Autores: M. Amelia V. Alexandre; Ligia M. L. Duarte, Lab. de Fitovirologia e Fisiopatologia - CPDSV - Instituto Biológico. E-mail: maria.alexandre@sp.gov.br
Patógeno: Catharantus mosaic virus, Potyvirus, Potyviridae
Hospedeiros: Mandevilla spp. (dipladênia, jasmim brasileiro), Catharanthus roseus
(pervinca), Apocynaceae, Gentianales
Etiologia
O Catharanthus mosaic virus (CatMV) pertence ao gênero Potyvirus que é o maior
em número de espécies descritas e, juntamente com outros onze gêneros, estão classificados
na família Potyviridae. Ao microscópio eletrônico de transmissão, os vírions são visualizados
como partículas alongado-flexuosas com tamanho variando entre 680 à 900nm de
comprimento. O genoma é constituído por RNA de fita simples, senso positivo com
aproximadamente 9.700 nucleotídeos, dependendo da espécie. O genoma é monopartido,
com uma poliproteína que é clivada em 10 produtos (proteínas) e uma pequena ORF
chamada PIPO. Os potyvirus são transmitidos por afídeos de modo não persistente, ou seja,
podem ser transmitidos na picada de prova, em poucos segundos.
Sintomas
O CatMV induz em plantas de dipladênia: mosaico, deformação foliar, senescência
precoce de folhas e, algumas vezes, variegação nas flores coloridas. Os sintomas podem
variar dependendo do isolado do vírus, da espécie hospedeira e das condições ambientais,
entre outras causas.
Importância
Mandevilla (dipladênia) é uma trepadeira perene, rústica, muito difundida em
todo o mundo, por apresentar flores com diversas cores. Além de ornamental, a espécie M.
velutina tem sido usada na medicina popular em tratamento de processos inflamatórios e
acidentes com serpentes. O gênero, endêmico do continente americano, abrange mais de
170 espécies reportadas, sendo que 50 delas ocorrem no Brasil.
Ocorrência
Os potyvirus infectam um grande número de espécies, cultivadas ou selvagens,
no mundo todo. O CatMV foi descrito no Brasil, pela primeira vez, em 2011 infectando
naturalmente plantas de Catharantus roseus (Apocynaceae). Entretanto, o genoma completo
só foi determinado em 2015, na Austrália, em plantas de Welwitchia mirabilis
(Gimnosperma). O CatMV foi descrito também em pervinca nos Estados Unidos da América
(2015) e na Arabia Saudita em 2017. No Brasil, foram identificados 2 isolados diferentes em
Mandevilla sp. (CatMV-M1 e CatMV-M2), provenientes de municípios paulistas: Piracicaba,
Mogi das Cruzes e Limeira. Cabe ressaltar que esses isolados diferem entre si em relação a
transmissibilidade e a sequência gênica. O isolado M2 é transmitido mecanicamente e pelo
inseto-vetor (Myzus persicae).
Manejo
A aplicação de inseticidas no controle do vírus no campo não é uma medida
eficiente, uma vez que os potyvirus são transmitidos por afídeos de modo não persistente, ou
seja, na picada de prova. Assim, recomenda-se o manejo da cultura, eliminando-se as
plantas infectadas, culturas velhas e plantas daninhas que devem ser incineradas. Como a
Mandevilla é propagada vegetativamente é recomendável o uso de mudas livres de vírus.
Referência consultada
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Palavras chave: Mandevilla spp., Catharanthus roseus
Como citar
Alexandre, M.A.V.; Duarte, L.M.L. Dipladênia, jasmim brasileiro e pervinca (Mandevilla spp., Catharanthus
roseus): Catharanthus mosaic virus
(Catharanthus mosaic virus (CatMV)). In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em:http://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=242&Vlt=2.
Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.