Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024
ToCV (Tomato chlorosis virus )

Hospedeiros: Solanum tuberosum, S. lycopersicon, Capsicum anuum, Datura stramonium e Solanum nigrum.

Etiologia: Trata-se de um vírus que originalmente infectava tomate e pela proximidade botânica e pela perpetuação de populações de insetos vetores (mosca-branca) se perpetuou e começou a infectar batata. O patógeno é um fitovírus da famlia Closteroviridae e gênero Closterovirus. Além destas espécies podemos encontrar hospedeiras em mais sete famílias botânicas (Aizoaceae, Amaranthaceae, Apocynaceae, Asteraceae, Chenopodiaceae, Plumbaginaceae, Solanaceae).

Sintomas: Os sintomas causados pelo ToCV e outros membros da família Closteroviridae muitas vezes se confundem com problemas nutricionais, desordens fisiológicas ou mesmo efeito fitotóxico de produtos aplicados nas plantas. Normalmente apresenta um mosqueado clorótico irregular que se desenvolve inicialmente nas folhas baixeiras e gradualmente vai avançando até chegar ao ponteiro da planta atacada. Os sintomas muitas vezes são imperceptíveis em flores e frutos. Outro sintoma característico é o enrolamento das folhas baixeiras (semelhante ao sintoma do PLRV) formando o chamado “pinheirinho”. Os sintomas podem variar de acordo com o clima e a variedade plantada.

Importância: No Brasil há regiões produtoras de batata que se tornou impossível o plantio (perda de 100%) Cristalina, GO. O principal problema é que este vírus pode ser transmitido por pelo menos quatro espécies de mosca-branca (Trialeurodes vaporariorum, T. abutilonea, Bemisia tabaci biótipo A e B). Muitas vezes o controle do vetor é feito de maneira ineficaz e permite a perpetuação de inóculo e posterior infecção.

Ocorrência: Ocorre nas regiões temperadas, na Europa (França, Grécia, Itália, Portugal, Marrocos, Espanha), Ásia (China), África (África do Sul), América do Norte (EUA), América Central e Caribe (Porto Rico), América do Sul (Brasil: BA, GO, MG, ES, RJ, SP, PR, SC).

Transmissão: a mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B - MEAM-1), limitando o plantio em determinadas regiões. A aquisição do vírus ocorre durante a alimentação do inseto nos elementos crivados do floema de plantas infectadas, sendo do tipo semi persistente.

Manejo: Os métodos de controle a serem tomados para uma redução do problema com estas viroses emergentes são, antes do plantio:
• Utilização de material de propagação (batata-semente) comprovadamente sadia, lembrando que a IN 32 não exige a certificação para os vírus transmitidos por mosca-branca, cabe ao produtor procurar laboratórios e verificar a sanidade da sua semente;
• Verificar restos de cultura ou reboleiras de material que possam servir como fonte de infecção destes vírus, ao encontrar: eliminar e destruí-los;
• Evitar o plantio perto de áreas com outras plantas da mesma família (Solanaceae), tomate, berinjela, giló ou de áreas de plantio de soja, planta que facilita sua reprodução;
• Determinar o histórico da área/região de plantio, ou seja, saber o que se planta ou será plantado pelos produtores vizinhos e verificar se são culturas onde sabidamente estes insetos se desenvolvem ou se infectam, como por exemplo: soja, tomate, berinjela ou mesmo plantios antigos de batata;
• Determinar a direção de ventos dominantes, parece insignificante, mas é importantíssimo pois temos um inseto que faz vôos curtos mas pode viajar quilômetros levado pelo vento. Sempre plantar na direção do vento, inicialmente, os campos de produção de semente. Posteriormente, distribuir os campos em ordem de importância (G1, G2, G3, consumo), de preferência em uma área afastada e protegida;
• Verificar sempre as bordaduras, evitar as plantas hospedeiras alternativas (Quadro 2) e manter sempre as plantas bem controladas, utilizando os produtos recomendados;
• Utilizar barreiras físicas como: sorgo, milho, crotalária, etc. Plantar em torno de 5 linhas adensadas para funcionar como uma parede vegetal, sempre monitorando;
• Evitar o plantio de plantas de batata muito adensadas prejudicando a pulverização e monitoramento dos vetores;
• Evitar o plantio escalonado. Senão for possível, sempre levar em consideração o fato de realizar os tratamentos nas plantas mais jovens (protegendo-as) e sucessivamente continuar em direção às plantas mais velhas;
• Empregar armadilhas para o monitoramento da chegada de insetos (armadilhas adesivas amarelas, armadilhas do tipo bandeja d’água amarela) e observar a flutuação de insetos semanalmente, sabendo-se das condições climáticas pode-se estimar um maior ou menor fluxo de insetos, moscas-brancas preferem temperaturas elevadas depois de um período com umidade;
• Monitorar semanalmente os insetos na planta: em uma área de 5 ha caminhar em zigue-zague e amostrar 100 plantas ao acaso (antes disto, determinar com a ajuda de um técnico níveis de controle para suas pragas em específico);
• Utilizar sempre os inseticidas de maneira consciente, ou seja, com a dose recomendada e realizando um rodízio de princípios ativos e modos de ação, evitando a resistência precoce dos produtos;
• Empregar outros métodos alternativos, tais como parasitóides para lagartas, fungos entomopatogênicos para mosca-branca e coleópteros, ácaros predadores para as formas imaturas de insetos, inclusive mosca-branca, enfim, encontram-se a disposição diversas formas para complementar seu manejo, minimizando inclusive o uso de inseticidas;
• Trabalhar sempre em comunicação com seus vizinhos, a colaboração e troca de informações é essencial para um controle mais efetivo;
• Implementar um Manejo Integrado de Pragas.

Referência consultada

BARRETO, S. S. et al. 2013. A study of weeds as potential inoculum sources for a tomato- infecting begomovirus in central Brazil. Phytopathology 103:436-444.

DUFFUS, J. E., LIU, H.-Y., AND WISLER, G. C. 1994. Tomato infectious chlorosis virus - A new clostero-like virus transmitted by Trialeurodes vaporariorum. Eur. J. Plant Pathol. 102:219-226.

NAVAS-CASTILLO, J., CAMERO, R., BUENO, M., MORIONES, E., 2000. Severe yellowing out- breaks in tomato in Spain associated with infections of Tomato chlorosis virus. Plant Dis. 84, 835–837.

OEPP/EPPO, Tomato chlorosis virus. Bulletin OEPP/EPPO Bulletin 35, 439–441, 2005.

SALAS, F.J.S.; TOFOLI, J.G. (Eds.) Cultura da batata: pragas e doenças. São Paulo: Instituto Biológico, 2017. 241 p.: il.


WISLER, G. C. et al. 1996. A new, whitefly-transmitted virus infecting tomato from Florida. (Abstr.) Phytopathology, 86:S71-S72.

WISLER, G. C. et al.1998. Tomato chlorosis virus: A new whitefly-transmitted, phloem-limited, bipartite closterovirus of tomato. Phytopathology 88:402-409.

Autores: Fernando Javier Sanhueza Salas; Thiago Pap., CPSV, Instituto Biológico
E-mail: fernando.salas@sp.gov.br

 
Publicado em: 20/10/2017
Atualizado em: 20/10/2017
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