Terça-Feira, 7 de Maio de 2024
Podridão amarga, Antracnose, Podridão olho de boi (Colletotrichum gloeosporioides, C. acutatum, C. chrysophilum (sin. Glomerella cingulata))

Autores: Jesus G. Tofoli; Ricardo J. Domingues. APTA/Instituto Biológico. E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br

Etiologia: o agente causal da doença na fase telemórfica é Glomerella cingulata e na anamórfica são espécies dos complexos Colletotrichum acutatum, C. gloeosporioides e C. chrysophilum. O fungo sobrevive principalmente em peritécios e acérvulos presentes em frutos mumificados e cancros, ou na forma de micélio nos tecidos mortos e em lesões sobre ramos e gemas. O patógeno depende de chuva para liberar os esporos e consequentemente dispersá-lo pelo pomar. A doença é favorecida por temperaturas que variam de 20 a 35°C e umidade acima de 80%. São necessárias no mínimo 3 horas de molhamento foliar para que a infecção ocorra.

Sintomas: ocorre principalmente em frutos, contudo, a doença também pode se manifestar na forma de manchas foliares e lesões em ramos. Nos frutos a doença é caracterizada por uma podridão firme, úmida, deprimida, com formato circular, regular ou não e de coloração castanha podendo variar em tonalidade. Nos sintomas iniciais ocorrem lesões circulares com o comprometimento da polpa, sendo que, a podridão pode apresentar forma de cone invertido no interior da polpa colonizada. Na epiderme dos frutos afetados podem ser observados círculos concêntricos, com pontos alaranjados de aspecto ceroso, ou ainda presença de pequenas elevações escuras desenvolvendo-se no centro das lesões. Os frutos atacados caem com facilidade sendo comum o apodrecimento em pré-colheita e durante o armazenamento. O fungo também pode atacar as pétalas e sépalas causando lesões irregulares de coloração parda. Nos ramos observa-se e presença de lesões concêntricas e cancros que podem apresentar a presença de acérvulos. Ramos jovens são mais suscetíveis e, quando severamente atacados, podem apresentar fendas e, em algumas situações, exsudação de goma.

Nas folhas, as lesões causadas por ascósporos são pequenas, de coloração avermelhada, e essas ao evoluírem se tornam irregulares, marrons, com 0,5 a 1,5 mm de diâmetro. Folhas muito afetadas podem cair e causar diferentes níveis de desfolha na planta. Manchas foliares associadas a conídios em geral são castanhas, circulares e medem 1 a 2 cm de diâmetro.

Importância: a doença causa sérios danos em regiões onde predominam altas temperaturas, umidade e baixa altitude. A podridão amarga pode causar perdas que variam de 20 a 50% da produção.

Ocorrência: a podridão amarga ocorre praticamente em todos os países onde a macieira é cultivada. No Brasil, a doença foi descrita pela primeira vez na região Sul em 1988, sendo considerada hoje uma das mais agressivas.


Manejo

- Plantio de mudas sadias,

- Plantio de variedades com algum nível de resistência à doença,

Resistentes: Mollies Delicious, Fuji, Everest, Griffer, Hilliery

Suscetíveis: Gala, Golden Delicious, Pink Lady, Cripps Pink, Cripps Red

- Evitar plantios adensados,

- Adubação equilibrada. Evitar excessos de adubação nitrogenada,

- Podas de formação visando a circulação adequada de ar e a penetração de luz solar no interior das copas. Remoção e destruição de ramos com cancros e lesões,

- Evitar ferimentos nos frutos durante os tratos culturais, colheita e armazenamento,

- Eliminar e destruir frutos doentes e mumificados,

- Evitar o crescimento de plantas invasoras nas linhas da cultura, visando reduzir o acumulo de umidade entre as plantas.

- Pulverização com fungicidas registrados adotando todas as recomendações do fabricante. No inverno, após as podas de inverno realizar produtos à base de cobre (calda bordalesa). Após a colheita as plantas devem continuar sendo pulverizadas para que o inicio da doença na próxima safra atrase.


Referências

Astolfi, P.; Velho, A.C.; Moreira, V.; Mondino, P.E.; Alaniz, S.M.; Stadnik, M.J. Reclassification of the Main Causal Agent of Glomerella Leaf Spot on Apple into Colletotrichum chrysophilum in Southern Brazil and Uruguay. Phytopathology. 2022 Sep;112(9):1825-1832. doi: 10.1094/PHYTO-12-21-0527-SC. Epub 2022 Aug 4. PMID: 35322713.

SANHUEZA, R.M.V. et al. Doenças da macieira. In: AMORIM, L. et al. Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Ceres, 2016, 5ª edição, cap.50, p.485-496.

Velho, A. C.; Stadnik, M. J.; Wallhead, M. Unraveling Colletotrichum species associated with Glomerella leaf spot of apple. Trop. Plant Pathol. 44:197-204. 2019. https://doi.org/10.1007/s40858-018-0261-x

Velho, A. C.; Alaniz, S.; Casanova, L.; Mondino, P.; Stadnik, M. J.2015. New insights into the characterization of Colletotrichum species associated with apple diseases in southern Brazil and Uruguay. Fungal Biol. 119:229-244. https://doi.org/10.1016/j.funbio.2014.12.009


Como citar:

TÖFOLI, J. G.; DOMINGUES, R.J. Macieira (Malus domesticus): Podridão amarga (Colletotrichum spp. - Glomerella cingulata). In: Instituto Biológico. Guia de Sanidade Vegetal. Disponível em: https://www.sica.bio.br/guiabiologico/busca_culturas_resultado_ok.php?Id=267&Vlt=2. Acesso em: dia. mês (abreviado).ano.


Palavras chaves: Malus domesticus, Colletotrichum gloeosporioides (Glomerella cingulata); Colletotrichum acutatum; podridão de frutos


 
Publicado em: 26/04/2024
Atualizado em: 26/04/2024
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