Sábado, 20 de Abril de 2024
Vira cabeça (TSWV) (Tomato spotted wilt orthotospovirus )

Hospedeiro: Lactuca sativa (alface), Asteraceae.

Agente causal: Tomato spotted wilt orthotospovirus (TSWV), groundnut ringspot orthotospovirus (GRSV), tomato chlorotic spot orthotospovirus (TCSV).

Etiologia: Atualmente, o complexo de espécies de vírus associado ao “vira-cabeça” pertence ao Domínio Riboviria, Filo Negarnaviricota, Classe Ellioviricetes, Ordem Bunyavirales, Família Tospoviridae, Gênero Orthotospovirus (antigo Tospovirus). As partículas virais são arredondadas, com diâmetro entre 90 e 120 nm, constituídas por um envelope de glicoproteínas (de origem viral) e lipídeos (proveniente da célula hospedeira), que envolve os três nucleocapsídeos. Três moléculas de RNA de fita simples constituem o genoma dos tospovírus: S RNA (Small RNA), M RNA (Medium RNA) e L RNA (Large RNA), que codificam as proteínas virais que desempenham diferentes papéis no ciclo biológico do vírus, incluindo a patogênese.

Os tripes do gênero Frankliniella (Frankliniella occidentalis e F. schultzei) são os principais responsáveis pela transmissão dos tospovírus em alface no Brasil. A transmissão ocorre de maneira persistente, circulativa propagativa, ou seja, as partículas virais, após a aquisição, circulam pelo aparelho digestório e hemolinfa dos tripes, antes de atingirem as glândulas salivares, para então serem transmitidas. Além disso, o vírus se replica no interior do inseto vetor. O tripes tornam-se vetores de tospovírus somente quando se alimentam em plantas infectadas durante as duas primeiras fases larvais (formas jovens). Um tripes será incapaz de transmitir as partículas de tospovírus caso se alimente de plantas infectadas durante a sua fase adulta.

Sintomas: Plantas de alface infectadas apresentam atrofia e má formação de cabeça, deformação foliar, necrose generalizada, com consequente morte da planta.

Importância: Os tospovírus infectam uma ampla gama de hospedeiras, incluindo olerícolas, plantas ornamentais e plantas da vegetação espontânea, principalmente das famílias Asteraceae e Solanaceae. Em alface, pode causar perdas de 80 a 100% da produção.

Ocorrência: Os tospovírus ocorrem de maneira generalizada nas áreas de cultivo de alface em todo território brasileiro.

Manejo: A principal medida de controle é o uso de variedades resistentes. Porém, na ausência de variedades de alface resistentes, recomenda-se como manejo a eliminação de restos culturais e a evasão de áreas com alta população de tripes. Em áreas cultivadas é recomendado controlar as altas infestações de plantas da vegetação espontânea, que podem atuar como reservatórios dos tospovírus e também hospedar colônias de tripes; evitar o plantio próximo de cultivos de plantas ornamentais e associar a aplicação de inseticidas de forma preventiva, principalmente nos períodos quentes e secos (veranicos prolongados na estação chuvosa ou em condições de baixas temperaturas associadas à estiagem), desde o plantio das mudas, evitando assim a explosão populacional de tripes e, consequentemente, a dispersão do vírus no campo.

Referência consultada

CHAVES, A.L.R. et al. Ação destrutiva: vira-cabeça em asteráceas. Cultivar – Hortaliças e Frutas, v. Outubro-Novembro, ano XV, número 106, p. 22-25, 2017.

COLARICCIO, A.; EIRAS, M.; CHAVES, A.L.R. Doenças causadas por vírus. In: COLARICCIO, A.; CHAVES, A.L.R. (Organizadores). Aspectos Fitossanitários da Cultura da Alface. Boletim Técnico número 29. São Paulo: Instituto Biológico. Julho, 2017. p.47-66.

COLARICCIO, A. et al. Diversidade de tospovírus em diferentes regiões produtoras de olerícolas no Estado de São Paulo. Summa Phytopathologica, v. 27, n.2, p. 251-253, 2001.

COLARICCIO, A. et al. Tomato chlorotic spot virus in hydroponically-grown lettuce in São Paulo State, Brazil. Fitopatologia Brasileira, v. 29, p. 307-311, 2004.

PAPPU, H. R.; JONES, R. A.; JAIN, R. K. Global status of tospovirus epidemics in diverse cropping systems: successes achieved and challenges ahead. Virus Res, v. 141, p. 219-236, 2009.

ROTEMBERG, D. et al. Thrips transmission of Tospovirus. Current Opinion in Virology, v. 15, p. 80-89, 2015.

Autores: Addolorata Colariccio, Alexandre Levi Rodrigues Alves, Marcelo Eiras, Lab. de Fitovirologia e Fisiopatologia, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: addolorata.colariccio@sp.gov.br

 
Publicado em: 13/05/2020
Atualizado em: 13/05/2020
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   12.395