Quarta-Feira, 8 de Maio de 2024
Raízes rosadas (Setophoma terrestris)

Patógeno: Raízes rosadas (Setophoma terrestris)

Hospedeiros: Cebola (Allium cepa), Alho (Allium sativum), Cebolinha (Allium fistulosum), Cebolinha francesa (Allium schoenoprasum), Alho porró (Allium porrum), Nirá (Allium tuberosum)

Etiologia
Raízes rosadas em aliáceas é uma doença de solo que causa comprometimento do sistema radicular, redução no desenvolvimento das plantas e em casos extremos a morte de plantas. A doença é mais severa em épocas quentes, solos úmidos e áreas onde o cultivo é intensivo sem a adoção de rotação de cultura.
S. terrestris (sin. Pyrenochaeta terrestris) pertence ao Reino Fungi, Filo Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Ordem Pleosporales, Família Phaeosphaeriaceae. Caracteriza-se por formar picnídios globosos e subglobosos, imersos, estiolados, papilados, marrom escuro a negros, medindo 120-450 µm, podem ser isolados ou gregários, com setas pardo claras e escuras, com 1 a 5 septos, 8 a 120 µm de comprimento, poucas a numerosas. Os conídios são contínuos, ovoides, medindo 1,8-2,4 x 3,7-5,8 µm, escapam através do ostíolo na forma de uma massa gelatinosa denominada cirro. O micélio é septado e hialino. O fungo pode formar estruturas de resistência denominadas clamidósporos que podem perpetua-lo no solo por longos períodos.
S. terrestris sobrevive no solo associado à matéria orgânica ou restos de cultura na forma de picnídios e clamidósporos. A doença é favorecida por alta umidade no solo e temperaturas que variam de 24°C a 28°C. A maior ocorrência da doença é verificada quando o pH do solo fica próximo ou acima de 7. Em solos com baixa matéria orgânica ocorre maior intensidade da doença devido à menor competição microbiana.
A disseminação do patógeno se dá pela movimentação do solo, escorrimento da água de chuvas e irrigação e por implementos, ferramentas, caixas de colheita e botas contaminadas. Alguns isolados do fungo já foram descritos causando a podridão de raízes em culturas como pimenta, berinjela, tomate, pimentão, melancia, pepino, soja, cenoura, milho, trigo, algodão e outras.

Sintomas
A doença pode ser observada em qualquer fase de desenvolvimento da cultura, sendo mais comum em plantas adultas. As plantas atacadas apresentam sintomas semelhantes a deficiência nutricional ou estresse hídrico; menor número e tamanho de folhas, quase sempre secas nas pontas; queda de vigor (atrofia), são facilmente arrancadas do solo devido a fraqueza do sistema radicular e em algumas circunstancias podem morrer. As raízes apresentam inicialmente coloração rosa-pálido, logo em seguida tornam-se vermelhas, púrpuras e em estágios mais avançados evoluem para pardas ou castanha-escuras. Nesse estágio é comum observar significativa redução do sistema radicular, que pode ser de até 60 %. Durante a fase de produção de mudas a doença pode ocasionar a morte de plântulas ou gerar mudas subdesenvolvidas impróprias para o transplante. No campo a doença ocorre em reboleiras distribuídas ao acaso.

Manejo

Para o manejo das raízes rosadas em aliáceas recomenda-se a adoção de medidas integradas como:

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas com histórico recente da doença. Realizar o plantio em solos leves e drenados, evitando baixadas e áreas sujeitas ao acúmulo de umidade.

Preparo do solo
Realizar aração profunda com o objetivo de enterrar escleródios e eliminar possíveis áreas compactadas que favorecem o acúmulo de umidade nas camadas superficiais do solo. A adoção de canteiros elevados também pode reduzir a umidade na superfície do solo, desfavorecendo a ocorrência do mofo branco.

Plantio de sementes e mudas sadias
A medida visa principalmente evitar a entrada em áreas isentas do patógeno.

Cultivares resistentes
Quando possível optar por cultivares de cebola e cebolinha que apresentem algum grau resistência ou tolerância à doença.
Cebola: Montesina F1, Barreiro, Baia Periforme, Red Creole, Granex, Nomad, Duster, Campo Limpo, Imperatriz.
Cebolinha: White Spear

Adubação equilibrada
Realizar a adubação com base na análise do solo visando a obtenção de plantas sadias e vigorosas. Plantas fracas e subdesenvolvidas são mais suscetíveis a doença.

pH do solo
A correção do solo para pH entre 5,5 e 6,0 propicia às aliáceas maior tolerância ao ataque de S. terrestris. A cobertura de solo reduz o estresse hídrico, o encharcamento e as flutuações de temperatura, ocorrendo menores condições de infecção.

Rotação de cultura
Evitar o plantio sucessivo de aliáceas. Realizar rotação de cultura com cultivos de melão, alfafa, aipo, feijão, abóbora-menina, alface e beterraba, por períodos de 3 a 5 anos. A adubação verde além de reciclar nutrientes, aumenta a biodiversidade microbiana no solo, favorecendo a competição com o patógeno.

Irrigação
As regas devem ser equilibradas de forma a evitar excesso de umidade no solo e a disseminação do patógeno através do escoamento de água na superfície do solo.

Práticas culturais
Realizar as operações de cultivo e tratos culturais primeiramente nas áreas livres de doença e depois nas áreas com histórico da doença. Evitar ferimentos as raízes durante o transplante e tratos culturais.

Solarização
A solarização com polietileno transparente por 60 dias no mínimo, é recomendada para o controle de S. terrestris e outros patógenos de solo. A prática deve ser empregada durante o verão.

Limpeza e desinfestação dos implementos
A medida visa principalmente desinfestar tratores (rodas), ferramentas e implementos com o objetivo de evitar a disseminação do agente causal.

Fungicidas
Não existem fungicidas para o controle de raízes rosadas em aliáceas

Referência consultadas

SCHWARTZ H. F. ; MOHAN S.K . Pink root. In: SCHWARTZ H. F. ; MOHAN S.K . Compendium of onion and garlic diseases and pests. St. Paul: APS Press, 2016. p. 18-20. KOIKE, S.T.; GLADDERS, P.; PAULUS, A.O. Vegetable diseases: a colour handbook. St. Paul: APS, 2007. 448p.

MASSOLA JÚNIOR, N. Si; JESUS JÚNIOR, W. C; KRAUSE-SAKATE, R; PAVAN, M.A.; FRARE, V.C.; MITUTI, T. In: AMORIM L; REZENDE JAM. BERGAMIN FILHO A; CAMARGO LEA; (EDS). Doenças do alho e da cebola. Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo: Agronômica Ceres 2: 2016, p. 63-73.

PEREIRA, B. R.; OLIVEIRA, R. V.; PINHEIRO, B. J. Diagnose e manejo de doenças fúngicas na cebola. Embrapa, Brasília, 2014. 20 p.
Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1007653/1/CT133.pdf. Acesso em: 11 de agosto de 2020.

Autores: Jesus G. Töfoli, Ricardo J. Domingues, Josiane T. Ferrari. CPSV, Instituto Biológico
E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br

 
Publicado em: 09/10/2020
Atualizado em: 09/10/2020
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