Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024
Cercosporiose (Rosisphaerella rosicola )

Hospedeiro: Rosa spp. (roseira)

Cercosporiose - Rosisphaerella rosicola (Pass.) U. Braun, C. Nakash., Videira & Crous (Sin. Passalora rosicola (Pass.) U. Braun; Sin. Cercospora rosicola Pass.)

Etiologia: R. rosicola produz conídios (esporos) subcilíndricos a obclavados, retos, com 0 a 3 septos e marrom claros, em conidióforos anfígenos, fasciculados, 0 a 2 septos e marrom acinzentados. Colônias em meio de cultura apresentam crescimento bastante lento (15 a 19 mm após 14 dias). Embora poucas pesquisas tenham sido realizadas com o objetivo de se estabelecer a relação entre as condições ambientais e a severidade da cercosporiose, verificou-se que a doença ocorre principalmente em períodos com temperaturas ao redor de 300C e umidade relativa elevada. Os conídios podem ser disseminados por respingos de água e pelo vento. Mudas doentes podem introduzir a doença em cultivos anteriormente sadios.

Sintomas: a doença ocorre principalmente nas folhas onde observa-se, inicialmente, o surgimento de pequenas manchas arredondadas, com centro acinzentado, bordas marrom arroxeadas e com diâmetro 1 a 4 mm. Em alguns casos, as manchas podem ser envolvidas por halos cloróticos. Com a evolução dos sintomas, as manchas coalescem e a necrose e o amarelecimento acabam tomando todo o limbo, provocando a queda prematura das folhas. Apesar de ser mais comum nas folhas, ramos, pedicelos, frutos e brácteas também podem ser afetados. Sob condições favoráveis pode ocorrer o desfolhamento total da planta. A doença pode ser confundida com a pinta preta e com a antracnose.

Importância: a cercosporiose é uma doença secundária na cultura da roseira, porém ataques severos podem provocar desfolhamento e enfraquecimento das plantas. Tornou-se mais importante na região sudeste dos Estados Unidos devido ao aumento do cultivo de variedades suscetíveis.

Ocorrência: R. rosicola é um patógeno específico de Rosa sp. A doença é comum em praticamente todas as regiões do mundo onde cultiva-se rosas.

Manejo: O manejo da cercosporiose deve ser baseado em programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias de controle, com os objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos e garantir a sustentabilidade dos cultivos. Entre as medidas de controle a serem considerados destacam-se:

Plantio de mudas sadias

Local de plantio
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas planas, ventiladas e bem drenadas.

Irrigações
Devem ser realizadas preferencialmente no período da manhã, de forma que a folhagem seque mais rapidamente. Em períodos críticos as irrigações devem ser suprimidas. Dar preferência a utilização de sistemas de irrigação localizada.

Espaçamento
Deve-se evitar plantios adensados que favorecem o acúmulo de umidade no cultivo por prejudicarem a circulação de ar entre as plantas.

Cultivo em estufas
Realizar o manejo correto de cortinas e ventiladores no interior das estufas com o objetivo de evitar acúmulo de umidade em seu interior.

Controle Químico
Fungicidas registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle de outras doenças fúngicas em roseira, podem apresentar eficácia também contra a cercosporiose. Os produtos com registro para controle da cercosporiose podem ser aplicados tanto na fase de produção de mudas como em cultivo no campo ou estufa. O uso desses produtos deve ser realizado dentro de programas de produção integrada e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, intervalo e número de aplicações, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), intervalo de segurança e descarte seguro de embalagens. A tecnologia de aplicação é fundamental para que os fungicidas alcancem a eficácia esperada. A aplicação inadequada pode comprometer e limitar a eficácia dos produtos. Desse modo, fatores como umidade relativa no momento da aplicação, tipo de bicos, volume de aplicação, pressão, altura da barra, velocidade, regulagem, calibração e manutenção dos equipamentos, devem ser considerados para proporcionar a melhor cobertura possível do alvo. As pulverizações devem visar principalmente a proteção dos tecidos imaturos que são mais suscetíveis ao mofo cinzento. Em períodos de rápido crescimento, o intervalo entre as aplicações de produtos de contato deve ser reduzido para permitir a proteção dos tecidos mais jovens.

Referência Consultada

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Acesso em: 25 jun 2021.

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Autores: Ricardo J. Domingues; Jesus G. Tofoli; Josiane Takassaki Ferrari, CPSV, Instituto Biológico
E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

 
Publicado em: 12/07/2021
Atualizado em: 12/07/2021
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