Nome científico: Corcyra cephalonica (Stainton, 1863) (Lepidoptera, Pyralidae).

Nome popular: Traça do arroz e do amendoim

Hospedeiros principais: Arroz (Oryza sativa), Amendoim (Arachis hypogaea), trigo (Triticum aestivum), sorgo (Sorghum bicolor), café (Coffea arabica).

As pragas primárias dos grãos e produtos armazenados são aquelas que têm maior importância econômica, porque conseguem atacar grãos inteiros e sadios. São divididas em primárias internas e primárias externas. As primárias internas completam seu ciclo evolutivo no interior dos grãos e algumas espécies podem romper a película protetora do grão para ovipositar. A larva eclode e se desenvolve até a fase adulta dentro do grão. Outras depositam seus ovos externamente e após a eclosão, as larvas perfuram e penetram no grão onde se desenvolvem até a fase adulta, quando saem para o exterior. Exemplos dessas pragas são as espécies Sitophilus zeamais (gorgulho ou caruncho do milho), Sitophilus oryzae (gorgulho ou caruncho do arroz), Araecerus fasciculatus (caruncho do café), Rhyzopertha dominica (besourinho dos cereais), Acanthoscelides obtectus e Zabrotes subfasciatus (caruncho do feijão).
As pragas primárias externas destroem o exterior dos grãos para depois atacar a parte interna para se alimentar, sem, contudo, se desenvolver no interior dele. Neste grupo temos como exemplo Plodia interpunctella (traça dos cereais), Corcyra cephalonica (traça do arroz e amendoim) e Lasioderma serricorne (besourinho do fumo).
C. cephalonica é comumente encontrada em regiões tropicais e subtropicais, infestando diversas culturas e produtos, tais como arroz, amendoim, café, trigo, sorgo, produtos industrializados (frutos secos, chocolate, farinhas, biscoitos, especiarias), nozes, leguminosas e outros cereais.

Descrição: Os adultos desta espécie têm coloração marrom clara, medem 19 mm de envergadura por 9 mm de comprimento (Figuras 01 e 02). As fêmeas possuem o abdome bem mais volumoso que os machos e colocam seus ovos em pequenos grupos ou dispersos, tanto nos grãos como na sacaria e nas paredes. O número médio da postura é de 180 ovos por fêmea e o número de estádios larvais é de 07 para os machos e 08 para as fêmeas. O ciclo ovo-adulto é variável de acordo com as condições climáticas girando em torno dos 58 dias.
Logo após a eclosão dos ovos, as lagartas bastante ativas, procuram o alimento, abrindo galerias nos grãos trincados ou fendidos e nos grãos inteiros na parte do embrião que é mais frágil. No arroz, a praga se comporta de forma externa, não entrando no interior das sementes.
C. cephalonica, dentre outras traças da família Pyralidae, tais como as dos gêneros Ephestia e Plodia, podem também atacar o café armazenado causando enormes prejuízos, principalmente na qualidade do produto devido a presença de larvas, casulos, teias e excrementos que deixam nas sacarias. Como essas traças tem maior facilidade de proliferar em grãos de cereais e amendoim, a presença desses grãos deve ser evitada nos armazéns de café.

Referência consultada

ATHIÉ, I.; PAULA, D. C. Insetos de Grãos Armazenados Aspectos Biológicos e Identificação. Varela, 2° edição, p. 28-34, 2002.

CAMPOS, T.B.DE; ZORZENON, F.J. Pragas dos Grãos e Produtos Armazenados, 47p., 2006.

DOBIE, P. et al. Insects and arachnids of tropical stored products, their biology and identification: a training manual. UK, Tropical Development and Research Institute, 1984. 273p.

GALLO, D. et al. 2002. Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, 920p.

LOECK, A. E. Pragas de Produtos Armazenados. Pelotas, RS, EGUFPEL, 113p., 2002.

LORINI, I. Manejo integrado de pragas de grãos de cereais armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2008. 72p.

LORINI, I. et al. Manejo Integrado de Pragas de Grãos e Sementes Armazenadas, 2015.

MUNRO, J. W. Pests of Stored Products. London, The Rentokil Library, 1966, 234p. In: Athié, I.; Paula, D. C. Insetos de Grãos Armazenados Aspectos Biológicos e Identificação. Varela, 2° edição, p. 28-34, 2002.

VELASQUEZ, C. A.; TRIVELLI, H. D. Distribucion y importância de los insectos que dañan granos y productos almacenados em Chile. Santiago, Chile, Instituto de Investigaciones Agropecuárias (FAO), 1983, 67p.

Autores: Francisco José Zorzenon, Marcos Roberto Potenza, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: francisco.zorzenon@sp.gov.br