Hospedeiro: Rosa spp. (roseira)
Patógeno: Oídio - Oidium leucoconium Desm. (Podosphaera pannosa (Wallr. Fr.) de Bary)
Etiologia: Podosphaera pannosa é um fungo biotrófico, teleomorfo, pertencente ao filo Ascomycota. O anamorfo Oidium leucoconium é mais comumente encontrado nos cultivos causando a doença conhecida como oídio. O patógeno forma um típico crescimento pulverulento branco que se desenvolve na superfície das folhas, caules e flores do hospedeiro. O. leucoconium não mata o hospedeiro, seu micélio se desenvolve apenas superficialmente retirando nutrientes das células epidérmicas através de estruturas especializadas denominadas haustórios. O fungo é facilmente disseminado pelo vento, insetos e respingos de água. Os conídios (esporos) germinam a 20 ºC e umidade relativa de 100 % em 2 a 4 horas, mas a germinação é reduzida quando existe uma película de água sobre as folhas. Em condições favoráveis, após 48 horas da germinação dos conídios o fungo inicia a formação dos conidióforos que darão origem a novos conídios.
Sintomas: o sintoma mais característico do oídio é a formação de um crescimento pulverulento, branco-acinzentado, composto por micélio e estruturas reprodutivas do fungo, que se desenvolve sobre folhas, brotos, gemas, ramos e botões florais. O. leucoconium se desenvolve bem em tecidos jovens sendo que os maduros apresentam-se mais resistentes. Quando incide em folhas jovens, estas podem se apresentar deformadas ou encarquilhadas e muitas vezes totalmente recobertas pelas estruturas do fungo. Com o tempo, as folhas podem apresentar áreas amareladas e necróticas, além de cair prematuramente.
Importância: provoca perdas econômicas significativas na produtividade, na qualidade e no valor comercial das flores por consumir seus nutrientes, pela redução da fotossíntese, pelo incremento da respiração e da transpiração. A doença é considerada devastadora em roseiras sob cultivo protegido.
Ocorrência: provavelmente é a doença fúngica mais comum em Rosa spp. Ocorre em praticamente todas as regiões do mundo onde cultiva-se rosas. Possui como principais hospedeiros os gêneros Rosa spp. e Prunus spp.
Manejo:
O manejo do oídio deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos e garantir a sustentabilidade dos cultivos.
Entre as medidas de controle a serem considerados destacam-se:
• Local de plantio
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas.
• Cultivares resistentes
O constante desenvolvimento de raças fisiológicas do patógeno tem se mostrado o maior desafio para a produção de cultivares resistentes. Variedades rasteiras, trepadeiras e híbridos arbustivos são consideradas suscetíveis, enquanto que rosas wichuraianas (arbustiva que pode também ser conduzida como trepadeira) apresentam algum nível de resistência.
• Espaçamento
Deve-se evitar plantios adensados que favorecem o acúmulo de umidade no cultivo por prejudicarem a circulação de ar entre as plantas, criando assim, um microclima favorável ao desenvolvimento do oídio.
• Cultivo em estufas
Os cultivos em estufas são considerados mais suscetíveis devido à ausência de chuvas e intempéries que acabam prejudicando o desenvolvimento do oídio. Realizar o manejo correto de cortinas e ventiladores no interior das estufas com o objetivo de evitar acúmulo de umidade em seu interior.
• Adubação equilibrada
O uso de adubação de forma equilibrada, baseada na análise de solo, é importante para a obtenção de plantas vigorosas e mais resistentes ao oídio. Excesso de N favorece a ocorrência da doença. Embora não seja considerado nutriente essencial para as plantas, a utilização de silício (Si) pode auxiliar na redução da severidade da doença através da indução de respostas de defesa.
• Manejo correto das plantas invasoras
Além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, as invasoras dificultam a dissipação da umidade e a circulação de ar na folhagem.
• Controle Químico
O emprego de fungicidas registrados para o controle de oídio junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pode ser feito através de pulverizações tanto na fase de produção de mudas como em cultivo no campo ou estufa. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens.
A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados para proporcionar a melhor cobertura possível do alvo. As pulverizações devem visar principalmente a proteção dos tecidos imaturos que são mais suscetíveis ao fungo. Em períodos de rápido crescimento, o intervalo entre as aplicações de produtos de contato deve ser reduzido para permitir a proteção dos tecidos mais jovens.
Os fungicidas com modo de ação específico devem ser utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos. O uso repetitivo de fungicidas específicos com o mesmo mecanismo de ação deve ser evitado visando reduzir o risco de ocorrência de resistência.
Referência Consultada
ALEXANDRE, M.A.V. et al. Doenças das Plantas Ornamentais. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 5. ed. Ouro Fino: Agronômica Ceres Ltda., 2016. Cap. 63. p. 603-624.
DOMÍNGUEZ-SERRANO, D. et al. 2016. La cenicilla del rosal (Podosphaera pannosa). Agrociencia, 50(7), 901-917.
Acesso em: 07 de abril de 2021
Fonte: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1405-31952016000700901&lng=es&tlng=es.
HORST, R.K.; CLOYD, R.A.. 2007. Compendium of Rose Diseases and Pests. Second Edition. The American Phytopathological Society. St. Paul, Minessota, USA. 96 p.
TÖFOLI, J.G. et al. Doenças Fúngicas: Sintomatologia, etiologia e controle. In: Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas, 2 ed. Devir: São Paulo, 600 p. Cap. 08, 2017.
Autores: Ricardo J. Domingues; Jesus G. Tofoli; Josiane Takassaki Ferrari,
Pesquisadores Científicos; Centro de Pesquisa de Sanidade Vegetal; Instituto Biológico/APTA/SAA.
E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br