Domingo, 28 de Abril de 2024
Nematoide das galhas no cafeeiro (Meloidogyne incognita, M. exigua e M. paranaensis)

Autores: Larissa de Brito Caixeta Vasconcelos, Claudio Marcelo Gonçalves Oliveira, Samantha Zanotta, Eliana Borges Rivas

Lab. de Diagnóstico Fitopatológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Sanidade Vegetal, Instituto Biológico

E-mail: caixetalb@gmail.com

Hospedeiro principal: (Coffea arabica)

Descrição: Meloidogyne paranaensis, M. incognita e M. exigua (nematoides das galhas)


Etiologia 

O nematoide das galhas radiculares é considerado o grupo de maior importância econômica em termos mundiais. Considerando-se os danos causados à cafeicultura e sua distribuição geográfica, as espécies mais importantes associadas à cultura do café no Brasil são Meloidogyne exigua, altamente disperso em áreas de produção de café do país, M. incognita e M. paranaensis, altamente agressivas e que destroem quase todo sistema radicular dos cafeeiros. Nematoides do gênero Meloidogyne são endoparasitas sedentários. Ao eclodir do ovo, os juvenis de segundo estádio (J2) penetram no interior das raízes movendo-se intercelularmente em meio ao córtex até alcançar a zona de diferenciação celular e estabelecem um sítio de alimentação nas células no cilindro central, junto ao sistema vascular da planta, chamado cenócito. Ao se alimentar, injetam secreções alterando a morfologia e a fisiologia das células parasitadas, formando as células gigantes, que atuam como dreno metabólito. Após o estabelecimento do sítio de alimentação, os J2 sofrerem três ecdises até atingirem a forma adulta. Os machos são vermiformes e não parasitam as plantas, abandonando as raízes. Já as fêmeas sedentárias apresentam forma do corpo aberrante, assumindo formato de pera, de cor branca e se alimentam até o final do ciclo, que dura em média um mês. Cada fêmea produz cerca de 500 ovos (Figuras 1, 2 e 3).


Sintomas

Na presença de M. exigua, o sintoma mais característico é a formação de galhas típicas nas raízes (Figuras 4 e 5). A galha radicular é consequência da associação de reações de hipertrofia e hiperplasia observadas em células localizadas relativamente próximas ao corpo do nematoide, no parênquima. No caso de ataque de M. paranaensis e M. incognita, ocorre a formação de galhas atípicas, engrossamentos das raízes e descortiçamento. Já na parte aérea, os sintomas podem ser confundidos com deficiência nutricional, devido ao dreno de metabólitos ocasionados pelo sítio de alimentação do nematoide na raiz. Como a movimentação do nematoide no campo é lenta, os sintomas são observados em regiões isoladas, em forma de reboleira (Figuras 6, 7 e 8). Estas regiões no campo apresentam plantas amareladas, com tamanho reduzido, refletindo em baixa produtividade e com o passar do tempo podendo levar a morte. Deve-se enfatizar que nem sempre é possível reconhecer e diagnosticar a presença de nematoides exclusivamente pela observação dos sintomas. Para tanto, é imprescindível a realização de uma análise laboratorial.


Importância Econômica

A importância destes fitonematoides na produção de café varia em função das condições edafoclimáticas das regiões, das práticas culturais empregadas, das espécies de nematoides presentes e das cultivares de café. Por exemplo, no Estado de São Paulo, as regiões da Alta Paulista e Araraquarense, onde predominam solos arenosos e de baixa fertilidade, são as mais prejudicadas, principalmente por M. incognita e M. paranaensis, que destroem severamente o sistema radicular, limitando a manutenção das áreas infestadas e a implantação de novos cultivos. Para a espécie M. exigua, amplamente disseminada nos cafezais brasileiros, os danos são observados principalmente em cultivos altamente tecnificados, pela queda de produção de até 45%.


Ocorrência

Os nematoides das galhas é o grupo de nematoides mais dispersos em todo o mundo, contudo, algumas espécies são mais frequentes em determinados países ou regiões. M. incognita por exemplo, é de grande importância nos trópicos e regiões mais quentes. M. exigua encontra-se dispersa em áreas produtoras de café da América Central e do Sul e sul da Índia, China e alguns países do sul da Europa. Já M. paranaensis é uma espécie é limitada a algumas regiões produtoras de café do Brasil, como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.


Manejo

O principal método de controle dos nematoides das galhas no cafeeiro é a adoção de medidas preventivas, evitando a entrada do nematoide na área, sendo, portanto, fundamental a utilização de mudas certificadas, livres do patógeno. Além disso, o uso de variedades resistentes é um método muito eficiente quando o nematoide já está presente na área. Outras medidas de controle como a utilização de plantas de adubo verde em sistema de rotação de cultura ou consorciamento com os cafeeiros, o uso de adubos orgânicos, como torta de mamona, e o uso de controle biológico, contribuem para melhoria na eficiência do controle, ressaltando que o maior sucesso no manejo do nematoide na área será alcançado com a adoção de diversas práticas de manejo utilizadas em conjunto.


Referências

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FAZUOLI, L.C.; MEDINA FILHO, H. P.; GONÇALVES, W.; GUERREIRO FILHO, O.; SILVAROLLA, M. B. Melhoramento do cafeeiro: variedades tipo arábica obtidas no Instituto Agronômico de Campinas. In: Zambolim, L. (Ed.). O estado da arte de tecnologias na produção de café. Viçosa: UFV, p.163-215, 2002.

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MONTEIRO, A. R. Não se deve “plantar” nematoides. Nematologia Brasileira, v.5, p.13-20, 1981. Disponível em: http://nematologia.com.br/files/revnb/5.pdf

OLIVEIRA, C. M. G.; ROSA, J.M.O. 2018. Nematoides Parasitos do Cafeeiro, Instituto Biológico. Boletim Técnico Número 32. Disponível em: http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/files/pdf/Boletins/cafe/nematoides_parasitos_cafeeiro.pdf


Palavras-chave: Coffea arabica, Manejo, Sintomas



 
Publicado em: 07/08/2023
Atualizado em: 07/08/2023
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