Autores:
Larissa de Brito Caixeta Vasconcelos, Claudio Marcelo Gonçalves
Oliveira, Samantha Zanotta, Eliana Borges Rivas
Lab.
de Diagnóstico Fitopatológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Sanidade Vegetal, Instituto Biológico
E-mail:
caixetalb@gmail.com
Hospedeiro
principal: (Coffea arabica)
Descrição:
Meloidogyne paranaensis, M. incognita e M. exigua
(nematoides das galhas)
Etiologia
O
nematoide das galhas radiculares é considerado o grupo de maior
importância econômica em termos mundiais. Considerando-se os danos
causados à cafeicultura e sua distribuição geográfica, as
espécies mais importantes associadas à cultura do café no Brasil
são Meloidogyne exigua, altamente disperso em áreas de
produção de café do país, M. incognita e M.
paranaensis, altamente agressivas e que destroem quase todo
sistema radicular dos cafeeiros. Nematoides do gênero Meloidogyne
são endoparasitas sedentários. Ao eclodir do ovo, os juvenis de
segundo estádio (J2) penetram no interior das raízes movendo-se
intercelularmente em meio ao córtex até alcançar a zona de
diferenciação celular e estabelecem um sítio de alimentação nas
células no cilindro central, junto ao sistema vascular da planta,
chamado cenócito. Ao se alimentar, injetam secreções alterando a
morfologia e a fisiologia das células parasitadas, formando as
células gigantes, que atuam como dreno metabólito. Após o
estabelecimento do sítio de alimentação, os J2 sofrerem três
ecdises até atingirem a forma adulta. Os machos são vermiformes e
não parasitam as plantas, abandonando as raízes. Já as fêmeas
sedentárias apresentam forma do corpo aberrante, assumindo formato
de pera, de cor branca e se alimentam até o final do ciclo, que dura
em média um mês. Cada fêmea produz cerca de 500 ovos (Figuras 1, 2
e 3).
Sintomas
Na
presença de M. exigua, o sintoma mais característico é a
formação de galhas típicas nas raízes (Figuras 4 e 5). A galha
radicular é consequência da associação de reações de
hipertrofia e hiperplasia observadas em células localizadas
relativamente próximas ao corpo do nematoide, no parênquima. No
caso de ataque de M. paranaensis e M. incognita, ocorre
a formação de galhas atípicas, engrossamentos das raízes e
descortiçamento. Já na parte aérea, os sintomas podem ser
confundidos com deficiência nutricional, devido ao dreno de
metabólitos ocasionados pelo sítio de alimentação do nematoide na
raiz. Como a movimentação do nematoide no campo é lenta, os
sintomas são observados em regiões isoladas, em forma de reboleira
(Figuras 6, 7 e 8). Estas regiões no campo apresentam plantas
amareladas, com tamanho reduzido, refletindo em baixa produtividade e
com o passar do tempo podendo levar a morte. Deve-se enfatizar que
nem sempre é possível reconhecer e diagnosticar a presença de
nematoides exclusivamente pela observação dos sintomas. Para
tanto, é imprescindível a realização de uma análise
laboratorial.
Importância
Econômica
A
importância destes fitonematoides na produção de café varia em
função das condições edafoclimáticas das regiões, das práticas
culturais empregadas, das espécies de nematoides presentes e das
cultivares de café. Por exemplo, no Estado de São Paulo, as regiões
da Alta Paulista e Araraquarense, onde predominam solos arenosos e de
baixa fertilidade, são as mais prejudicadas, principalmente por M.
incognita e M. paranaensis, que destroem severamente o
sistema radicular, limitando a manutenção das áreas infestadas e a
implantação de novos cultivos. Para a espécie M. exigua,
amplamente disseminada nos cafezais brasileiros, os danos são
observados principalmente em cultivos altamente tecnificados, pela
queda de produção de até 45%.
Ocorrência
Os
nematoides das galhas é o grupo de nematoides mais dispersos em todo
o mundo, contudo, algumas espécies são mais frequentes em
determinados países ou regiões. M. incognita por exemplo, é
de grande importância nos trópicos e regiões
mais quentes. M. exigua
encontra-se dispersa em áreas produtoras de café da América
Central e do Sul e sul da Índia, China e alguns países do sul da
Europa. Já M. paranaensis
é uma espécie é limitada a algumas regiões produtoras de
café do Brasil, como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso
do Sul.
Manejo
O
principal método de controle dos nematoides das galhas no cafeeiro é
a adoção de medidas preventivas, evitando a entrada do nematoide na
área, sendo, portanto, fundamental a utilização de mudas
certificadas, livres do patógeno. Além disso, o uso de variedades
resistentes é um método muito eficiente quando o nematoide já está
presente na área. Outras medidas de controle como a utilização de
plantas de adubo verde em sistema de rotação de cultura ou
consorciamento com os cafeeiros, o uso de adubos orgânicos, como
torta de mamona, e o uso de controle biológico, contribuem para
melhoria na eficiência do controle, ressaltando que o maior sucesso
no manejo do nematoide na área será alcançado com a adoção de
diversas práticas de manejo utilizadas em conjunto.
Referências
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http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/files/pdf/Boletins/cafe/nematoides_parasitos_cafeeiro.pdf
Palavras-chave:
Coffea arabica, Manejo, Sintomas