Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Morte descendente, podridão seca, cancro dos ramos (Lasiodiplodia theobromae )

Hospedeiro: Annona muricata L. (Graviola)

Nome comum do patógeno: morte descendente, podridão seca, cancro dos ramos.

Etiologia: o fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl. (sin. Botryodiplodia theobromae Pat.) (SUTTON, 1980) pertence ao Reino Fungi, Filo Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Ordem Botryosphaeriales, Familia Botryosphaeriaceae.
Lasidiplodia theobromae produz picnídios simples ou agregados, imersos no hospedeiro, erupentes quando maduros, marrom escuros, uniloculares de paredes finas ou espessas. Os conidióforos são hialinos, simples ou ramificados e cilíndricos. Os conídios são geralmente subovoides com ápices arredondados e base afinada e truncada com paredes espessas, hialinos e sem septos no início, tornando-se marrom escuros e com um septo.
O fungo sobrevive nos tecidos vegetais vivos ou mortos, e penetra na planta por meio de aberturas naturais, principalmente ferimentos provocados por insetos, pássaros e práticas culturais. É disseminado pelo vento, insetos e instrumentos de poda. Temperaturas em torno de 28°C, umidade relativa próxima de 60% e precipitação pluviométrica de 15 mm favorecem o seu desenvolvimento.
A sua sobrevivência em forma endofítica (colonizando os tecidos internos do vegetal, sem produzir danos) em sementes de graviola, dificulta o controle da doença e serve de meio para dispersão do patógeno.

Sintomas: L. theobromae provoca dois tipos de sintomas descritos a seguir:
Podridão seca – estes sintomas aparecem em flores, botões florais, frutos, ramos e galhos de gravioleira, pinheira, atemoleira e cherimoleira de qualquer idade. Uma vez penetrado no interior do tecido, o fungo progride rapidamente, provocando manchas pretas em frutos desenvolvidos e causando seca, queda de flores e de frutos jovens. Nas flores e frutos novos, a doença provoca seca, morte e queda. Nos frutos desenvolvidos, o fungo penetra por aberturas naturais entre os frutilhos, pelo pedúnculo ou por ferimentos causados por pragas ou por outros tipos de ferimentos. Ao atingir a polpa do fruto, o fungo desenvolve-se rapidamente, causando o escurecimento de toda a superfície do fruto.
Em mudas e plantas adultas - a doença inicia-se causando um escurecimento no ponto de ligação do enxerto com o porta-enxerto. Em seguida, a doença progride no sentido ascendente e/ ou descendente entre o câmbio e a casca, causando o escurecimento da casca. Em plantas adultas, a doença, inicia-se nos ramos superiores e progride do ápice para a base até atingir o tronco e o coleto da planta. Os sintomas caracterizam-se por exsudato preto nas axilas de ramos ou no tronco, onde podem aparecer rachaduras e escurecimento do tecido sob a casca e posteriormente depressões na casca. Em estádios mais avançados da doença, ocorre o secamento e morte da planta. Plantas infectadas, entretanto, exibem os sintomas mais intensamente quando sob estresse hídrico.

Importância econômica: Como o fungo pode atingir a polpa do fruto e causar o escurecimento de toda a superfície do fruto, torna-se imprestável para o consumo, pois a polpa torna-se dura, escura e com sabor desagradável. A sua capacidade de infectar frutos coloca-o dentre os mais eficientes patógenos disseminados por meio de sementes e causadores de problemas pós-colheita.

Ocorrência - Atualmente, L. theobromae é um patógeno cosmopolita, ocorrendo em todos os continentes e descrito em várias espécies, além da graviola e outras anonáceas, provoca doenças em mais de 500 hospedeiros no mundo: abacate (Persea americana), acerola (Malpighia emarginata), cacau (Theobromae cacao L.), coqueiro (Cocos nucifera L.), cajueiro (Anacardium occidentale L.), guaranazeiro (Paullinia cupana L.), mangueira (Mangifera indica L.) entre outras.


Manejo

As medidas são preventivas, adotando várias práticas:
- controle cultural como as podas de limpeza, retirando os ramos secos e protegendo os ferimentos das plantas podadas com uma pasta cúprica;
- desinfestação das ferramentas de poda com uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) diluída em água corrente na proporção de 1:3;
- eliminação dos restos de cultura;
- erradicação de todas as plantas mortas ou que apresentem a doença em estádio avançado;
- controle dos insetos que possam causar ferimentos às plantas; - evitar o estresse hídrico (falta ou excesso de água) e nutricional do vegetal, especialmente, no tocante ao cálcio (Ca), pois a deficiência deste elemento torna o patógeno mais agressivo.
- imersão de sementes de gravioleira em solução aquosa de hipoclorito de sódio a 1,0%, seguida de tratamento térmico inibem a sobrevivência de Lasiodiplodia theobromae.

Referência consultada

CARDOSO, J.E. et al. Detecção e controle de Lasiodiplodia theobromae em sementes de graviola (Anonna muricata L.). Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 27, Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. 22 p.

FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, U.S. National Fungus Collections, ARS, USDA.
Disponível:  https://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/
Acesso em 17/06/2020

FREIRE, F.C.O. Novos hospedeiros do fungo Lasiodiplodia theobromae no Estado do Ceará (Comunicado Técnico 91), Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. 6 p.

JUNQUEIRA, N.T.V.; JUNQUEIRA, K,P. Principais doenças de anonáceas no brasil:descrição e controle. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 36, edição especial, p. 055-064, Jan. 2014. https://doi.org/10.1590/S0100-29452014000500006

MYCOBANK DATABASE - Lasiodiplodia theobromae
Disponível em http://www.mycobank.org/name/Lasiodiplodia%20theobromae
Acesso em 16/06/2020

CABI- Invasive Species Compendium , Lasiodiplodia theobromae (diplodia pod rot of cocoa) 
Disponível: https://www.cabi.org/isc/datasheet/40844
Acesso em 18/06/2020

PUNITHALINGAM, E. Botryodioplodia theobromae. CMI Descriptions of Pathogenic Fungi and Bacteria, Farnham Royal, n. 519, p. 1-3, 1976.

SANTOS, A. A.; CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Fungos associados a semente de gravioleira e de ateira no Estado do Ceará.(Boletim de Pesquisa, 33), Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2000. 11 p.

Autor: Josiane Takassaki Ferrari, Jesus G. Töfoli; Ricardo J Domingues, LDFH, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: josiane.ferrari@sp.gov.br

 
Publicado em: 19/06/2020
Atualizado em: 19/06/2020
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