Terça-Feira, 16 de Abril de 2024
TSWV (tomato spotted wild virus )

Patógeno: tomato spotted wild virus (TSWV)

Hospedeiros: Dahlia variabilis (dália) e espécies da família Asteraceae, entre outras

Etiologia: O tomato spotted wild virus (TSWV) pertence ao gênero Orthotospovirus (antigo Tospovirus), família Tospoviridae, ordem Bunyavirales e é uma das espécies que causam a doença conhecida como vira-cabeça. O gênero engloba 26 espécies definitivas, das quais pelo menos duas, Tomato spotted wild virus (TSWV) e Impatiens necrotic spot virus (INSV), infectam a planta ornamental conhecida como dália. As partículas virais, observadas ao microscópio eletrônico, apresentam morfologia arredondada (pleiomórfica) com 80-110nm de diâmetro, com envelope composto por glicoproteínas (G1 e G2) e lipídeos. O genoma é constituído por 3 RNAs (“Small”, “Medium” e “Large”), fita simples, ambi-sense, exceto “Large” que é senso negativo. Os orthotospovírus são transmitidos exclusivamente por espécies de tripes (Thrips sp. e Frankliniella sp.), de maneira persistente propagativa, replicando-se nas células do inseto. Porém, a aquisição do vírus ocorre ainda na fase larval e a transmissão ocorre por toda a vida do inseto. O gênero Orthotospovirus possui grande diversidade de espécies que infectam uma vasta gama de hospedeiros, incluindo olerícolas, plantas ornamentais e da vegetação espontânea.

Sintomas: Plantas de dália naturalmente infectadas por TSWV apresentam sintomas foliares variados, como manchas cloróticas, anéis necróticos, mosaico e bronzeamento. Os sintomas variam dependendo da hospedeira/variedade, condições ambientes (especialmente temperatura), nutrientes presentes no solo e estádio de desenvolvimento da planta (idade).

Importância: Plantas do gênero Dahlia são nativas do México e são cultivadas desde o Império Asteca pelos índios da região, sendo introduzidas na Europa por volta do século XVIII. Atualmente, existem mais de 3.000 variedades naturais e híbridos, com diversas formas, cores, tamanhos e adaptadas a diferentes condições climáticas. Apesar de bastante antiga, novas espécies continuam sendo descritas em regiões do México. O vírus causa altereações fisiológicas no metabolismo da planta infectada, como acúmulo de escopoletina, produção da enzima fenoloxidase nos tecidos infectados e destruição de auxinas. Estas alterações podem interferir na morfologia da planta, inviabilizando a sua comercialização.

Ocorrência: No Brasil, o primeiro relato de infecção de vírus, associado à doença vira-cabeça, foi em 1966 por pesquisadores do Instituto Biológico: Silberschmidt & Loureiro. Posteriormente (2001), foi relatada infecção por TSWV em amostras de dália com manchas cloróticas importada dos EUA. No Japão, o TSWV induz perdas consideráveis na produção de dálias.

Manejo: O vírus é eficientemente transmitido, de plantas infectadas para sadias, por tripes que podem permanecer em hospedeiras alternativas, como plantas da vegetação espontânea, especialmente asteráceas e solanáceas com flores amarelas ou em restos de cultura. Assim, é importante diminuir a fonte de inóculo, eliminando as plantas sintomáticas por meio de incineração e eliminar o vetor com inseticidas, embora essa medida não seja muito eficaz. Além disso, como a reprodução da dália pode ocorrer por sementes e estacas, é fundamental o uso de material livre de vírus.

Referência consultada

ALBUOY, S. Dahlia. In: LOEBENSTEIN, G.; LAWSON, R.H.; BRUNT, A.A. Virus and virus-likediseases of bulb and flower crops. 1995. pp.265-273.

ALEXANDRE, M.A.V; DUARTE, L.M.L.; CAMPOS, A.E.C. (ed.) Plantas Ornamentais: doenças e pragas. 2a edição, São Paulo, Brasil. 2017. 599p.

ASANO, S.; HIRAYAMA, Y.; MATSUSHITA, Y. Distribution of Tomato spotted wilt virus in dahlia plants. Lett. Appl. Microbiol. 64(4): 297-303, 2017.

DAUGHTREY, M.L.; WICK, R.L.; PETERSON, J.L. Compendium of flowering potted plant Diseases. USA. 2006. 99p.

International Committee on Taxonomy of Viruses (2017)
Disponível em  https://talk.ictvonline.org/ictv-reports/ictv_online_report/positive-sense-rna-viruses/w/potyviridae.
Acesso: 16/07/2020

Autores: M. Amélia V. Alexandre, Lígia M. Lembo Duarte, Lab. de Fitovirologia e Fisiopatologia, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: maria.alexandre@sp.gov.br

 
Publicado em: 24/07/2020
Atualizado em: 24/07/2020
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