Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
LMV (Lettuce mosaic virus )

Hospedeiro: Lactuca sativa (alface), Asteraceae.

Agente causal: Lettuce mosaic virus (LMV), Potyvirus.

Etiologia: O LMV (Gênero Potyvirus/Família Potyviridae) possui partícula alongada e flexuosa com 680 a 900nm de comprimento e 11 a 15nm de diâmetro. Seu genoma é constituído por uma molécula de RNA de fita simples, senso positivo, com cerca de 10 kb.

Sintomas: Os sintomas em alface são variados e podem ser influenciados de acordo comas condições ambientais, idade de infecção da planta (infecções precoces costumam ser mais severas), severidade do isolado de LMV e grau desuscetibilidade da variedade da alface. Além do mosaico, que é o sintoma característico induzido pelo LMV, podem ser observados o subdesenvolvimento, ausência da formação da cabeça, necrose e morte da planta.

Importância: A partir das divergências das propriedades biológicas e moleculares, atualmente, o LMV é dividido em dois subgrupos: LMV-Common e LMV-Most. O LMV-Common compreende os isolados que não são capazes de contornar a resistência conferida pelos genes ‘mol1’ e ‘mol2‘ presentes em alface,sendo sua porcentagem de transmissão por sementes muito baixa. O LMV-Most engloba isolados que contornam a resistência dos genes ‘mol1’e ‘mol2’, sendo detectados em alta porcentagem em sementes. Em estudos sobre ocomportamento das cultivares de alface plantadas no Brasil, constatou-se que o LMV-Most é capaz de infectar sementes de genótipos suscetíveis etolerantes. Devido aos sintomas drásticos como necrose e má formação da cabeça causados pelo LMV-Most, este pode ser confundido no campo como sendo uma infecção causada pelo vira-cabeça (espécies do Gênero Orthotospovirus).
Os fatores que contribuem para o sucesso do estabelecimento do LMV estão relacionados às seguintes características: (i) capacidade de infectar embriões, fato que favorece a sua disseminação a longas distâncias devido ao intercâmbio comercial de sementes; (ii) infectar uma ampla gama de espécies de plantas invasoras do gênero Asteraceae, que atuam como reservatórios nas áreas de produção e (iii) ser transmitido no campo por inúmeras espécies de afídeos de maneira não circulativa. Entre as espécies de afídeos descritas como vetoras do LMV destacam as pertencentes aos gêneros Aulacorthum, Acyrthosiphon, Aphis, Hyperomyzus, Macroshiphum, Myzus e Nasonovia. A ausência de especificidade das espécies de afídeos para que seja realizada a transmissão do LMV, associada ao fato da aquisição e inoculação ocorrerem durante picadas de prova, não há a necessidade de colonização da planta pelo afídeo para que ocorra a transmissão, fato de grande importância na epidemiologia do LMV.

Ocorrência: O LMV é descrito de forma generalizada na Europa, América do Norte, América do Sul e Norte da África. No Brasil, é relatado em todas as áreas produtoras de alface, principalmente na Região Sudeste do Brasil onde se concentram as maiores áreas de cultivo.

Manejo: Não há, no mercado de sementes, a disponibilidade de variedades que confiram resistência ao LMV-Most. A utilização de sementes com certificação fitossanitária, provenientes de matrizes comprovadamente sadias, tem sido preconizada e vem surtindo efeito positivo no controle do LMV no campo. A eliminação de restos culturais e o controle de plantas invasoras [serralha (Sonchus oleraceus) e rabo-de-foguete (Erigeron bonariensis)] com capinas ou aplicação de herbicidas são indicados, pois além de serem reservatórios do LMV, estas plantas também podem atuar como hospedeiras de diversas espécies de afídeos. Devido à transmissão ser realizada durante as picadas de prova, a aplicação de inseticida para o controle de populações de afídeos não é eficaz para conter a dispersão da doença em áreas cultivadas. Porém, a utilização de armadilhas adesivas amarelas (empregadas no monitoramento das populações de afídeos) é uma prática recomendada para fornecer ao produtor informações sobre os períodos de maiores revoadas e abundânciados afídeos na região de cultivo.

Referência consultada

CHAVES, A.L.R. et al. Erigeron bonariensis: hospedeira alternativa do Lettuce mosaic virus no Brasil. Fitopatologia Brasileira, v.28, n.3, p.307-311, 2003.

CHAVES, A.L.R. et al. Coinfecção do Lettuce big-vein virus e Lettuce mosaic virus em Sonchus oleraceus. Fitopatologia Brasileira, v.29 (suplemento), p. 139, 2004.

KRAUSE-SAKATE, R. et al. A natural occurring recombinant isolate of Lettuce mosaic virus. Archives of Virology, v.149, p.191-197, 2004.

PAVAN, M.A. et al. Virus Diseases of Lettuce in Brazil. Plant Viruses: Global Science Books, p. 35-41, 2008.

PEREIRA, L.S. et al. Indexação do Lettuce mosaic virus em sementes e plântulas de genótipos de alface. Revista Brasileira de Sementes, v. 34, p. 628, 2012.

Autores: Alexandre Levi Rodrigues Chaves, Marcelo Eiras, Addolorata Colariccio, Instituto Biológico.
E-mail: alexandre.chaves@sp.gov.br
 
Publicado em: 15/09/2017
Atualizado em: 15/09/2017
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