Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Oídio (Oidium leucoconium (Podosphaera pannosa )

Hospedeiro: Rosa spp. (roseira)

Patógeno: Oídio - Oidium leucoconium Desm. (Podosphaera pannosa (Wallr. Fr.) de Bary)

Etiologia: Podosphaera pannosa é um fungo biotrófico, teleomorfo, pertencente ao filo Ascomycota. O anamorfo Oidium leucoconium é mais comumente encontrado nos cultivos causando a doença conhecida como oídio. O patógeno forma um típico crescimento pulverulento branco que se desenvolve na superfície das folhas, caules e flores do hospedeiro. O. leucoconium não mata o hospedeiro, seu micélio se desenvolve apenas superficialmente retirando nutrientes das células epidérmicas através de estruturas especializadas denominadas haustórios. O fungo é facilmente disseminado pelo vento, insetos e respingos de água. Os conídios (esporos) germinam a 20 ºC e umidade relativa de 100 % em 2 a 4 horas, mas a germinação é reduzida quando existe uma película de água sobre as folhas. Em condições favoráveis, após 48 horas da germinação dos conídios o fungo inicia a formação dos conidióforos que darão origem a novos conídios.

Sintomas: o sintoma mais característico do oídio é a formação de um crescimento pulverulento, branco-acinzentado, composto por micélio e estruturas reprodutivas do fungo, que se desenvolve sobre folhas, brotos, gemas, ramos e botões florais. O. leucoconium se desenvolve bem em tecidos jovens sendo que os maduros apresentam-se mais resistentes. Quando incide em folhas jovens, estas podem se apresentar deformadas ou encarquilhadas e muitas vezes totalmente recobertas pelas estruturas do fungo. Com o tempo, as folhas podem apresentar áreas amareladas e necróticas, além de cair prematuramente.

Importância: provoca perdas econômicas significativas na produtividade, na qualidade e no valor comercial das flores por consumir seus nutrientes, pela redução da fotossíntese, pelo incremento da respiração e da transpiração. A doença é considerada devastadora em roseiras sob cultivo protegido.

Ocorrência: provavelmente é a doença fúngica mais comum em Rosa spp. Ocorre em praticamente todas as regiões do mundo onde cultiva-se rosas. Possui como principais hospedeiros os gêneros Rosa spp. e Prunus spp.

Manejo: O manejo do oídio deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos e garantir a sustentabilidade dos cultivos.
Entre as medidas de controle a serem considerados destacam-se:

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas.

Cultivares resistentes
O constante desenvolvimento de raças fisiológicas do patógeno tem se mostrado o maior desafio para a produção de cultivares resistentes. Variedades rasteiras, trepadeiras e híbridos arbustivos são consideradas suscetíveis, enquanto que rosas wichuraianas (arbustiva que pode também ser conduzida como trepadeira) apresentam algum nível de resistência.

Espaçamento
Deve-se evitar plantios adensados que favorecem o acúmulo de umidade no cultivo por prejudicarem a circulação de ar entre as plantas, criando assim, um microclima favorável ao desenvolvimento do oídio.

Cultivo em estufas
Os cultivos em estufas são considerados mais suscetíveis devido à ausência de chuvas e intempéries que acabam prejudicando o desenvolvimento do oídio. Realizar o manejo correto de cortinas e ventiladores no interior das estufas com o objetivo de evitar acúmulo de umidade em seu interior.

Adubação equilibrada
O uso de adubação de forma equilibrada, baseada na análise de solo, é importante para a obtenção de plantas vigorosas e mais resistentes ao oídio. Excesso de N favorece a ocorrência da doença. Embora não seja considerado nutriente essencial para as plantas, a utilização de silício (Si) pode auxiliar na redução da severidade da doença através da indução de respostas de defesa.

Manejo correto das plantas invasoras
Além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, as invasoras dificultam a dissipação da umidade e a circulação de ar na folhagem.

Controle Químico
O emprego de fungicidas registrados para o controle de oídio junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pode ser feito através de pulverizações tanto na fase de produção de mudas como em cultivo no campo ou estufa. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens.
A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados para proporcionar a melhor cobertura possível do alvo. As pulverizações devem visar principalmente a proteção dos tecidos imaturos que são mais suscetíveis ao fungo. Em períodos de rápido crescimento, o intervalo entre as aplicações de produtos de contato deve ser reduzido para permitir a proteção dos tecidos mais jovens. Os fungicidas com modo de ação específico devem ser utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos. O uso repetitivo de fungicidas específicos com o mesmo mecanismo de ação deve ser evitado visando reduzir o risco de ocorrência de resistência.

Referência Consultada

ALEXANDRE, M.A.V. et al. Doenças das Plantas Ornamentais. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 5. ed. Ouro Fino: Agronômica Ceres Ltda., 2016. Cap. 63. p. 603-624.

DOMÍNGUEZ-SERRANO, D. et al.  2016. La cenicilla del rosal (Podosphaera pannosa). Agrociencia, 50(7), 901-917.
Acesso em: 07 de abril de 2021
Fonte: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1405-31952016000700901&lng=es&tlng=es.

HORST, R.K.; CLOYD, R.A.. 2007. Compendium of Rose Diseases and Pests. Second Edition. The American Phytopathological Society. St. Paul, Minessota, USA. 96 p.

TÖFOLI, J.G. et al. Doenças Fúngicas: Sintomatologia, etiologia e controle. In: Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas, 2 ed. Devir: São Paulo, 600 p. Cap. 08, 2017.

Autores: Ricardo J. Domingues; Jesus G. Tofoli; Josiane Takassaki Ferrari, Pesquisadores Científicos; Centro de Pesquisa de Sanidade Vegetal; Instituto Biológico/APTA/SAA.
E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

 
Publicado em: 22/04/2021
Atualizado em: 20/05/2021
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