Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024
Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum)

Hospedeiro: crisântemo (Chrysanthemum x morifolium)

Agente causal: Fusarium oxysporum

ETIOLOGIA

Fungo bastante importante por prejudicar a cultura devido às perdas consideráveis na produção (podem ultrapassar a faixa de 80%), Fusarium oxysporum pode ser observado nas diversas regiões produtoras, como Rio Grande do Sul e São Paulo. Fusarium é um morfo-gênero, ou seja, compõe um grupo de fungos que compartilham características morfológicas específicas, como formação de macroconídios em esporodóquio, de microconídios em fiálides, e, em situações desfavoráveis, de clamidósporos em restos culturais ou no solo. O primeiro relato de murcha causada por Fusarium em crisântemo ocorreu em 1939 por Brown. As espécies pertencentes ao gênero são amplamente distribuídas no solo, restos culturais, substratos orgânicos e tecidos de plantas e animais, sendo comuns em diferentes zonas climáticas do planeta, desde florestas tropicais aos ecossistemas temperados, com distribuição influenciada pela temperatura e chuvas. A murcha causada por Fusarium spp. na cultura do crisântemo pode ocasionar perdas bastante significativas, ano após ano, principalmente devido a presença do fungo no material de propagação, sua persistência no solo através das estruturas de resistência denominadas clamidósporos e a dificuldade de controle do fungo quando estabelecido no solo. Convém salientar que os clamidospóros podem permanecer viáveis por mais de 20 anos. As altas temperaturas no interior das estufas e a ocorrência de umidade no inverno também podem favorecer o desenvolvimento do patógeno e a infecção das hastes, principalmente na fase do florescimento.
O patógeno pode ser disperso via estacas infectadas, que são a fonte principal de inóculo; via solo infestado, devido às partículas infectadas ficarem aderidas aos equipamentos de cultivo e calçados/roupas do agricultor e via água de irrigação. Sua penetração na planta pode ser de maneira direta ou por ferimento. Depois de ocorrida a infecção, o fungo se estabelece no sistema vascular da planta dificultando a absorção de água e nutrientes.

SINTOMAS

Os sintomas da murcha de Fusarium também podem variar de acordo com a interação do cultivar com as temperaturas de solo e do ar. Geralmente, os sintomas consistem na clorose da folha, murcha, descoloração vascular, necrose da haste e retardamento do crescimento. Em alguns cultivares os sintomas aparecem no ápice da planta, enquanto que em outros os sintomas aparecem na parte basal progredindo para cima, como é o caso da maioria das murchas causadas por Fusarium oxysporum.
Os primeiro sintomas da doença iniciam-se com aproximadamente oito dias após a infecção, ocorrendo murcha irreversível, iniciada nas folhas baixeiras e evoluindo para as folhas superiores, as quais ficam com coloração verde menos intensa seguida de amarelecimento. Os vasos do xilema ficam escurecidos comprometendo o transporte de seiva e os galhos ficam quebradiços, perdendo o seu valor comercial. A infecção, nem sempre ocasiona a morte das plantas, provocando, muitas vezes, uma significativa redução no crescimento e ainda, o aparecimento de folhas “queimadas” de cor marrom na parte basal das plantas.

IMPORTÂNCIA

O crisântemo (Chrysanthemum x morifolium) é uma planta ornamental que pertencente à família Asteraceae, sendo que a maioria das espécies que compõe as linhagens atuais é originária dos países asiáticos, em especial da China. No Brasil, o cultivo de crisântemo teve início há cerca de 70 anos e está entre as principais plantas ornamentais produzidas e comercializadas no país, sendo que o consumo ocorre durante todo o ano, mas com picos em épocas, como finados, dias das mães e dos namorados. No Estado de São Paulo é comercializado em três grandes pólos: CEAGESP (São Paulo), CEASA (Campinas) e Veiling (Holambra), tanto como flor de corte quanto de vaso. Também no Rio Grande do Sul, tem sido uma alternativa de renda, principalmente, para os pequenos produtores cujas áreas, por serem pequenas, são aptas para o cultivo em ambiente protegido. Embora não sendo uma cultura muito exigente no que se refere às condições de cultivo, a produção pode ser limitada devido à ocorrência de doenças causadas, principalmente, por fungos de solo, como: Verticillium spp., Sclerotinia sclerotiorum, Rizoctonia solani e Fusarium spp. sendo esses de difícil controle, especialmente pelas limitações ecológicas no uso de esterilização química do solo. A infecção por estes patógenos pode afetar a qualidade visual, diminuir o tempo de prateleira e o volume de produção do crisântemo.

MANEJO E CONTROLE

Drenagem do terreno, eliminação de plantas doentes, limpeza do terreno, aquisição de mudas sadias, plantio em aéreas com baixa densidade do patógeno, substrato supressivo e uso de antagonistas, entre outras. Em áreas com o patógeno, uma possível alternativa para o seu controle é a associação entre as medidas de limpeza do ambiente com o uso de substrato supressivo.

REFERÊNCIA CONSULTADA

GRUSZYNSKI, C. Produção comercial de crisântemos: vaso, corte e jardim. Guaíba: Agropecuária, 2001. 166 p

MENEZES, J. P. Trichoderma spp. como bioprotetor de crisântemo e reação de cultivares de crisântemo a Fusarium oxysporum f. sp. chrysanthemi. 2003. 77 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

PINTO, Z. V. Desenvolvimento de substrato supressivo à murcha do crisântemo causada por Fusarium oxysporum. 2008. 123 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu.

PINTO, Z.V.; BETTIOL, W. Supressividade de substratos à Fusarium oxysporum para a produção de crisântemo. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 31, n. 2, p. 219-220, 2006.

STEFANELO, D. R. Doses, ambiente e forma de infecção causada por Fusarium solani f. sp. chrysanthemi em crisântemo (Dendranthema grandiflora) cv. calabria e seu controle por Trichoderma virens. 2004. 80 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

TEIXEIRA, A. J. A cultura do crisântemo de corte. EMATER-RIO, Nova Friburgo, 2004. 42p. Disponível em: http://www.espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/frutas/A_cultura_do_crisantemo_de_corte.pdf.
Acesso em: 02 jul. 2020.

Autores: Ingridi Ariel M. Costa*; Christiane Ceriani Aparecido, CPSV, Instituto Biológico *Bolsista IC/PIBIC/CNPq.
E-mail: christiane.aparecido@sp.gov.br

 
Publicado em: 03/07/2020
Atualizado em: 03/07/2020
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