ocorrência: Os tospovírus são relatados em todas as áreas de cultivo de tomate no território brasileiro, principalmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal.

Manejo: Na ausência de variedades de tomateiro resistentes, a eliminação de restos culturais e a evasão de áreas com alta população de tripes é prática recomendada. Evitar as áreas com alta infestação de plantas da vegetação espontânea e próximas de cultivos de plantas ornamentais pode ser um manejo preventivo eficiente. Recomenda-se também associar a aplicação de inseticidas de forma preventiva para evitar grandes populações de tripes na área de cultivo de tomateiros.

Referência consultada

COLARICCIO, A.; CHAVES, A. L.R.; EIRAS, M. Doenças do tomateiro causadas por virus. In: PAPA, G.; FURIATTI, R.S. SPADER, V. Boletim Técnico Tomate 3: Desafios Fitossanitários e Manejo Sustentável. Jaboticabal, SP, 2014. p. 183-207.

COLARICCIO, A. et al. Diversidade de tospovírus em diferentes regiões produtoras de olerícolas no Estado de São Paulo. Summa Phytopathologica, v. 27, n.2, p. 251-253, 2001.

PAPPU, H. R.; JONES, R. A.; JAIN, R. K. Global status of tospovirus epidemics in diverse cropping systems: successes achieved and challenges ahead. Virus Res, v. 141, p. 219-236, 2009.

ROTEMBERG, D. et al. Thrips transmission of Tospovirus. Current Opinions in Virology, v. 15, p. 80-89, 2015.

Autores: Alexandre Levi Rodrigues Alves, Marcelo Eiras, Leilane Karam Rodrigues, Addolorata Colariccio, Instituto Biológico
E-mail: alexandre.chaves@sp.gov.br

 
Publicado em: 27/06/2017
Atualizado em: 27/06/2017
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