Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
PSTVd (Potato spindle tuber viroid )

Hospedeiro: Solanum tuberosum (Solanaceae), batata.

Agente causal: Potato spindle tuber viroid (PSTVd), Pospiviroid, Pospiviroidae.

Etiologia: O PSTVd é um viroide, classificado pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) como agente subviral, pertencente ao gênero Pospiviroid, família Pospiviroidae. Seu genoma é constituído por um RNA de fita simples circular, com tamanho que oscila entre 356 e 360 nucleotídeos.

Sintomas: O PSTVd pode induzir, em batata, sintomas de nanismo, alterações na coloração, encrespamento das margens e diminuição do tamanho das folhas e folíolos, redução do tamanho das folhas, pontos necróticos em pecíolos e ramos principais. Induz também redução e afilamento dos tubérculos, sintoma que dá nome à doença e ao viroide. Além disso, os tubérculos podem apresentar pequenos “olhos-superficiais”, que evoluem para rachaduras, inviabilizando a comercialização. Os sintomas podem ser mais severos em condições de elevadas temperaturas e luminosidade, apontando para um risco ainda maior quando se cultiva batata em condições tropicais. É importante lembrar que infecções pelo PSTVd muitas vezes podem ser assintomáticas (latência), o que tem facilitado a difusão desse viroide por meio do trânsito de material propagativo.

Importância: O PSTVd tem amplo círculo de hospedeiros, podendo infectar mais de 160 espécies de plantas de 13 famílias botânicas. Além da batata, infecta pimentão (Capsicum annuum), berinjela (Solanum melongena), petúnia (Petunia spp.) e tomate (S. lycopersicum). Neste último, o PSTVd pode induzir a doença conhecida por “bunchy top” do tomateiro.
O PSTVd ainda não foi descrito ocorrendo naturalmente no Brasil, sendo considerado praga quarentenária A1. Entretanto, técnicos da Embrapa detectaram esse viroide em batata importada, em serviço de quarentena, sendo o material, naquela ocasião, interceptado e destruído. O PSTVd representa constante ameaça à bataticultura brasileira, pois o viroide causa danos e perdas econômicas importantes em diversos países produtores de batata, podendo levar a reduções de mais de 60% no rendimento da cultura. O PSTVd pode ser facilmente transmitido por inoculação mecânica, por ferramentas contaminadas, além de poder ser transmitido por enxertia, sementes verdadeiras e pólen. Há relatos da transmissão do PSTVd por afídeos, mas em associação com o Potato leafroll virus, PLRV (o vírus do enrolamento da folha da batata).

Ocorrência: Descrito pela primeira vez na América do Norte, o PSTVd foi disseminado, principalmente pelo intercâmbio de material propagativo infectado, para outros países: Afeganistão, África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, China, Costa Rica, Egito, Estados Unidos, Índia, Japão, Nigéria, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Rússia e Ucrânia. Vale reforçar que no Brasil o PSTVd é considerado Praga Quarentenária A1, ou seja, tem importância econômica potencial, mas não está presente em território nacional.

Manejo: As medidas preventivas costumam ser as mais efetivas para o controle dos viroides, incluindo o PSTVd. Portanto, inicialmente, é fundamental que se utilize material de propagação vegetativa (batata-semente) livre do viroide. Dos métodos preventivos, a resistência genética é a maneira mais efetiva de controle de viroides, mas não há disponível no mercado variedades de batata resistentes ao PSTVd, embora já tenham demonstrado que batatas transgênicas podem se comportar como altamente resistentes a este viroide.
Seguem outras medidas de controle recomendadas: (i) reduzir o trânsito de material propagativo proveniente de regiões de ocorrência do viroide; (ii) estabelecimento de programas de indexação e certificação fitossanitária com serviços de quarentena eficientes; (iii) no campo, acompanhar diariamente o cultivo e eliminar sistematicamente plantas com sintomas; (iv) controlar plantas daninhas hospedeiras do PSTVd; (v) desinfetar as ferramentas de poda com solução de hipoclorito de sódio 5%.

Referência consultada

BATISTA, M.F.; MARINHO, V.L.; MILLER, R. Praga Quarentenária A1 – Tubérculo afilado da batata “Potato spindle tuber viroid”. Comunicado Técnico 66. Embrapa. 2002.

DI SERIO, F. et al. Current status of viroid taxonomy. Archives of Virology, v.159, p.3467-3478. 2014.

EIRAS, M. et al. Viroides e Virusoides: Relíquias do Mundo de RNA. Fitopatologia Brasileira, v.31, p. 229-246. 2006.

EIRAS, M. Viroides. In: EIRAS, M.; GALLETI, S.R. (Eds.) Técnicas de diagnóstico de fitopatógenos. São Paulo, SP: Devir Livraria. p.137-154. 2012.

EIRAS, M. Tubérculo afilado da batata: uma doença causada por viroide. In: SALAS, F.J.S; TOFOLI, J.G. (Eds.) Cultura da batata: Pragas e Doenças. 1ª edição. São Paulo, SP: Instituto Biológico. p.207-2014. 2017.

MACKIE, A.E. et al. Potato spindle tuber viroid: alternative host reservoirs and strain found in a remote subtropical irrigation area. European Journal of Plant Pathology, v.145, p.433-446. 2016.

OWENS, R. A. Potato splinde tuber viroid: the simplicity paradox resolved? Molecular Plant Pathology, v.8, p.549-560. 2007.

Autor: Marcelo Eiras, Danielle Gobatto, Instituto Biológico
E-mail: marcelo.eiras@sp.gov.br

 
Publicado em: 28/06/2017
Atualizado em: 28/06/2017
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