Praga: Coraliomela brunnea (Thunberg, 1821), (Coleoptera, Chrysomelidae); Coraliomela aenoplagiata (Lucas, 1857) (Coleoptera, Chrysomelidae).
Nome popular: Falsa-barata-das-palmeiras, Falsa-barata-do-coqueiro.
Ocorrência: A espécie ocorre em todo o território brasileiro.
Danos: Região da flecha e folíolos de palmeiras.
Hospedeiras: Palmeiras ornamentais e industriais (Imperial, Real, Jerivá, Leque-da-china, Rabo-de-peixe, Palmeira majestosa, Areca, Fênix, Juçara, Açaí, Pupunha, Coqueiro, Dendezeiro, etc.).
Descrição, hábitos e aspectos biológicos: O gênero Coraliomela pertence à família Chrysomelidae e é representado por diversas espécies e variedades, sendo Coraliomela brunnea e Coraliomela aenoplagiata, as mais encontradas.
Os adultos são besouros de coloração geral vermelha podendo ter manchas negras conjugadas dependendo da espécie e variedade; são de aspecto achatado dorso ventralmente, ligeiramente curvados na região dorsal, de hábito diurno e capacidade de voo reduzida.
São vulgarmente chamados Falsas-baratas-das-palmeiras, mas nada tem em comum com as baratas.
Adultos - alimentam-se do parênquima foliar, partindo-os em tiras e suas dimensões variam entre 22,0 a 36,0 mm de comprimento; quando tocados, liberam um líquido viscoso e amarelado pelo aparelho bucal, possuindo o comportamento da tanatose (fingem-se de mortos) quando molestados, caindo junto ao solo.
As fêmeas adultas colocam os ovos, individualmente, na região inferior dos folíolos e estes são inicialmente lustrosos e de coloração marrom, tornando-se esbranquiçados quando próximo da eclosão. São facilmente observáveis a olho nu, de formato elíptico, medindo aproximadamente 7,0 mm de comprimento por 3,0 mm de largura.
Larvas são do tipo limaciforme (em forma de lesma) e assim como os adultos alimentam-se de folhas. São encontradas junto às axilas da gema apical ou flecha das plantas, destruindo os folíolos ainda dobrados; são achatadas dorso-ventralmente, ligeiramente convexas na região dorsal, 11 segmentadas, possuindo em seu último tergito uma placa bastante esclerotinizada. Possuem coloração parda e podem medir cerca de 30,0 mm de comprimento, em sua fase final de desenvolvimento. O número de larvas é bastante variável, em torno de 1 a 6 ou mais por planta.
O ciclo biológico para o gênero é de aproximadamente 19 dias para ovo, 180 dias para larva, 11 dias para pré-pupa e 20 dias para pupa. C. brunnea possui geralmente o corpo totalmente vermelho e élitros (asas anteriores) menos brilhantes totalmente vermelhos desprovidos de manchas, face ventral do corpo normalmente rubra e pernas rubras com ápice preto.
Modificações na padronagem das cores do escutelo, corpo e pernas, podem ocorrer devido à existência de diferentes variedades dentro da espécie. A espécie C. aenoplagiata, possui colorações distintas, variando muito no tamanho e cor das manchas dos élitros, que são ligeiramente lustrosos com pontuações grossas, mais rugosos que C. brunnea. A cor dos élitros varia do vermelho-claro ao rubro-sanguíneo; em cada élitro há duas manchas negras (basal e apical), podendo variar em tamanho, formando muitas vezes largas faixas transversais, ocupando grande parte dos élitros. A face ventral do corpo e as pernas são negras.
Sintomas e Danos: A principal evidência de ataque destas pragas é a observação de orifícios elípticos realizados pelas larvas, mais ou menos simétricos nos folíolos após a abertura das folhas, deixando um aspecto rendilhado na folha. Fezes em forma de pequenas escamas amareladas junto à flecha e folíolos danificados longitudinalmente também são fortes evidências do ataque da praga. Infestações mais severas (acima de 3 a 4 larvas por planta) e subsequentes por esses insetos podem causar elevado dano estético, depauperamento generalizado, dificuldades no desenvolvimento e na produção de frutos e sementes, além de levar plantas jovens e adultas à morte. Regularmente palmeiras como o coqueiro, dendezeiro, babaçu, juçara, açaizeiro, pupunheira, palmeira real, palmeira leque da china, palmeira moinho, tamareira anã, fênix das canárias, sabal, jerivá, rabo de peixe e palmeira imperial, entre muitas outras, são encontradas danificadas por larvas e adultos de Coraliomela.
Manejo: Apesar da não existência de produtos registrados para o controle destas pragas e da dificuldade encontrada devido à altura elevada das palmeiras infestadas, o uso de defensivos químicos de contato como piretróides e organofosforados, além dos neonicotinóides (menor toxicidade e com ação levemente sistêmica), direcionados às axilas das folhas e base da flecha (Fig. 6) das palmeiras é eficiente para a eliminação de larvas. Os adultos quando presentes poderão ser controlados quimicamente ou coletados e eliminados manualmente, sendo relativamente comum encontrá-los infectados naturalmente pelo fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Não há até o momento, feromônios para o uso em armadilhas.
Referência consultada
BONDAR, G. Insetos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 1940. 160p.
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ZORZENON, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas, Cap. 10 p. 207-247, 2008.
Autor: Francisco José Zorzenon, Instituto Biológico
E-mail: francisco.zorzenon@sp.gov.br