Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Mofo cinzento (Botrytis spp.)

Nome comum: Mofo cinzento (Botrytis spp.)

Hospedeiros: rosa, alstromeria, amarilis, violeta, petúnia, azaléia, cravo, crisântemo, ciclâmen, orquídeas, aráceas, poinsétia, gerânio, gérbera, hortênsia, impatiens, begônias, dália, lisianto, fuchsia, híbiscus, prímula, ranunculus, lantana, kalanchoe, gardênia, gloxínia, lírio, tulipa, gladíolo, caladium, campânula, coreopsis, gipsofila, helianthus, flox, verbena, viola, dracena, afelandra, cissus, hedera, filodrendon, exacum, áster, zinia, girassol, coleus, miosótis, cinerária, camélia, calendula, calceolaria, calathea, azálea, ageratum, angélica, anêmona, gardênia, íris, magnólia, lupinus, narciso, peperômia, verbena, vinca, lírio do amazonas, pílea, liliáceas, tulipa.

Etiologia
O mofo cinzento é uma doença de ocorrência generalizada no cultivo de plantas ornamentais. Comum em cultivo protegido, a doença também pode alcançar níveis consideráveis em campo aberto e câmaras de armazenamento. Essa doença causa prejuízos estéticos, qualitativos e quantitativos e pode estar associada a diferentes espécies do gênero Botrytis. A espécie Botrytis cinerea é a mais comumente relatada, estando associada a várias culturas (Quadro 1). O gênero Botrytis produz abundante crescimento acinzentado sobre os tecidos afetados, composto por hifas e conidióforos ramificados que possuem no ápice conídios unicelulares, ovóides, incolores ou acinzentados. Os conídios são liberados em condições climáticas úmidas e são transportados por correntes de ar. O fungo produz escleródios negros, duros e irregulares em tecidos infectados ou mortos pela doença. Os escleródios podem produzir conídios e hifas infectivas que podem penetrar diretamente no hospedeiro. Em condições especificas os escleródios podem também produzir apotécios dos quais se originam os ascósporos. Botryotinia spp é considerada a fase teleomórfica desse gênero e, até o momento, não existe nenhum relato de sua ocorrência no Brasil.
O patógeno pode sobreviver no solo associado à matéria orgânica ou na forma de escleródios. Após a germinação de escleródios em plantas doentes, ou em restos de plantas infectadas, o fungo produz conídios que são dispersos para novos hospedeiros. A germinação dos conídios é favorecida por temperaturas de 22 a 25º C e umidade relativa em torno de 90 a 100 %.
Após a penetração o patógeno coloniza rapidamente os tecidos e apresenta ampla esporulação dando origem a outros ciclos da doença. Para que o fungo possa infectar seus hospedeiros são necessárias temperaturas amenas (16-23°C), alta umidade e ventilação deficiente. Temperaturas superiores a 25˚C retardam a infecção e o desenvolvimento da doença. Raramente o fungo infecta diretamente os tecidos vigorosos e em desenvolvimento. Geralmente esse coloniza primeiramente tecidos mortos, senescentes ou enfraquecidos, que servem como uma fonte exógena de energia para que o patógeno possa se estabelecer, reproduzir e assim iniciar a colonização de tecidos sadios. O fungo também pode causar prejuízos consideráveis em flores armazenadas em câmaras frias com temperaturas na faixa de 0 a 10° C. De maneira geral, essas plantas já vêm do campo com lesões latentes da doença que se manifestam durante o transporte e comercialização desses produtos.

Sintomas
Nas plantas ornamentais o mofo cinzento afeta principalmente as flores, porém também pode causar manchas foliares, apodrecimento de brotos, tombamento em plântulas, cancros em caules, pecíolos e hastes, bem como, podridões em bulbos, colmos, rizomas, tubérculos e raízes. Apesar dos sintomas do mofo cinzento variar em função do hospedeiro e do órgão afetado, esses são quase sempre caracterizados pela descoloração dos tecidos, pelo aspecto úmido e necrótico das lesões e pela presença de um crescimento cotonoso acinzentado (conídios e conidióforos) sobre as áreas afetadas. Em folhas, as manchas apresentam coloração pardo-acinzentada, com tamanhos e formatos variáveis, podendo ou não exibir halos concêntricos. Em algumas situações observa-se a seca e necrose de pontas e bordas de folhas.
Nas flores, os sintomas podem variar desde pequenas manchas descoloridas e úmidas, lesões necróticas até a destruição completa das pétalas. Em condições muito favoráveis a doença pode invadir o pedúnculo comprometendo e danificando toda a estrutura floral.
Nos caules e hastes, a doença apresenta-se na forma de manchas marrons que geralmente originam-se em torno dos pecíolos das folhas e pedúnculos atacados. Em tubérculos, ramos, colmos, raízes e bulbos o fungo pode causar manchas, cancros, lesões e apodrecimento de tecidos. O tombamento em plântulas pode ser observado em diversas espécies. Geralmente, são caracterizados pelo aparecimento de lesões úmidas na linha do solo que comprometem o desenvolvimento das mesmas, ou causam a sua morte.

