Hospedeiro: Canna paniculata (biri, cana-da-Índia), Cannaceae

Etiologia: O Canna yellow streak virus (CaYSV) é uma espécie definitiva do gênero Potyvirus, família Potyviridae. As partículas virais são alongado-flexuosas, com cerca de 800 nm de comprimento. Seu genoma é constituído por um RNA fita simples, senso positivo,com cerca de 9.500 pares de bases.O CaYSV, assim como outras espécies de potyvírus,induz alterações celulares denominadas inclusões lamelares e cata-ventos (“pinheels”) no citoplasma das células infectadas.A sua transmissão, na natureza, é realizada de forma não persistente por afídeos e a espécie Aphis gossypii (Aphididae) é relatada como potencial vetora. No caso do CaYMV, a principal forma de disseminação ocorre devido à multiplicação de mudas por meio de propagação vegetativa.

Sintomas: Há uma grande variedade de híbridos de biri com diferentes colorações de folhas e flores. A espécie nativa C. denudata apresenta folhas verdes com as bordas marrom-avermelhadas. Plantas infectadas apresentam folhas com estrias cloróticas, verde-escuro e castanho avermelhadas. As inflorescências de plantas infectadas apresentam flores sem sintomas.

Importância: O gênero Canna engloba 10 espécies originárias da América Central, sendo que na América do Sul, no Brasil ocorrem 4 espécies nativas: C. glauca, C. indica,C. paniculata e C. pedunculata. No século XIX, diversos híbridos foram produzidos e introduzidos no paisagismo da Europa e Estados Unidos da América (EUA), sendo atualmente muito utilizados em todo o mundo devido a beleza e matizes de cor de suas folhas e flores. O CaYSV é o vírus mais importante relacionado ao desenvolvimento da cultura de espécies e híbridos de Canna sendo responsável por grandes perdas de produção, principalmente na Europa.

Ocorrência: O CaYSV foi primeiramente descrito, em 2007, no Reino Unido, e posteriormente na Holanda, Israel, Bélgica, França e EUA.No Brasil, foi relatado, pela primeira vez, em 2017, em plantas de biri provenientes de um jardim público em Piracicaba, SP. Não há até o momento, no Brasil, outro relato da ocorrência de CaYMV em Canna ou em outras espécies cultivadas de importância econômica.

Manejo: Apesar de produzirem sementes, as diferentes espécies ornamentais de Canna são mais eficientemente propagadas por meio de rizomas. Assim, os rizomas infectados atuam como fonte de propagação de inóculo do CaYMV permitindo a sua disseminação. Como os sintomas causados pelo vírus são muito evidentes, recomenda-se a utilização de mudas/rizomas provenientes de matrizes comprovadamente sadias. Apesar de não haver estudos específicos sobre a transmissão do CaYSV por afídeos, eles certamente também podem atuar como potenciais vetores e agentes disseminadores do vírus em áreas cultivadas e em jardins, onde híbridos de Canna sejam utilizados na ornamentação.

Referência consultada

ALEXANDRE, M.A.V. et al. Canna paniculata as natural host of canna yellow streak virus in Brazil. Australasian Plant Diseases Notes, 12: 38, 2017. https://doi.org/10.1007/s13314-017-0264-3

MONGER, W.A.; HARJU, V.; SKELTON, A.; SEAL,S.E.; MUNFORD, R.A. Canna yellow streak virus: a new potyvirus associated with severe streaking symptoms in canna. Archives of Virology, 152: 1527-1530, 2007.

CHAUHAM, R.P.; RAJAKARUNA, P.; VERCHOT, J. Complete genome sequence of nine isolates of canna yellow streak virus reveals its relationship to sugarcane mosaic virus (SCMV) subgroup of potyviruses. Archives of Virology, 160: 837-844, 2015.

Autores: M. Amélia V. Alexandre; Ligia M. L. Duarte; Alexandre, L.R. Chaves, Instituto Biológico
E-mail: maria.alexandre@sp.gov.br