Quinta-Feira, 28 de Março de 2024
Mofo branco, podridão de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum )

Patógeno: Mofo Branco, podridão de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum)

Hospedeiros: Repolho (Brassica oleracea var. capitata), Couve (Brassica oleracea), Couve-chinesa (Brassica rapa subsp pekinensis), Acelga–chinesa (Brassica rapa subsp. chinensis), Rúcula (Eruca vesicaria subsp. sativa), Agrião (Nasturtium officinale), Couve-de-Bruxelas (Brassica oleracea var. gemmifera), Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis), Brócolis (Brassica oleracea var. italica), Mostarda (Brassica juncea).

Etiologia: O fungo Sclerotinia sclerotiorum pertence Reino Fungi, Filo Ascomycota, Classe Leotiomycetes, Ordem Helotiales, Família Sclerotiniceae. Produz escleródios grandes (20-10 mm de diâmetro), inicialmente brancos e com o tempo tornam-se negros, lisos e com formato arredondado. Os escleródios podem germinar diretamente ou produzirem apotécios em condições específicas. Todas as brássicas cultivadas são suscetíveis ao mofo branco. A doença é favorecida por períodos úmidos e temperaturas que variam de 10 a 20° C, sendo mais severa após o fechamento da cultura.
Os escleródios permanecem no solo por longos períodos e atuam como inóculo primário da doença. Esses podem germinar diretamente originando um denso micélio branco que coloniza a superfície do solo em busca de plantas suscetíveis ou origina os apotécios. Os apotécios são corpos de frutificação onde são produzidos os ascósporos que ao serem ejetados e dispersos, entram em contato com o hospedeiro e, em condições favoráveis, dão início à novas infecções. Para que os ascósporos possam germinar e infectar são necessários longos períodos de molhamento foliar. A disseminação do patógeno pode ocorrer através de sementes, mudas, solos, substratos, bandejas, botas, ferramentas e implementos contaminados.
Além das brássicas, a doença pode afetar várias hortaliças pertencentes às famílias das asteráceas, apiáceas, aliáceas, solanáceas e plantas invasoras como: amendoim bravo (Euphorbia hetrophylla); caruru (Amaranthus deflexus), corda-de-viola (Ipomeae nil); poaia-do-campo (Borreria alata); fazendeiro (Galinsoga parviflora); guanxuma (Sida rhombifolia); picão-preto (Bidens pilosa) e maria mole (Senecio brasiliensis).

Sintomas: A doença afeta a base das plantas, causando o apodrecimento do caule e das folhas próximas ao solo. As plantas afetadas apresentam inicialmente sintoma de murcha progressiva, seguida de amarelecimento, redução no crescimento, colapso generalizado e morte. Em plantas de repolho, brócolis e couve-flor a doença pode causar o apodrecimento generalizado de cabeças e inflorescências. As lesões causadas pelo fungo apresentam aspecto úmido, coloração variada e quase sempre são recobertas por um denso micélio branco, onde se formam numerosos escleródios negros.
O controle do mofo branco é considerado difícil devido ao grande número de hospedeiros que a doença apresenta e a sua capacidade de sobreviver no solo por longos períodos na forma de escleródios.

Manejo: A adoção de estratégias conjuntas, relacionadas a práticas culturais, emprego de fungicidas e uso de agentes de controle biológico, são fundamentais para a sustentabilidade da cultura.

As principais medidas de controle para o manejo do mofo branco em brássicas são:

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas com histórico recente da doença. Evitar o plantio em solos pesados, úmidos e em baixadas.

Preparo do solo
Realizar aração profunda com o objetivo de eliminar possíveis áreas compactadas que favorecem o acumulo de umidade nas camadas superficiais do solo.

Mudas
Plantio de mudas sadias.

Espaçamento
Adotar espaçamento adequado de forma a permitir a circulação de ar entre as plantas e redução dos níveis de umidade nas folhas. O adensamento de plantas deve ser evitado em épocas favoráveis por criar microclima favorável a doença.

Adubação equilibrada
O excesso de nitrogênio gera tecidos tenros e folhagem densa, favorecendo o desenvolvimento do mofo branco. Níveis adequados de cálcio podem tornar os tecidos mais resistentes a infecção.

Rotação de cultura
Realizar rotação com culturas não suscetíveis como milho, aveia, milho-doce, sorgo, trigo ou pasto por períodos de 3 a 4 anos.

Controle de invasoras
Eliminar plantas voluntárias e plantas invasoras hospedeiras.

Irrigação equilibrada
Reduzir a irrigação em períodos críticos e favoráveis à doença. Esquematizar as regas de forma que as plantas possam estar mais secas no final do dia.

Restos de cultura
Eliminar e destruir restos de cultura com objetivo de reduzir fontes de inóculo.

Tratos culturais
Realizar as operações de cultivo e tratos culturais primeiramente nas áreas livres de doença e depois nas áreas com histórico da doença.

Solarização
A solarização com polietileno transparente por 60 dias no mínimo, é recomendada para o controle de S. sclerotiorum e outros patógenos de solo. A prática deve ser empregada durante o verão.

Equipamentos
Limpeza e desinfestação de ferramentas e implementos.

Cultivos hidropônicos
Limpeza e higienização de sistemas hidropônicos de agrião, rúcula e mostarda com solução a base de cloro.

Controle biológico
O controle biológico da doença pode ser realizado com formulações de Trichoderma spp. O micro-organismo pode ser aplicado na fase de produção de mudas e em pré-plantio e deve ser utilizado em combinação com outras estratégias de controle como a solarização para que se alcance bons níveis de controle. Produtos à base de Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtilis também tem sido recomendado para o controle de fungos de solo em várias culturas.

Fungicidas
Com exceção de fluazinam para as culturas de rúcula e agrião, não existem outros fungicidas registrados para o controle de mofo branco em brássicas. (AGROFIT http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons) Acesso 01.10.20


Referência consultada

AGROFIT. http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso: 29.09.20

KOIKE, S.T.; GLADDERS, P.; PAULUS, A.O. Vegetable Diseases: a colour handbook. St. Paul: APS. 2007. 448 p.

KRAUSE SAKATE, R.; PAVAN, M.A.; MOURA, M.E.; KUROZAWA, C. Doenças da Alface. In: AMORIM L; REZENDE JAM. BERGAMIN FILHO A; CAMARGO LEA; (EDS). Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo: Agronômica Ceres 2: 2016, p.33-40.

LOPES, C.A.; QUEZADO-DUVAL, A.M.; REIS, A. Doenças da alface. Brasília: Embrapa Hortaliças. 2010. 68p.

TOFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J. Doenças fúngicas em brássicas. PROSAF. Instituto Biológico. http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/files/pdf/prosaf/apostilas/doencas_fungicas_brassicas.pdf


Autores
: Jesus G. Töfoli, Ricardo J. Domingues, Josiane T. Ferrari. LDFH/CPSV, Instituto Biológico
Email: jesus.tofoli@sp.gov.br

 
Publicado em: 05/10/2020
Atualizado em: 05/10/2020
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   8.845