Importância: A doença pode afetar seriamente as plantas ornamentais tornando-as impróprias para o mercado.

Ocorrência: O mofo cinzento ocorre em todas as regiões produtoras do Centro-Sul, sendo mais comum no outono-inverno e na primavera.

Manejo
O manejo das doenças causadas pelo Gênero Botrytis em plantas ornamentais deve integrar estratégias como:

• Uso de sementes sadias e mudas sadias.

• A semeadura deve ser realizada em substratos leves, bem drenados, férteis e livres de patógenos. A desinfestação do substrato antes do plantio com vapor ou produtos químicos registrados é recomendável.

• Evitar o plantio em solos pesados e o uso excessivo de fertilizantes, principalmente os nitrogenados. Os solos pesados favorecem a retenção da umidade, enquanto que o amplo crescimento vegetativo origina tecidos tenros e mais suscetíveis a infecção.

• Evitar a semeadura, transplante e disposição de vasos de forma adensada. O adensamento dificulta a circulação do ar entre as plantas e favorece o acumulo de umidade nas plantas.

• Eliminar e destruir flores, folhas, hastes, bulbos e tubérculos doentes.

• Irrigações devem ser realizadas no período da manhã de forma que a folhagem seque até o final do dia. O uso de irrigação localizada pode reduzir a ocorrência da doença. Em períodos críticos as irrigações devem ser suprimidas.

• Evitar ferimentos às plantas durante os tratos culturais. Os ferimentos são portas de entrada para o patógeno.

• Em cultivo protegido realizar o manejo correto das cortinas visando evitar o acúmulo de umidade no interior das estufas. Utilizar plásticos de cobertura que reflitam os raios UV e assim se diminua a esporulação do patógeno. Promover a limpeza completa de toda estrutura entre um ciclo em outro.

• O armazenamento de flores deve ser realizado logo após a colheita. O material deve ser completamente sadio, livre de manchas e ferimentos. A área de armazenamento deve ser limpa, fresca, seca e sem umidade livre nas paredes, teto e piso.

• A aplicação de fungicidas para o controle do mofo cinzento deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, intervalos de segurança, uso de equipamento de proteção individual (EPI) etc.. Em áreas com histórico da doença o uso de fungicidas deve ser preventivo e iniciado assim que as condições meteorológicas sejam favoráveis. A aplicação do produto deve propiciar cobertura uniforme das plantas e deve atingir flores e frutos, na parte interna da folhagem. Os fungicidas podem causar queima das flores em algumas plantas ornamentais. Para que esse problema possa ser evitado recomenda-se que os produtos não sejam aplicados nas horas mais quentes do dia e que se evite a deposição direta do produto sobre as mesmas. O gênero Botrytis apresenta vários relatos de ocorrência de resistência a fungicidas das classes benzimidazóis e dicarboximidas. Para que se evite essa possibilidade recomenda-se: o uso intercalado de fungicidas com diferentes mecanismos de ação; limitar o número de aplicações de fungicidas com risco de selecionar raças resistentes no decorrer do cultivo; evitar que esses produtos sejam aplicados em períodos críticos. Os fungicidas oficialmente registrados no Brasil para o controle do mofo cinzento em plantas ornamentais encontram-se descritos no AGROFIT (http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

Referênciaconsultada

AGRIOS, G.N. Plant Pathology (5 ed). Elsevier Academic Press. 2005. 919 p.

ALEXANDRE, M.A.V.; TOFOLI, J.G.; ALMEIDA, I.M.G.; OLIVEIRA, C.M. G. Doenças das plantas ornamentais In:AMORIN, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de Fipatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. São Paulo: Ceres, 2016. v. 2. 772 p.

TÖFOLI; J.G.; COUTINHO L.N.; FERRARI, J.T.; DOMINGUES; R.J.. In: ALEXANDRE, M.A.V.; DUARTE, L. M. L. ; CAMPOS, A.E.C. Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas. São Paulo: Devir, 2017. 599p.

TÖFOLI; J.G.; FERRARI, J.T.; DOMINGUES; R.J.; NOGUEIRA; E.M.C. Botrytis sp. em espécies hortícolas: hospedeiros, sintomas e manejo. Biológico, 73 (1):11-20, 2011.

Autores: Jesus Guerino Töfoli; Josiane T. Ferrari; Ricardo José Domingues, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br

 
Publicado em: 26/02/2019
Atualizado em: 26/02/2019
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