Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Mofo cinzento (Botrytis cinerea )

Hospedeiro: Rosa spp. (roseira)

Patógeno: Botrytis cinerea Pers.:Fr.

Nome comum: Mofo Cinzento

Etiologia: Botrytis cinerea é um fungo necrotrófico, ou seja, cresce e se multiplica em tecidos mortos ou em restos culturais em decomposição na superfície do solo. O fungo produz abundante e característico crescimento acinzentado sobre os tecidos afetados, composto por hifas e conidióforos ramificados e que possuem no ápice conídios unicelulares, ovoides, incolores ou acinzentados. Em restos culturais deixados em canteiros de rosas cultivadas em estufas, verificou-se a produção de conídios por até 360 dias em pétalas, 150 em hastes e 240 em folhas. Os conídios são liberados em condições climáticas úmidas e são transportados por correntes de ar.
B. cinerea pode produzir estruturas de resistência denominadas escleródios, negros, duros e irregulares, em tecidos infectados ou mortos pela doença. Ao germinarem, os escleródios podem produzir conídios e hifas infectivas que podem penetrar diretamente o hospedeiro. Em condições específicas, os escleródios podem também produzir apotécios nos quais se formam os ascósporos, frutificação característica de Botryotinia fuckeliana (de Bary) Whetzel, considerada a fase teleomórfica do patógeno.
O mofo cinzento é favorecido por temperaturas amenas, alta umidade e ventilação limitada. A germinação dos conídios é favorecida por temperaturas de 22 a 25 ºC e umidade relativa em torno de 90 a 100 %. Para que ocorra o processo infeccioso, é necessária a ocorrência de temperaturas amenas (16-23°C) e alta umidade (90-100%), sendo facilitada por ventilação deficiente. Temperaturas superiores a 25˚C dificultam a infecção e desenvolvimento da doença.

Sintomas: o sintoma mais característico do mofo cinzento ocorre nos botões florais que muitas vezes nem chegam a abrir, tornando-se como mumificados e recobrindo-se por típico crescimento marrom acinzentado, composto por micélio e estruturas reprodutivas do fungo. No início, pequenas lesões podem ser observadas em pétalas infectadas que, em condições favoráveis, tornam-se necróticas e crescem em tamanho rapidamente destruindo as pétalas, os receptáculos e os pedicelos, resultando na falha de abertura das flores.
A doença reduz significativamente a qualidade pós colheita e o valor ornamental das rosas de corte. As pétalas das flores muitas vezes não exibem sintomas durante a colheita, no entanto, grande incidência de mofo cinzento é normalmente observada durante as fases de armazenamento e transporte até os mercados. Os danos causados pela doença em cultivo protegido são semelhantes aos observados em campo aberto. B. cinerea pode provocar a seca das hastes florais cortadas por ocasião da colheita ou dos ramos podados. Ramos novos também podem ser atacados na região dos nós e secar, caso sejam circundados pela lesão. Cancros podem se formar em hastes feridas durante os tratos culturais. Muito raramente ocorrem sintomas nas folhas, quando estes aparecem, apresentam-se como manchas irregulares marrons.

Importância: em Rosa spp., o mofo cinzento provoca perdas importantes nos locais dos cultivos pela destruição dos botões florais, mas os danos mais severos ocorrem nas condições frias, úmidas e com ausência de luz comuns durante o seu armazenamento e transporte, a partir de infecções não visíveis durante a colheita.

Ocorrência: B. cinerea é um fungo de ocorrência mundial, capaz de afetar uma ampla gama de hospedeiros desde espécies frutíferas até oleráceas, cereais, essências florestais e plantas ornamentais. A doença é comum em praticamente todas as regiões do mundo onde cultiva-se rosas.

Manejo: O manejo do mofo cinzento deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos e garantir a sustentabilidade dos cultivos. Entre as medidas de controle a serem considerados destacam-se:

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas.

Irrigações
Devem ser realizadas preferencialmente no período da manhã, de forma que a folhagem seque mais rapidamente. Em períodos críticos as irrigações devem ser suprimidas. Dar preferência a utilização de sistemas de irrigação localizada.

Tratos culturais
Evitar ferimentos nas plantas durante os tratos culturais. Os ferimentos servem como portas de entrada para o patógeno. Eliminar e destruir flores, folhas e hastes atacadas visando reduzir o inóculo na área.

Espaçamento
Deve-se evitar plantios adensados que favorecem o acúmulo de umidade no cultivo por prejudicarem a circulação de ar entre as plantas.

Cultivo em estufas
Realizar o manejo correto de cortinas e ventiladores no interior das estufas com o objetivo de evitar acúmulo de umidade em seu interior.

Adubação equilibrada
Utilizar a adubação de forma equilibrada, baseada na análise de solo. Excesso de N favorece o crescimento vegetativo e a ocorrência da doença.

Manejo correto das plantas invasoras
Além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, as invasoras dificultam a dissipação da umidade e a circulação de ar na folhagem.

Controle Químico
O emprego de fungicidas registrados para o controle do mofo cinzento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pode ser feito através de pulverizações tanto na fase de produção de mudas como em cultivo no campo ou estufa. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens.
A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados para proporcionar a melhor cobertura possível do alvo. As pulverizações devem visar principalmente a proteção dos tecidos imaturos que são mais suscetíveis ao mofo cinzento. Em períodos de rápido crescimento, o intervalo entre as aplicações de produtos de contato deve ser reduzido para permitir a proteção dos tecidos mais jovens.
Os fungicidas com modo de ação específico devem ser utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos. O uso repetitivo de fungicidas específicos com o mesmo mecanismo de ação deve ser evitado visando reduzir o risco de ocorrência de resistência.

Referência Consultada

ALEXANDRE, M.A.V. et al.  Doenças das Plantas Ornamentais. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 5. ed. Ouro Fino: Agronômica Ceres Ltda., 2016. Cap. 63. p. 603-624.

ARAÚJO, A.E. et al. Survival of Botrytis cinerea as mycelium in rose crop debris and as Sclerotia in soil. Fitopatologia Brasileira 30:516-521. 2005.

HORST, R.K.; CLOYD, R.A.. 2007. Compendium of Rose Diseases and Pests. Second Edition. The American Phytopathological Society. St. Paul, Minessota, USA. 96 p.

TÖFOLI, J.G. et al. Doenças Fúngicas: Sintomatologia, etiologia e controle. In: Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas, 2 ed. Devir: São Paulo, 600 p. Cap. 08, 2017.

Autores: Ricardo J. Domingues; Jesus G. Töfoli; Josiane Takassaki Ferrari, CPSV; Instituto Biológico
E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

 
Publicado em: 25/05/2021
Atualizado em: 25/05/2021
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