Autores:
Eliana
B. Rivas; Samantha Zanotta; Larissa B.C. Vasconcelos, 1Lab.
de Diagnóstico Fitopatológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Sanidade Vegetal, Instituto Biológico.
E-mail:
eliana.rivas@sp.gov.br
Nome
comum:
vírus do mosaico do cymbidium.
Nome
Científico:
Cymbidium
mosaic virus
(CymMV), gênero Potexvirus,
família Alphaflexiviridae.
Sinonímias:
Cymbidium black streak virus, Orchid mosaic virus.
Hospedeiros:
Vanilla
sp. e outros 55 gêneros de orquídeas. Atualmente, há o relato de
apenas uma espécie de não-orquidácea naturalmente infectada por
Cymbidium
mosaic virus:
a conífera Cephalotaxus
hainanensis
(GenBank: https://ncbi.nlm.nih.gov/nuccore/939193298).
Odontoglossum
ringspot virus
e Cymbidium
ringspot virus,
duas espécies de vírus que comumente ocorrem em orquídeas,
apresentam muitas semelhanças nos modos de transmissão e no manejo
da cultura e, por estas razões, as informações desses vírus serão
compartilhadas.
Etiologia:
Cymbidium
mosaic virus
é uma espécie de vírus que infecta inúmeras espécies de
orquídeas, dentre elas, Vanilla
sp. As partículas virais são alongado-flexuosas, com cerca de 495
nm de comprimento; seu genoma é de RNA de fita simples e senso
positivo.
Não
há vetor conhecido envolvido na transmissão do CymMV. Dados de
literatura mostraram que embriões resultantes de sementes de plantas
de Dendrobium
infectadas com CymMV não estavam infectados, indicando que não
houve transmissão desse vírus por sementes.
A
disseminação do CymMV ocorre por propagação vegetativa de Vanilla
infectada e por transmissão mecânica, i.e., através de ferimentos
causados por instrumentos de corte contaminados com a seiva de
plantas infectadas, durante o manejo da cultura.
Uma vez que a cultura de Vanilla
é perene, plantas infectadas continuam a servir de fonte de vírus
por muito tempo no campo, se medidas fitossanitárias não forem
adotadas.
Sintomas:
Em
Vanilla,
o CymMV pode causar sintomas discretos, como mosqueado e mosaico nas
folhas, manchas cloróticas e/ou necróticas alongadas paralelas às
nervuras, necrose e enrolamento das folhas. Plantas infectadas podem
apresentar redução de crescimento. Por vezes, o CymMV pode ser
latente, ou seja, não induz sintomas perceptíveis em Vanilla.
Os sintomas podem ser mais graves quando CymMV e Odontoglossum
ringspot virus
infectam a mesma planta.
Importância
econômica:
A infecção por CymMV pode causar prejuízos econômicos, por
reduzir a produção e qualidade dos frutos, se os sintomas reduzirem
a área fotossintética das folhas de Vanilla.
Além disso, uma cultura com plantas infectadas demanda tratos
culturais específicos e frequentes, o que pode aumentar os custos da
produção.
A
atenção diária quanto à presença de sintomas na cultura de
Vanilla
é fundamental para a rápida tomada de decisão sobre as medidas
sanitárias adequadas, após confirmação do agente causal da
doença.
Ocorrência:
Em Vanilla,
o CymMV foi relatado pela primeira vez em 1987 na Polinésia Francesa
e, posteriormente, na China, França, Ilhas Fiji, Ilhas Reunião,
Índia, Madagascar, México e Tonga.
Relatamos aqui a primeira ocorrência de CymMV em Vanilla
no Brasil.
Manejo:
Para minimizar o impacto da virose, medidas profiláticas, como a
introdução na cultura apenas de mudas com certificação sanitária
e de plantas com resistência ao CymMV, ajudam a prevenir a presença
de vírus e reduzem a taxa de infecção primária.
A
eliminação de plantas sintomáticas (‘roguing’), com resultado
laboratorial positivo para vírus, ajuda a reduzir a fonte desse
patógeno no campo.
Uma vez que, o vírus não tem vetor e a disseminação na cultura é
por propagação vegetativa de plantas infectadas e por ferimentos
causados por ferramentas de corte contaminadas com seiva de plantas
infectadas, a multiplicação de plantas sabidamente sadias e a
desinfecção das ferramentas após o uso é fundamental para
‘conter’ a disseminação do vírus.
As partículas virais do CymMV
são estáveis, permanecendo infectivas por até 7 dias em
temperatura ambiente, após terem sido submetidas a 60°C por 10
minutos e após tratamento com solventes orgânicos como, por
exemplo, o clorofórmio. Assim, o procedimento para desinfecção das
ferramentas de corte deve levar em consideração essa estabilidade
da partícula viral.
A
desinfecção de ferramentas e utensílios utilizados no manejo da
cultura de orquídeas envolve, normalmente, a esterilização por
calor (autoclavagem ou flambagem) e/ou tratamento químico com
solução de fosfato trissódico (=fosfato de sódio tribásico) de 3
a 15%, hipoclorito de sódio (alvejante doméstico) entre 10% e 20%,
e álcool etílico a 70%. Em laboratório, para desinfecção de
materiais e vidrarias, bancadas e pisos, é utilizado um detergente
neutro concentrado de tensoativos, de uso profissional, diluído a 5
a 10%; neste caso, os materiais são imersos na solução e as
bancadas borrifadas com a solução e secas com papel.
O
tempo de exposição das ferramentas e utensílios aos agentes para
desinfecção é extremamente importante; por exemplo, é recomendado
a imersão por 15 a 30 minutos na solução de fosfato trissódico
pois, no caso de Cymbidium
mosaic virus
e também do Odontoglossum
ringspot virus,
10 minutos de imersão não inativa o vírus presente nas ferramentas
de corte, além disso, sugere-se limpar a ferramenta antes da imersão
e trocar a solução com frequência. O inconveniente do uso da
solução de fosfato trissódico é que ela deve ser manuseada com
luvas e ter cuidado para evitar respingos. O uso de produtos químicos
para a desinfecção deve levar em consideração a evaporação
devido ao calor nas estufas, o que altera a concentração
recomendada da solução e, consequentemente, a sua eficácia na
inativação do vírus.
Idealmente seria desinfectar
ferramentas após o corte de cada planta, mas diante da
impossibilidade prática, o uso de duas ferramentas de corte para
cada trabalhador para que, enquanto estiver cortando as vanillas com
uma, a outra ferramenta esteja imersa na solução desinfectante, por
um tempo maior que 15 minutos, é a melhor ação a ser adotada para
evitar ou, pelo menos, reduzir a disseminação de vírus na cultura.
Por fim, lembramos também que as
mãos podem ficar também contaminadas com a seiva de plantas
infectadas, assim a higienização frequente das mãos durante a
execução dos tratos culturais deve ser adotada.
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Como
citar:
RIVAS,
E.B.;
ZANOTTA, S.;
VASCONCELOS, L.B.C.;
Cymbidium
mosaic
virus em
Vanilla
planifolia.
In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em: http://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=251&Vlt=2. Acesso
em: dia. mês (abreviado).ano.
Palavras-chave:
manejo, sintomas causados por vírus, desinfecção de
ferramentas de corte