Autores:
Jesus G. Tofoli; Ricardo J. Domingues. APTA/Instituto Biológico.
E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br
Etiologia:
o agente causal da doença na fase telemórfica é Glomerella
cingulata e na anamórfica são espécies dos complexos
Colletotrichum acutatum, C. gloeosporioides e C.
chrysophilum. O fungo
sobrevive principalmente em peritécios e acérvulos presentes em
frutos mumificados e cancros, ou na forma de micélio nos tecidos
mortos e em lesões sobre ramos e gemas. O patógeno depende de chuva
para liberar os esporos e consequentemente dispersá-lo pelo pomar. A
doença é favorecida por temperaturas que variam de 20 a 35°C e
umidade acima de 80%. São necessárias no mínimo 3 horas de
molhamento foliar para que a infecção ocorra.
Sintomas:
ocorre principalmente em frutos, contudo, a doença também pode se
manifestar na forma de manchas foliares e lesões em ramos. Nos
frutos a doença é caracterizada por uma podridão firme, úmida,
deprimida, com formato circular, regular ou não e de coloração
castanha podendo variar em tonalidade. Nos sintomas iniciais ocorrem
lesões circulares com o comprometimento da polpa, sendo que, a
podridão pode apresentar forma de cone invertido no interior da
polpa colonizada. Na epiderme dos frutos afetados podem ser
observados círculos concêntricos, com pontos alaranjados de aspecto
ceroso, ou ainda presença de pequenas elevações escuras
desenvolvendo-se no centro das lesões. Os frutos atacados caem com
facilidade sendo comum o apodrecimento em pré-colheita e durante o
armazenamento. O fungo também pode atacar as pétalas e sépalas
causando lesões irregulares de coloração parda. Nos ramos
observa-se e presença de lesões concêntricas e cancros que podem
apresentar a presença de acérvulos. Ramos jovens são mais
suscetíveis e, quando severamente atacados, podem apresentar fendas
e, em algumas situações, exsudação de goma.
Nas
folhas, as lesões causadas por ascósporos são pequenas, de
coloração avermelhada, e essas ao evoluírem se tornam irregulares,
marrons, com 0,5 a 1,5 mm de diâmetro. Folhas muito afetadas podem
cair e causar diferentes níveis de desfolha na planta. Manchas
foliares associadas a conídios em geral são castanhas, circulares e
medem 1 a 2 cm de diâmetro.
Importância:
a doença causa sérios danos em regiões onde predominam altas
temperaturas, umidade e baixa altitude. A podridão amarga pode
causar perdas que variam de 20 a 50% da produção.
Ocorrência:
a podridão amarga ocorre praticamente em todos os países onde a
macieira é cultivada. No Brasil, a doença foi descrita pela
primeira vez na região Sul em 1988, sendo considerada hoje uma das
mais agressivas.
Manejo
-
Plantio de mudas sadias,
-
Plantio de variedades com algum nível de resistência à doença,
Resistentes:
Mollies Delicious, Fuji, Everest, Griffer, Hilliery
Suscetíveis:
Gala, Golden Delicious, Pink Lady, Cripps Pink, Cripps Red
-
Evitar plantios adensados,
-
Adubação equilibrada. Evitar excessos de adubação nitrogenada,
-
Podas de formação visando a circulação adequada de ar e a
penetração de luz solar no interior das copas. Remoção e
destruição de ramos com cancros e lesões,
-
Evitar ferimentos nos frutos durante os tratos culturais, colheita e
armazenamento,
-
Eliminar e destruir frutos doentes e mumificados,
-
Evitar o crescimento de plantas invasoras nas linhas da cultura,
visando reduzir o acumulo de umidade entre as plantas.
-
Pulverização com fungicidas registrados adotando todas as
recomendações do fabricante. No inverno, após as podas de inverno
realizar produtos à base de cobre (calda bordalesa). Após a
colheita as plantas devem continuar sendo pulverizadas para que o
inicio da doença na próxima safra atrase.
Referências
Astolfi,
P.; Velho, A.C.; Moreira, V.; Mondino, P.E.; Alaniz, S.M.; Stadnik,
M.J. Reclassification of the Main Causal Agent of Glomerella Leaf
Spot on Apple into Colletotrichum chrysophilum in Southern
Brazil and Uruguay. Phytopathology. 2022 Sep;112(9):1825-1832.
doi: 10.1094/PHYTO-12-21-0527-SC. Epub 2022 Aug 4. PMID: 35322713.
SANHUEZA,
R.M.V. et al. Doenças da macieira. In: AMORIM, L. et al. Manual
de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. São Paulo:
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Velho,
A. C.; Stadnik, M. J.; Wallhead, M. Unraveling Colletotrichum species
associated with Glomerella leaf spot of apple. Trop. Plant Pathol.
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Velho,
A. C.; Alaniz, S.; Casanova, L.; Mondino, P.; Stadnik, M. J.2015.
New insights into the characterization of Colletotrichum species
associated with apple diseases in southern Brazil and Uruguay. Fungal
Biol. 119:229-244. https://doi.org/10.1016/j.funbio.2014.12.009
Como
citar:
TÖFOLI,
J. G.; DOMINGUES, R.J. Macieira (Malus domesticus): Podridão amarga
(Colletotrichum spp. - Glomerella cingulata). In: Instituto
Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em:
https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=267&Vlt=2.
Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.
Palavras
chaves: Malus domesticus, Colletotrichum gloeosporioides
(Glomerella cingulata); Colletotrichum acutatum; podridão de
frutos