Sábado, 20 de Abril de 2024
Mancha de Alternaria (Alternaria spp.)

Mancha de Alternaria, Alternariose (Alternaria spp.)

Hospedeiros: Repolho, brócolis, couve de Bruxelas, couve, couve-flor, couve-chinesa, rabanete e nabo.

Etiologia: causada por fungos do gênero Alternaria, a Alternariose causa danos estéticos que podem comprometer o desenvolvimento e a comercialização da maioria das brássicas cultivadas. As espécies: Alternaria brassicae (Berk.) Sacc.e Alternaria brassicicola (Schwein.) Wiltshire são encontradas com maior frequência em brócolis, repolho, couve de Bruxelas, couve, couve-flor e couve-chinesa, enquanto que A. raphani J. W. Groves & Sholko (Sin. A. japonica Yoshii) é mais comum em rabanete e nabo.
Alternaria spp. pertence ao Reino Fungi, Filo Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Ordem Pleosporales, Familia Pleoporaceae. São micro-organismos necrotróficos, ou seja, além do hospedeiro podem sobreviver como saprófitas em restos de cultura, associados à matéria orgânica do solo ou ainda na forma de estruturas de resistência denominadas clamidósporos.
Quando as condições climáticas são favoráveis a doença os agentes causais presentes em hospedeiros, associados a matéria orgânica ou provenientes da germinação de clamidósporos esporulam profusamente, e são disseminados pelo campopela ação de ventos ou respingos de água de chuva ou irrigação. Em contato com hospedeiros suscetíveis os conídios germinam e os infectam, podendo em seguida originar vários ciclos da doença.
A introdução da doença em novas áreas de cultivo ocorre principalmente através do uso de sementes e mudas infestadas.
A mancha de Alternaria é favorecida por temperaturas que variam de 20 a 30°C e alta umidade relativa. Para que ocorra a infecção há necessidade de, pelo menos, nove horas de molhamento foliar. Plantas estressadas por déficit hídrico e deficiência nutricional tendem a ser mais suscetíveis a infecção.

Sintomas: durante a fase de sementeira, além de causar necroses nos cotilédones, a doença pode ocasionar o tombamento de plântulas e a queda no vigor das mudas. Em plantas em desenvolvimento e adultas os sintomas em folhas são caracterizados por lesões circulares ou ovaladas, com tamanho variável, sendo essas facilmente identificadas pela presença de anéis concêntricos e halos amarelos ao redor das mesmas. Em condições favoráveis a doença as lesões podem apresentar-se recobertas por um crescimento negro formado por conídios dos fungos. Ataques severos da doença podem ocasionar também perfurações foliares, coalescimento de lesões, desfolha generalizada, bem como a presença de manchas necróticas escuras no caule e nas inflorescências de brócolis e couve flor. Ataques durante a fase de florescimento e formação de vagens podem comprometer a formação e a qualidade das sementes.

Ocorrência: a doença é encontrada em todas as regiões produtoras de brássicas no país.

Manejo: o manejo de doenças fúngicas em brássicas deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos, promover a sustentabilidade da produção e promover a saudabilidade dos alimentos. Entre os fatores a serem considerados em programas de produção integrada destacam-se:

Local de plantio: evitar o plantio em sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas. Com o objetivo de evitar a disseminação da doença deve-se evitar a instalação de novos cultivos próximos a áreas em final de ciclo.

Sementes e mudas sadias: o uso de sementes e mudas sadias é fundamental para a obtenção de cultivos com baixos níveis de doença e alto potencial produtivo. Além disso, é uma das medidas mais efetivas para evitar a entrada de doenças na propriedade. Para o preparo de mudas é recomendado o uso de substrato, bandejas, bancadas e água de irrigação livres de patógenos e a adoção de práticas que evitem o acúmulo de umidade no ambiente de cultivo tais como: irrigação equilibrada e o favorecimento da circulação de ar no ambiente de estufas.

Rotação de culturas: com o objetivo de reduzir o potencial de inóculo nas áreas de cultivo recomenda-se evitar o plantio sucessivo de brássicas no mesmo local. O intervalo mínimo entre plantios não deve ser inferior a 2 a 3 anos para doenças foliares como a mancha deAlternaria.

Espaçamento: deve-se evitar plantios adensados por permitirem o acúmulo de umidade e favorecerem a má circulação de ar entre as plantas, fatores que criam um microclima favorável ao desenvolvimento da doença.

Adubação equilibrada: o uso de adubação equilibrada baseada na análise de solo é importante para a obtenção de plantas vigorosas e mais resistentes a doenças. Níveis adequados de nitrogênio e magnésio podem reduzir a ocorrência da doença.
A incorporação de adubos verdes no solo promove o aumento da matéria orgânica e favorece o desenvolvimento de uma microflora benéfica que, ao competir por alimento e espaço, pode reduzir a população de patógenos no solo. Além disso, a decomposição dos adubos verdes libera dióxido de carbono que reduz a capacidade competitiva de vários fungos.

Manejo correto das plantas invasoras: além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, as invasoras dificultam a dissipação da umidade e a circulação de ar na folhagem. Além disso, algumas dessas plantas podem ser hospedeiras intermediárias de vários patógenos.

Irrigação controlada: evitar longos períodos de molhamento foliar é essencial para o manejo da mancha de Alternaria em brássicas. Para tanto, deve-se: priorizar o uso de irrigação localizada, evitar irrigações noturnas ou em finais de tarde, assim como, minimizar o tempo e reduzir a frequência das regas em períodos favoráveis a doença. Além de reduzir a umidade na superfície foliar, a adoção de irrigação localizada pode evitar que ocorra dispersão de inoculo por todocultivo.

Eliminar e destruir restos culturais e plantas voluntárias: a prática visa principalmente eliminar possíveis fontes de inóculo através de descarte ou incorporação ao solo dos restos culturais e plantas voluntárias visando a sua rápida decomposição.

Fungicidas: o emprego de fungicidas registrados em brássicas pode ser feito através do tratamento de sementes e pulverizações nas fases de produção de mudas e cultivo no campo. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens.
A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados, com o objetivo de proporcionar a melhor cobertura possível da cultura.
Os fungicidas com modo de ação específico devem ser utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos. O uso repetitivo de fungicidas específicos com o mesmo mecanismo de ação deve ser evitado no decorrer da mesma safra. Essas medidas visam reduzir o risco de ocorrência de resistência.
Os fungicidas com registro para o controle da mancha de Alternaria em brássicas podem ser consultados no portal AGROFIT http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons

Referência consultada

MARINGONI AC. SILVA JR., T.A.F. Doenças das Brássicas.In: AMORIM L; REZENDE JAM. BERGAMIN FILHO A; CAMARGO LEA; (EDS). Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo: Agronômica Ceres 2: 2016, p.315-324.

KOIKE, S.T.; GLADDERS, P.; PAULUS, A.O. Vegetable diseases: a colour handbook. St. Paul: APS, 2007. 448p.

TÖFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J. Alternaria spp. em oleráceas: sintomas, etiologia, manejo e fungicidas. Biológico, São Paulo, v.77, n.1, p.21-34, jan./jun., 2015.

TOFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J. Doenças fúngicas em brássicas. PROSAF. Instituto Biológico. http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/files/pdf/prosaf/apostilas/doencas_fungicas_brassicas.pdf

Autores: Jesus G. Töfoli, Ricardo J Domingues, CPSV, Instituto Biológico
Email: jesus.tofoli@sp.gov.br

 
Publicado em: 08/05/2020
Atualizado em: 08/05/2020
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