Autores:
Jesus G. Tofoli; Ricardo J.
Domingues. APTA/Instituto Biológico. E-mail:
jesus.tofoli@sp.gov.br
Etiologia:
Peronospora destructor
pertence ao Reino Chromista, Filo Oomycota, Ordem Peronosporales,
Família Peronosporaceae. Apresenta micélio cenocítico e retira
nutrientes das células do hospedeiro através de estruturas
especializadas denominadas haustórios. Produzem esporângios em
esporangióforos com duas a seis ramificações e que sustentam de 3
a 63 esporângios piriformes a fusiformes que germinam através da
emissão de tubos germinativos e, portanto, não liberam zoósporos.
Dentro dos tecidos do hospedeiro, P.
destructor forma
oósporos que são esporos de origem sexual, resultado da fecundação
do oogônio pelo anterídio. Os oósporos são capazes de sobreviver
sob condições adversas, servindo como estruturas de resistência e
permanecendo viáveis no solo por vários anos. Por serem de origem
sexual, representam uma importante fonte de diversidade genética
para o patógeno. P.
destructor pode
sobreviver na forma de micélio em bulbos e sementes de cebola,
servindo como fonte de inóculo para o próximo plantio.
Sintomas:
os
primeiros sintomas podem ser observados em qualquer estádio de
desenvolvimento da cultura, tanto em folhas como em hastes florais
através da formação de eflorescência branco-acinzentada
constituída por esporângios e esporangióforos do patógeno. Os
tecidos afetados adquirem, com o passar do tempo, tonalidades mais
claras e apresentam aspecto úmido. Ao aumentarem de tamanho, as
manchas se alongam pelo limbo foliar e, tornam-se necróticas. As
hastes florais afetadas podem quebrar e secar podendo afetar
diretamente a produção e qualidade das sementes. Fungos dos gêneros
Stemphylium
e Alternaria
podem colonizar e esporular abundantemente sobre os tecidos afetados
pelo míldio, mascarando os sintomas e dificultando a diagnose
correta. Os bulbos podem ser infectados, e quando armazenados,
desenvolvem uma podridão aquosa depois de algum tempo. Se plantados,
originam plantas subdesenvolvidas e com numerosas manchas brancas
pequenas nas folhas, sintomas causados pela invasão sistêmica das
plantas.
A
doença é favorecida por temperaturas que variam de 10 e 22oC
e umidade relativa acima de 80%.
Importância:
os
míldios são parasitas obrigatórios, ou seja, necessitam do
hospedeiro vivo para sobreviverem. As plantas doentes têm a sua
capacidade fotossintética reduzida afetando diretamente o
desenvolvimento das plantas e a formação de bulbos.
Ocorrência:
trata-se
de uma doença de importância mundial, sendo frequente em períodos
frios e úmidos. No Brasil, a doença ocorre praticamente em todas
regiões produtoras do Centro-sul.
Manejo:
-
Plantio de sementes e mudas sadias;
-
Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acumulo de umidade (orvalho,
chuviscos) e baixa circulação de ar;
-
Plantio de cultivares tolerantes ou resistentes;
-
Em períodos críticos deve-se reduzir as regas e sempre que possível
evitá-las nos finais de tarde. O uso de irrigação localizada pode
reduzir a disseminação de P.
destructor pelo campo e
evitar longos períodos de molhamento foliar;
-
Evitar o plantio adensado, principalmente em épocas favoráveis à
doença;
-
Níveis adequados de cálcio, magnésio, zinco e silício podem
reduzir a doença. Evitar excesso de adubação nitrogenada;
-
Evitar o plantio sucessivo de aliáceas na mesma área. Dentro do
possível, realizar períodos de rotação de dois a três anos;
-
Eliminar e destruir restos de cultura, plantas voluntárias e
descartes de pós-colheita;
-
Durante os tratos culturais evitar ferimentos que possam facilitar a
penetração do patógeno;
-
A aplicação preventiva de fungicidas registrados deve seguir todas
as recomendações do fabricante quanto à dose; volume; momento da
aplicação; intervalo e número de pulverizações; intervalo de
segurança; uso de equipamento de proteção individual (EPI);
armazenamento e descarte de embalagens; etc. Para evitar a
ocorrência de resistência de P.
destructor, recomenda-se
que os fungicidas específicos (sistêmicos) sejam utilizados de
forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos (contato),
que se evite o uso repetitivo de produtos com o mesmo mecanismo de
ação e que não se façam aplicações curativas em situações de
alta pressão de doença. Devido a superfície foliar das aliáceas
ser cerosa, o uso de espalhantes adesivos é recomendado para
facilitar o molhamento e aderência dos fungicidas.
Referências:
DOMINGUES,
R,J,; TOFOLI,
J.G. Míldio da cebola: Importância, identificação e métodos de
controle. O Biológico, São Paulo, v.71, n.1, p.29-31, jan./jun.,
2009.
INDEX
FUNGORUM. Disponível em:
http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=215273. Acesso
em: 01 março 2023.
KOIKE,
S.T.; GLADDERS, P.; PAULUS, A.O. Vegetable diseases: a colour
handbook. St. Paul: APS, 2007. 448p.
MASSOLA
JÚNIOR, N. Si et al. (Eds.). Doenças do alho e da cebola. Manual de
fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo:
Agronômica Ceres 2: 2016, p. 63-73.
Como
Citar:
TÖFOLI,
J. G.; DOMINGUES, R.J.; Aliáceas (Allium spp.): Míldio (Peronospora
destructor). In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal.
Disponível em: https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=263&Vlt=2.
Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.
Palavras-chaves:
Allium
spp.; Peronospora
destructor; Míldio