Sexta-Feira, 29 de Março de 2024
Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)

Hospedeiro principal: (Solanum lycopersicum, Tomateiro)

Etiologia: o tomate é uma das culturas mais prejudicadas pelos nematoides fitoparasitos. Mais de uma dezena de espécies de nematoides já foram relatadas em associação ao tomateiro no Brasil. No entanto, dentre elas, se destacam as espécies de nematoides das galhas (Meloidogyne spp.), pois são altamente daninhas ao tomateiro. As principais espécies de nematoides das galhas parasitas da cultura do tomateiro no Brasil são: Meloidogyne javanica; M. incognita e M. enterolobii. Os nematoides das galhas radiculares são endoparasitos sedentários em que, dos ovos depositados pelas fêmeas, eclodem juvenis de segundo estádio (J2), que apresentam corpo filiforme. Os J2 penetram as raízes da plantas de tomate (Figura 2), estabelecem um sítio permanente de alimentação formado por células nutridoras (ou células gigantes) e tornam-se obesos. Após sofrerem três ecdises, atingem o estádio adulto. Os machos são esbeltos e móveis e não parasitam as plantas. As fêmeas adquirem formato de pêra (Figuras 3 e 4) e passam a produzir os ovos, que são depositados numa matriz gelatinosa, formando a massa de ovos (Figura 5). Cada fêmea produz, em média, 500 ovos.

Sintomas: os sintomas de campo causados pelos nematoides normalmente ocorrem em reboleiras. As plantas de tomate infestadas podem ser reconhecidas por murchar mesmo que o solo esteja úmido, ter folhas amareladas e normalmente crescerem pouco. Nem sempre, porém, os sintomas de campo são observados, devido à pesada adubação que a cultura recebe, que ajuda a mascarar os efeitos dos nematoides na parte aérea. Por outro lado, os danos que causam nas raízes, principalmente pela formação de galhas (Figura 1) e diminuição do número de raízes finas, são visíveis e geralmente muito comprometedores. Galhas são protuberâncias que ocorrem nas raízes infestadas por nematoides do gênero Meloidogyne, daí o nome vulgar desses parasitos. As galhas sempre se formam no local em que fêmeas de Meloidogyne estão localizadas. Abrindo-se cuidadosamente uma galha e observando-se atentamente, é possível visualizar uma ou mais dessas minúsculas fêmeas (Figuras 3 e 4). Mais um fator aumenta a importância de M. incognita e M. javanica: cada uma tem mais de 1.000 espécies de plantas hospedeiras conhecidas. Assim quase qualquer cultura que anteceda o tomateiro pode aumentar a população desses nematoides. Meloidogyne mayaguensis também é espécie polífaga, parasitando plantas olerícolas (tomate, pimentão), frutíferas (goiaba, mamão, acerola e araçá), fumo, soja, café e várias plantas ornamentais. Ainda com relação a M. enterolobii, cabe ressaltar que, com base no fenótipo da isoenzima esterase, essa espécie foi relatada no município paulista de Reginópolis parasitando tomateiros cvs. Andrea e Débora, que são portadores do gene Mi e resistentes a M. incognita, M. javanica e M.arenaria. As plantas infectadas apresentavam inúmeras galhas e ausência de raízes finas, com sintomas reflexos na parte aérea.

Importância: as perdas causadas pelos nematoides das galhas em tomateiro variam em função da suscetibilidade do cultivar, tipo de solo, plantas utilizadas na rotação de culturas e condições ambientais. De maneira geral, as plantas de tomateiro com nematoide das galhas apresentam desenvolvimento insatisfatório e redução na qualidade e quantidade de frutos, com perdas estimadas de até 47% da produtividade.

Ocorrência: cosmopolita. Ocorre em todas as áreas cultivadas com tomate no Brasil.

Manejo: tendo em vista que a erradicação dos fitonematoides é praticamente impossível, o manejo integrado utiliza-se de técnicas que visam mantê-los abaixo do nível populacional de dano econômico. Para implementação de programas de manejo, necessita-se inicialmente a identificação taxonômica dos fitonematoides envolvidos na cultura, bem como da sua importância, aspectos biológicos, hábitos, hospedeiros etc.
Os principais métodos que podem ser utilizadas em áreas infestadas são:
1. Utilização de mudas sadias, produzidas em substrato isento de nematoides (controle preventivo).
2. Rotação de culturas com plantas não hospedeiras, incluindo os adubos verdes e plantas antagonistas.
3. Controle químico com nematicidas granulados no plantio
4. Uso de cultivares resistentes.
5. Outras práticas culturais.

Referência consultada

CARNEIRO, R.M.D.G., ALMEIDA, M.R.A., BRAGA, R.S., ALMEIDA, C.A.,GIORIA, R. Primeiro registro de Meloidogyne mayaguensis parasitando plantas de tomate e pimentão resistentes à meloidoginose no Estado de São Paulo. Nematologia Brasileira, v.30, n.1, p.81-86, 2006.
DIAS,W.P.; LIMA, R.D.; TEIXEIRA, D.A. Doenças causadas por nematoides em solanáceas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.18, n.184, 1996.
LORDELLO, L.G.E. Nematoides das plantas cultivadas, 8a ed., São Paulo: Nobel, 1984, 314p. SASSER, J.N. Plant-parasitic nematodes: the farmers hidden enemy. Raleigh: North Carolina State University, 1989. 115p SIKORA, R.A. & FERNANDEZ, E. Nematode parasites of vegetables. In: LUC, M., SIKORA, R.A., BRIDGE, J.. (Eds.) Plant parasitic nematodes in subtropical and tropical agriculture. Wallingford, UK: CAB International, 2005, p.319-392.

Autores: Cláudio Marcelo Gonçalves de Oliveira & Roberto Kazuhiro Kubo, Instituto Biológico
E-mail: claudiomarcelo.oliveira@sp.gov.br; roberto.kubo@sp.gov.br

 
Publicado em: 22/04/2014
Atualizado em: 22/04/2014
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   8.906