Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Míldio (Peronospora sparsa )

Patógeno: Míldio (Peronospora sparsa Berk)

Hospedeiro: Rosa spp. (roseira)

Etiologia: o oomiceto P. sparsa é um parasita obrigatório, ou seja, consegue sobreviver exclusivamente sobre um hospedeiro vivo, que afeta apenas membros da família Rosaceae, especialmente Rosa spp.. Possui micélio cenocítico intracelular, esporangióforos eretos, ramificados dicotomicamente e com ápices agudos, e apresentam, nas extremidades, esporângios subelípticos. Forma oósporos lisos ou marcados que podem ser observados no interior de tecidos doentes ou em decomposição, e são estruturas de resistência ou sobrevivência do patógeno. Mudas doentes, a ação de ventos e respingos de água de chuva e irrigação são as formas mais importantes de disseminação. O míldio é favorecido por temperaturas entre 5 e 22°C, associadas a alta umidade (acima de 85%), por um período mínimo de 24 a 36 horas. A presença de água livre na superfície das folhas, proveniente de neblina, orvalho, irrigação ou chuva, é decisiva para a evolução da doença, pois trata-se de uma condição necessária para que haja a germinação dos esporângios.

Sintomas: os sintomas podem ser observados sobre folhas, ramos, pedúnculos, cálices e pétalas das flores. Inicialmente observa-se a formação de manchas foliares de coloração parda a violácea na face superior e que apresentam um crescimento branco-acinzentado na face inferior, na região correspondente às manchas da parte superior, composto por estruturas reprodutivas do patógeno (esporângios e esporangióforos). Folhas afetadas tendem a enrolar, secar e cair, podendo haver desfolha completa das plantas. Sobre os ramos e pedúnculos, a doença se manifesta na forma de manchas púrpuras a negras que variam em tamanho e que podem coalescer provocando o secamento dos ramos. Os cálices e botões florais afetados apresentam manchas avermelhadas e que dificilmente atingem a fase de flor aberta.

Importância: o míldio apresenta rápido desenvolvimento e alto potencial destrutivo, podendo, sob ataques severos em cultivares muito sensíveis, causar a redução do desenvolvimento das plantas e do seu potencial de florescimento, provocando graves prejuízos ao produtor. Pode ser especialmente grave em áreas de baixadas e em cultivos protegidos, onde condições de alta umidade podem prevalecer por longos períodos.

Ocorrência: ocorre em praticamente todas as regiões do mundo onde cultivam-se rosas.

Manejo: O manejo do míldio deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos, promover a sustentabilidade da produção. Entre as medidas de controle a serem considerados destacam-se:

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas.

Uso de mudas sadias
O uso de mudas sadias é fundamental para a obtenção de cultivos vigorosos, com baixos níveis de doença e alto potencial produtivo. Além disso, é uma das medidas mais efetivas para evitar a entrada de pragas e doenças na propriedade. Para o preparo de mudas é recomendado o uso de substrato, caixas, bancadas e água de irrigação livres de patógenos.

Espaçamento
Deve-se evitar plantios adensados por permitirem o acúmulo de umidade e favorecerem a má circulação de ar entre as plantas, fatores que criam um microclima favorável ao desenvolvimento do míldio.

Cultivo em estufas
Realizar o manejo correto de cortinas e ventiladores no interior das estufas com o objetivo de evitar acúmulo de umidade em seu interior.

Adubação equilibrada
O uso de adubação equilibrada, baseada na análise de solo, é importante para a obtenção de plantas vigorosas e mais resistentes ao míldio. Há indícios de que o excesso de N favorece a ocorrência de míldio, enquanto que Si, Mn e Ca reduzem a doença.

Manejo correto das plantas invasoras
Além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, as invasoras dificultam a dissipação da umidade e a circulação de ar na folhagem.

Irrigação controlada
Evitar longos períodos de molhamento foliar é essencial para o manejo do míldio. Para tanto, deve-se: priorizar o uso de irrigação localizada, evitar irrigações noturnas ou em finais de tarde, assim como, minimizar o tempo e reduzir a frequência das regas em períodos favoráveis a doenças. Além de reduzir a umidade na superfície foliar, a adoção de irrigação localizada pode evitar que ocorra dispersão de inóculo por todo cultivo.

• Eliminar e destruir restos culturais e plantas doentes

Fungicidas
O emprego de fungicidas registrados para o controle de míldio junto ao MAPA pode ser feito através de pulverizações nas fases de produção de mudas e cultivo no campo. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens.
A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados, com o objetivo de proporcionar a melhor cobertura possível da cultura.
Os fungicidas com modo de ação específico devem ser utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos. O uso repetitivo de fungicidas específicos com o mesmo mecanismo de ação deve ser evitado no decorrer da mesma safra. Essas medidas visam reduzir o risco de ocorrência de resistência.

Referência Consultada

ALEXANDRE, M.A.V. et al. Doenças das Plantas Ornamentais. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 5. ed. Ouro Fino: Agronômica Ceres Ltda., 2016. Cap. 63. p. 603-624.

TÖFOLI, J.G.; COUTINHO, L.N.; DOMINGUES, R.J.; FERRARI, J.T. Doenças Fúngicas: Sintomatologia, etiologia e controle. In: Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas, 2ª ed. Devir: São Paulo, 600 p. Cap. 08, 2017.

Autores: Ricardo J. Domingues; Jesus G. Tofoli; Josiane Takassaki Ferrari CPSV, Instituto Biológico
E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

 
Publicado em: 30/09/2020
Atualizado em: 30/09/2020
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