Segunda-Feira, 6 de Maio de 2024
Míldio (Peronospora destrutor (Berk.) Casp. ex Berk. )

Autores: Jesus G. Tofoli; Ricardo J. Domingues. APTA/Instituto Biológico. E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br

Etiologia: Peronospora destructor pertence ao Reino Chromista, Filo Oomycota, Ordem Peronosporales, Família Peronosporaceae. Apresenta micélio cenocítico e retira nutrientes das células do hospedeiro através de estruturas especializadas denominadas haustórios. Produzem esporângios em esporangióforos com duas a seis ramificações e que sustentam de 3 a 63 esporângios piriformes a fusiformes que germinam através da emissão de tubos germinativos e, portanto, não liberam zoósporos. Dentro dos tecidos do hospedeiro, P. destructor forma oósporos que são esporos de origem sexual, resultado da fecundação do oogônio pelo anterídio. Os oósporos são capazes de sobreviver sob condições adversas, servindo como estruturas de resistência e permanecendo viáveis no solo por vários anos. Por serem de origem sexual, representam uma importante fonte de diversidade genética para o patógeno. P. destructor pode sobreviver na forma de micélio em bulbos e sementes de cebola, servindo como fonte de inóculo para o próximo plantio.

Sintomas: os primeiros sintomas podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da cultura, tanto em folhas como em hastes florais através da formação de eflorescência branco-acinzentada constituída por esporângios e esporangióforos do patógeno. Os tecidos afetados adquirem, com o passar do tempo, tonalidades mais claras e apresentam aspecto úmido. Ao aumentarem de tamanho, as manchas se alongam pelo limbo foliar e, tornam-se necróticas. As hastes florais afetadas podem quebrar e secar podendo afetar diretamente a produção e qualidade das sementes. Fungos dos gêneros Stemphylium e Alternaria podem colonizar e esporular abundantemente sobre os tecidos afetados pelo míldio, mascarando os sintomas e dificultando a diagnose correta. Os bulbos podem ser infectados, e quando armazenados, desenvolvem uma podridão aquosa depois de algum tempo. Se plantados, originam plantas subdesenvolvidas e com numerosas manchas brancas pequenas nas folhas, sintomas causados pela invasão sistêmica das plantas.

A doença é favorecida por temperaturas que variam de 10 e 22oC e umidade relativa acima de 80%.

Importância: os míldios são parasitas obrigatórios, ou seja, necessitam do hospedeiro vivo para sobreviverem. As plantas doentes têm a sua capacidade fotossintética reduzida afetando diretamente o desenvolvimento das plantas e a formação de bulbos.

Ocorrência: trata-se de uma doença de importância mundial, sendo frequente em períodos frios e úmidos. No Brasil, a doença ocorre praticamente em todas regiões produtoras do Centro-sul.

Manejo:

- Plantio de sementes e mudas sadias;

- Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acumulo de umidade (orvalho, chuviscos) e baixa circulação de ar;

- Plantio de cultivares tolerantes ou resistentes;

- Em períodos críticos deve-se reduzir as regas e sempre que possível evitá-las nos finais de tarde. O uso de irrigação localizada pode reduzir a disseminação de P. destructor pelo campo e evitar longos períodos de molhamento foliar;

- Evitar o plantio adensado, principalmente em épocas favoráveis à doença;

- Níveis adequados de cálcio, magnésio, zinco e silício podem reduzir a doença. Evitar excesso de adubação nitrogenada;

- Evitar o plantio sucessivo de aliáceas na mesma área. Dentro do possível, realizar períodos de rotação de dois a três anos;

- Eliminar e destruir restos de cultura, plantas voluntárias e descartes de pós-colheita;

- Durante os tratos culturais evitar ferimentos que possam facilitar a penetração do patógeno;

- A aplicação preventiva de fungicidas registrados deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose; volume; momento da aplicação; intervalo e número de pulverizações; intervalo de segurança; uso de equipamento de proteção individual (EPI); armazenamento e descarte de embalagens; etc. Para evitar a ocorrência de resistência de P. destructor, recomenda-se que os fungicidas específicos (sistêmicos) sejam utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos (contato), que se evite o uso repetitivo de produtos com o mesmo mecanismo de ação e que não se façam aplicações curativas em situações de alta pressão de doença. Devido a superfície foliar das aliáceas ser cerosa, o uso de espalhantes adesivos é recomendado para facilitar o molhamento e aderência dos fungicidas.


Referências:

DOMINGUES, R,J,; TOFOLI, J.G. Míldio da cebola: Importância, identificação e métodos de controle. O Biológico, São Paulo, v.71, n.1, p.29-31, jan./jun., 2009.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=215273. Acesso em: 01 março 2023.

KOIKE, S.T.; GLADDERS, P.; PAULUS, A.O. Vegetable diseases: a colour handbook. St. Paul: APS, 2007. 448p.

MASSOLA JÚNIOR, N. Si et al. (Eds.). Doenças do alho e da cebola. Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo: Agronômica Ceres 2: 2016, p. 63-73.


Como Citar:

TÖFOLI, J. G.; DOMINGUES, R.J.; Aliáceas (Allium spp.): Míldio (Peronospora destructor). In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em: https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=263&Vlt=2. Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.


Palavras-chaves: Allium spp.; Peronospora destructor; Míldio


 
Publicado em: 09/04/2024
Atualizado em: 09/04/2024
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