Segunda-Feira, 6 de Maio de 2024
Ferrugem (Cerotelium fici (Castagne) Arthur 1917)

Autores: Ricardo José Domingues; Jesus G. Tofoli - APTA/Instituto Biológico. E-mail: ricardo.domingues@sp.gov.br

Etiologia: a ferrugem está presente no estado de São Paulo desde os anos 30, época em que Physopella fici ainda era considerado o seu agente causal. No entanto, autores já afirmavam que este não era diferente de Cerotelium fici, um fungo pertencente ao filo Basidiomycota, família Phakopsoraceae, da ordem Pucciniales, considerado atualmente como o agente causal da doença. O patógeno produz urediniosporos (esporos) elipsoides ou obovóide-globoso, unicelular, equinulado, séssil, medindo 19,6–31,9 × 14,7–24,5 μm com uma base sub-hialina a marrom clara, truncada e equinulada. Massas de paráfises de paredes finas e hialinas são encontradas nas margens dos soros, acompanhando os urediniosporos. Os urediniosporos de C. fici são facilmente disseminados pelo vento e pelos respingos de água de chuva para outras folhas e plantas. Ao se depositarem na superfície das folhas e frutos, necessitam de pelo menos 14 horas de presença de água para germinar e infectar os tecidos do hospedeiro. O patógeno sobrevive durante o período de repouso vegetativo da figueira em folhas doentes que permanecem nas plantas ou caídas no chão.

Sintomas: a ferrugem apresenta como principal característica a formação de pústulas alaranjadas na face inferior das folhas. Nas fases iniciais da doença, verifica-se o surgimento de pequenas manchas angulosas verde amareladas primeiramente nas folhas mais velhas. Ao se desenvolverem, as manchas tornam-se maiores e de coloração parda. A partir desse momento, observa-se a formação das pústulas de onde originam-se massas de urediniosporos ferruginosos e pulverulentos. As folhas severamente atacadas amarelecem, secam e caem prematuramente. A doença pode atacar também os frutos na forma de pequenas manchas castanho avermelhadas, sobre as quais também se verifica a formação de pústulas semelhantes às das folhas. Quando a ferrugem ataca nas fases iniciais do desenvolvimento vegetativo das plantas a produção poderá ser severamente afetada.

Importância: é a doença mais importante da figueira. Dependendo das condições ambientais, a ferrugem pode provocar redução significativa da folhagem, afetando tanto a produtividade, como a qualidade e valor de mercado dos frutos, o que resulta em perdas econômicas significativas.

Ocorrência: encontra-se distribuído em todas as regiões onde a figueira é cultivada, prevalecendo, no entanto, em áreas tropicais e subtropicais.


Manejo:

- Evitar o plantio em áreas sujeitas ao acumulo de umidade (orvalho, chuviscos) e baixa circulação de ar;

- Irrigação: evitar irrigação por aspersão devido ao molhamento das folhas, condição necessária para a germinação dos urediniosporos. Quando não for possível, as regas devem ser feitas cedo durante o dia para permitir um rápido secamento das folhas;

- Eliminar ramos em excesso visando melhorar a circulação de ar e reduzindo a umidade no interior da copa;

- Remover e eliminar folhas e frutos com sintomas tanto os aderidos às plantas como os caídos no chão visando reduzir o inóculo na área;

- Adubação: manter as plantas adequadamente adubadas para que elas possam recompor mais rapidamente a folhagem destruída pela ferrugem;

- Até o momento não existem cultivares de figo resistentes à ferrugem;

- A aplicação de fungicidas registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, momento da aplicação, intervalo e número de pulverizações, intervalo de segurança, uso de equipamento de proteção individual (EPI), armazenamento e descarte de embalagens, etc. Consultar a relação de fungicidas registrados no endereço: https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons


Referências Consultadas:

GALLETI, S.R.; REZENDE, J.A.M. Doenças da Figueira. In: Amorim L, Rezende JAM, Bergamin Filho A.; Camargo L.E.A. (Eds) Manual de Fitopatologia: Doenças de Plantas Cultivadas. 5th ed., Ceres, São Paulo, p.383-396, 2016.

HENNEN, J. F.; FIGUEIREDO, M.B.; CARVALHO JÚNIOR, A. A.; HENNEN, P.G. Catalogue of the species of plant rust fungi (Uredinales) of Brazil. Rio de Janeiro: Instituto de pesquisas. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2005. 490 p. Disponível em: https://www.gov.br/jbrj/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/catalogue.pdf. Acesso em: 06 abril 2024.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: https://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?RecordID=100242. Acesso em: 09 abril 2024.

PARTHASARATHY. S; THIRIBHUVANAMALA, G.; RAMALINGAM, K.; DANIEL, J.; PRABAKAR, K. Incidence and ultramicroscopic characterization of Cerotelium fici (Castagne) rust in Ficus carica L.. Journal of Applied Horticulture. 22. p.24-27. 2019. DOI: 10.37855/jah.2020.v22i01.05. Acesso em: 09 abril 2024.

VERGA, A.; NELSON,S. Fig rust in Hawai’i. University of Hawai‘i at Mänoa, College of Tropical Agriculture and Human Resources. PD-100, 2014. 5p. Disponível em: https://www.ctahr.hawaii.edu/oc/freepubs/pdf/PD-100.pdf. Acesso em: 10 de abril de 2024.


Palavras-chaves: ferrugem da figueira, manchas em frutos, doença em figueira


Como citar:

DOMINGUES, R.J.; TÖFOLI, J.G.. Ferrugem em figueira. In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em: https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=260&Vlt=2. Acesso em: dia. mês (abreviado).ano


 
Publicado em: 16/04/2024
Atualizado em: 16/04/2024
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