Hospedeiro: Sinningia speciosa (gloxínia, Brazilian gloxinia), Gesneriaceae
Etiologia: De acordo com as normas atuais, estabelecidas pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, o gênero Orthotospovirus (antigo Tospovirus) pertence à família Tospoviridae, ordem Bunyavirales. O gênero engloba 18 espécies definitivas, das quais pelo menos duas, Tomato spotted wild virus (TSWV) e Impatiens necrotic spot virus (INSV), infectam a planta ornamental conhecida como gloxinia. As partículas virais, observadas ao microscópio eletrônico, apresentam morfologia arredondada (pleiomórfica) com cerca de 90 nm de diâmetro com envelope composto por glicoproteínas e lipídeos. O genoma é constituído por 3 RNAs (“Small”, “Medium” e “Large”), fita simples, ambi-sense. Os orthotospovírus são transmitidos de maneira circulativa/propagativa, por diversas espécies de tripes (Thrips sp. e Frankliniella sp.), nos quais se replicam. Porém, a aquisição do vírus ocorre ainda na fase larval e a transmissão ocorre por toda a vida do inseto. O gênero Orthotospovirus possui grande diversidade de espécies que infectam uma vasta gama de hospedeiros, incluindo olerícolas, plantas ornamentais e da vegetação espontânea.
Sintomas: Plantas de gloxinia naturalmente infectadas por espécies de Orthotospovirus apresentam inicialmente manchas e anéis cloróticos, que posteriormente evoluem para necrose acompanhando as nervuras, deformação das folhas, e dependendo da intensidade dos sintomas pode levar a planta à morte. Flores também podem apresentar sintomas.
Importância: Plantas do gênero Sinningia ocorrem nos campos rupestres brasileiros e englobam diversas espécies melhoradas geneticamente que apresentam grande valor ornamental, devido às flores muito coloridas e vistosas. Quando os sintomas induzidos por espécies de Orthotospovirus são drásticos podem inviabilizar a sua comercialização, porém, não há dados sobre perdas econômicas nessa ornamental, no Brasil.
Ocorrência: Em gloxínia há relatos de infecção por TSWV ou INSV em vários países como Estados Unidos da América, Bósnia e Herzegovina e Turquia. No Brasil, há um relato de infecção natural por uma espécie ainda não determinada.
Manejo: O vírus é eficientemente transmitido de plantas infectadas para sadias por tripes que podem permanecer em hospedeiras alternativas, como plantas da vegetação espontânea ou restos de cultura. Assim, é importante diminuir a fonte de inóculo, eliminando as plantas sintomáticas, incinerando-as. O controle do vetor com inseticidas não é muito eficaz, mas vale a pena monitorar a população de tripes adultos com armadilhas adesivas.
Referência consultada
ALEXANDRE, M.A.V; DUARTE, L.M.L.; CAMPOS, A.E.C. (ed). Plantas Ornamentais: doenças e pragas. 2ª edição, São Paulo, Brasil. 2017. 599p.
DAUGHTREY, M.L.; WICK, R.L.; PETERSON, J.L. Compendium of flowering potted plant Diseases. USA. 2006. 99p.)
Autores: M. Amélia V. Alexandre; Duarte, L.M.L.
Lab. de Fitovirologia e Fisiopatologia,
CPSV, Instituto Biológico
E-mail: maria.alexandre@sp.gov.br