Domingo, 28 de Abril de 2024
Ferrugem branca (Puccinia horiana Henn. 1901)

Autores: Ricardo José Domingues; Jesus G. Tofoli - APTA/Instituto Biológico. E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

Etiologia: Puccinia horiana é um fungo parasita obrigatório, ou seja, necessita de tecidos vivos do hospedeiro para se desenvolver, com alta especificidade em relação ao hospedeiro. Trata-se de um tipo de ferrugem microcíclica que produz apenas teliosporos e, cuja germinação origina uma estrutura característica dos basidiomicetos conhecida como basídia e que sustenta quatro basidiosporos. São os basidiosporos que, ao germinarem, penetram nos hospedeiros causando novas infecções. Os basidiosporos são, portanto, os únicos esporos infectivos produzidos por essa espécie. A ferrugem branca é considerada uma forma lepto, ou seja, na qual os teliosporos germinam “in situ” e sem dormência em condições de umidade elevada (96 a 100 % por pelo menos 3 horas).

A disseminação da doença se dá pela dispersão dos basidiosporos através dos ventos, respingos de água das chuvas ou de irrigação quando feita por aspersão. As folhas precisam estar molhadas para que os basidiosporos germinem e infectem as plantas. A ferrugem branca ocorre preferencialmente sob temperaturas amenas (6 a 26 oC) com o ponto ótimo entre 17 e 24 oC e elevada umidade.

A doença pode ser observada em qualquer época do ano, todavia, sua incidência é mais frequente na primavera e nos invernos menos rigorosos. A ferrugem branca poderá permanecer latente (assintomática) após a infecção, caso as condições ambientais não sejam favoráveis.

Sintomas: P. horiana é capaz de parasitar espécies do gênero Chrysanthemum além de híbridos de Dendranthema-Grandiflorum, todos pertencentes à família Asteraceae. Os sintomas iniciais podem ser observados na face superior das folhas, onde surgem pequenas manchas branco-amareladas, levemente deprimidas, de 1 a 4 mm de diâmetro. Mais tarde, a parte central dessas manchas poderá se tornar necrosada e, em correspondência com as manchas da parte superior, são observadas na parte inferior, pústulas (soros) salientes de coloração amarela, com leve tom rosado e de aspecto ceroso, que se tornam depois esbranquiçadas. As pústulas são distribuídas nas folhas de forma dispersa ou nas hastes das plantas, mas raramente estão presentes na face superior das folhas. Várias pústulas podem coalescer e ocupar áreas tão extensas que as folhas podem tornar-se totalmente secas.

Importância: a ferrugem branca do crisântemo possui elevado potencial destrutivo, caso ocorram condições climáticas favoráveis em cultivos com variedades suscetíveis. No estado do Ceará há registro de sérias epidemias em ambientes úmidos de estufas. A doença afeta principalmente o aspecto visual da planta, reduzindo ou até eliminando completamente o seu valor comercial.

Ocorrência: é originária da China e do Japão, regiões que são também os locais de origem da planta hospedeira e encontra-se disseminada por países da América do Sul, África, Oceania, Europa, Ásia e, na América do Norte, no México, tendo sido erradicada nos EUA, onde é considerada quarentenária. É considerada uma praga quarentenária A2 para a EPPO - European and Mediterranean Plant Protection Organization. Foi observada pela primeira vez no Brasil, na região de Jundiaí, SP, no ano de 1972 e atualmente, apresenta-se distribuída por todas as regiões de cultivo, ocorrendo em menor ou maior intensidade em função das condições climáticas locais.

Manejo: inicialmente deve-se dar preferência às medidas preventivas de controle como utilização de mudas sadias para o plantio, obtidas de produtores idôneos. Utilizar variedades resistentes já que as existentes apresentam diferentes graus de suscetibilidade e tolerância à doença. Plantas severamente atacadas devem ser eliminadas visando a redução de fontes de inóculo.

O controle químico da doença poderá ser realizado através dos fungicidas registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle de ferrugem branca do crisântemo, respeitando-se sempre as recomendações do fabricante quanto à dose, intervalo entre aplicações, período de carência, tecnologia de aplicação, uso de EPI, etc.


Referências consultadas:

ALEXANDRE, M.A. et.al. Doenças das Plantas Ornamentais. In: Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas, v2, 5 ed., Ceres: Ouro Fino (MG), 810 p. Cap. 63, 2016.

COUTINHO, L.N.; RUSSOMANO, O.M.R.; TOFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J.; OLIVEIRA, S.H.F.; FIGUEIREDO, M.B. Doenças Fúngicas. In: IMENES, S.L.; ALEXANDRE, M.A.V. Aspectos Fitossanitários do Crisântemo, São Paulo, Instituto Biológico, p23-34, 1996.

DAUGHTREY, M.L.; WICK, R.L.; PETERSON, J.L. Compendium of Flowering Potted Plant Diseases. 2006. 90p.

DOMINGUES, R.J.; TÖFOLI, J.G.; FERRARI, J.T.; NOGUEIRA, E.M.C. Ferrugem Branca do Crisântemo. Revista Plasticultura. 26, p8-9, 2012.

TÖFOLI, J.G. et al. Doenças Fúngicas: Sintomatologia, etiologia e controle. In: Plantas Ornamentais: Doenças e Pragas, 2 ed. Devir: São Paulo, 600 p. Cap. 08, 2017.


Como citar:

DOMINGUES, R.J.; TÖFOLI, J.G.. Ferrugem branca em crisântemo. In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em: https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=260&Vlt=2. Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.

Palavras-chave: doença fúngica, mancha foliar, manejo, plantas ornamentais.



 
Publicado em: 14/03/2024
Atualizado em: 14/03/2024
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