Terça-Feira, 16 de Abril de 2024
CoSMV (Costus stripe mosaic virus)

Patógeno: Costus stripe mosaic virus, Potyvirus, Potyviridae

Hospedeiro: Costus spiralis (“spiral ginger”, cana-de-macaco ou cana-do-brejo), Costaceae

Etiologia: Costus stripe mosaic virus é um vírus isolado originalmente de plantas de Costus spiralis, descrito em 2020 pela equipe de pesquisadores do Laboratório de Fitovirologia e Fisiopatologia do Instituto Biológico (LFF/IB). Diante desse fato, foi proposto ao International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) como sendo uma nova espécie de vírus de planta. Pertence ao gênero Potyvirus que concentra o maior número de espécies descritas dentre os doze gêneros da família Potyviridae. Os vírions de Costus stripe mosaic virus (CoSMV) são visualizados, ao microscópio eletrônico de transmissão, como partículas alongado-flexuosas, com tamanho variando entre 680 a 900nm de comprimento. Cortes ultrafinos de tecido infectado evidenciam corpos de inclusão citoplasmáticos típicos aos induzidos pela infecção por potyvírus. O genoma é constituído por um RNA de fita simples, senso positivo, que possui uma grande ORF composta por 9.446 nucleotídeos, tendo a proteína VPg ligada na extremidade 5’ e uma cauda poli-A na extremidade 3’. Durante o processo de replicação na célula, a poliproteina com 3.046 aminoácidos (aa) é autoclivada, liberando 10 proteínas funcionais (P1, HC-Pro, P3, 6K1, CI, 6K2, VPg, NIa, NIb e CP) e uma pequena ORF com 77 aa, conhecida como PIPO. Os potyvírus podem ser transmitidos por mais de 200 espécies de afídeos de modo não persistente, ou seja, durante as picadas de prova, realizadas em segundos. Porém, para o CoSMV, o vetor ainda é desconhecido. Em ensaios de transmissão, conduzidos em laboratório, os afídeos Aphis solanella, Myzus persicae e Uroleucon sonchi não se comportaram como vetores do CoSMV.

Sintomas: O CoSMV induz, em Costus spiralis, sintoma específico de mosaico verde escuro em faixas, ao longo das nervuras das folhas. De 15 espécies nativas e exóticas de Costus, mantidas na Coleção de Zingiberales ornamentais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), inoculadas mecanicamente, apenas C. spiralis e C. comosus apresentaram sintomas, um e três meses após a inoculação, respectivamente. O isolado de CoSMV também foi experimentalmente inoculado em espécies de plantas indicadoras, frequentemente usadas em laboratório, como Chenopodium giganteum, C. murale, C. quinoa (Amaranthaceae), Nicotiana benthamiana, N. clevelandii, N. debneyi, N. glutinosa, e Petunia hybrida (Solanaceae). Espécies taxonomicamente próximas à Costaceae como Strelitzia augusta (Strelitziaceae), Heliconia sp. (Heliconiaceae), Alpinia sp. (Zingiberaceae), Canna paniculata (Cannaceae), Musa sp. (Musaceae) e Dichorisandra thryrsiflora (Commelinaceae) também foram inoculadas. No entanto, todas apresentaram resultados negativos, ou seja, não foram infectadas.

Importância: Este é o primeiro relato de infecção por vírus, descrito em uma espécie perene do gênero Costus. Nativa da Mata Atlântica, plantas de Costus vêm sendo utilizadas em projetos paisagísticos, em diversos espaços públicos da cidade de São Paulo, devido à capacidade de produzir inflorescências vistosas e variadas em forma e cor, muito visitadas principalmente por beija-flores. Não foram observados sintomas nas flores e ainda não há relatos de danos em viveiros comerciais de produção de mudas de espécies de Costus.

Ocorrência: O CoSMV, por ser uma espécie de vírus recentemente descrita, apresenta o círculo de hospedeiros bastante restrito, sendo relatado em apenas duas espécies de Costus. Até o momento, plantas de Costus sintomáticas foram relatadas somente em composições paisagísticas na cidade de São Paulo.

Manejo: Como o vírus foi descrito recentemente (2020), as informações sobre práticas de manejo ou controle ainda são relativamente escassas. Como as espécies de Costus ornamentais são multiplicadas comercialmente de forma vegetativa, por meio de estacas, recomenda-se aos viveiristas a utilização de plantas matrizes sadias (assintomáticas) para a produção e consequente comercialização e distribuição de mudas.

Referência consultada

ALEXANDRE, M.A.V.; Duarte ET AL. Costus stripe mosaic virus, a tentative new member of the genus Potyvirus. Archives of Virology, 165(11), 2541-2548 (2020). DOI 10.1007/s00705-020-04788-z


Autores
: Maria Amélia V. Alexandre; Lígia M. L. Duarte; Alexandre L. R. Chaves Laboratório de Fitovirologia e Fisiopatologia (LFF), CPSV, Instituto Biológico.
E-mail: maria.alexandre@sp.gov.br

 
Publicado em: 15/12/2020
Atualizado em: 15/12/2020
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