Sábado, 20 de Abril de 2024
Sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis)

Etiologia: a sigatoka negra é causada pelo fungo Ascomiceto que na sua fase perfeita ou sexuada é denominado de Mycosphaerella fijiensis Morelet,  e seus ascosporos são formados em peritécio anfígeno, globoso, ascosporos hialinos, fusiformes clavados, bicelulares. A fase imperfeita ou assexuada corresponde ao fungo Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton. Os conídios têm formatos obclavados a cilíndricos, hialinos, retos ou ligeiramente curvos com 1 a 10 septos e com afilamento no ápice. A principal característica é a cicatriz na base do conídio (hilo basal proeminente). Os conidióforos são retos ou curvos com 0 a 5 septos, normalmente geniculados e com cicatrizes nos pontos de inserção dos esporos, são produzidos isoladamente e emergem dos estômatos a partir de lesões do tipo estria de coloração marrom-clara.

Sintomas
Estádio I – marcas de despigmentação que evoluem para um ponto circular diminuto de cor marrom-claro a marrom-café, observado apenas na margem inferior direita da primeira ou segunda folha a partir da folha vela;
Estádio II – os pontos se unem formando traços de cor marrom-café, limitados entre as nervuras;
Estádio III – os traços se unem formando estrias mais espessas de cor marrom-café que ultrapassam as nervuras paralelas;
Estádio IV – as estrias transformam-se em manchas de cor marrom escuro e, destas, para negra com formato elíptico e bordas irregulares, visualizadas na superfície superior da folha;
Estádio V – as manchas negras apresentam halos cloróticos e centros levemente deprimidos;
Estádio VI – as manchas apresentam centros necrosados e secos, fortemente deprimidos, de cor variando de esbranquiçada a cinza claro, circundadas por bordas marrom-escura a preta.

Os estádios iniciais I e II são visualizados inicialmente na extremidade inferior esquerda da primeira e segunda folha, apenas com auxilio de lentes com aumento de 10 a 20 vezes. Somente a partir do estádio III, é possível a visualização dos sintomas (estrias) a olho nu, na superfície inferior da terceira ou quarta folha. Em casos mais severos da doença, há um rápido coalescimento das manchas negras (estádio IV), impossibilitando o aparecimento do halo clorótico, característico do estádio V. No estádio VI, é possível observar a presença de numerosos pontos pretos (peritécios). Esse é considerado o estádio final da doença, onde se observa o coalescimento de todas as lesões, caracterizando uma queima generalizada das partes afetadas.

Epidemiologia: as melhores condições ao desenvolvimento do fungo são: variedades suscetíveis, temperaturas elevadas (superiores às 21ºC ) e período chuvoso prolongado. A infecção se estabelece com a chegada dos esporos na superfície da folha vela (charuto), que germinam e penetram pelos estômatos. A disseminação da doença, tanto a curtas como longas distâncias, ocorre principalmente devido à ação da chuva e do vento. O uso de folhas infectadas colocadas nas embalagens para prevenir ferimentos, de caixas contaminadas e mudas infectadas, também constituem um meio eficiente na dispersão dos esporos do fungo para áreas livres da doença. A produção de ascósporos em um bananal pode ser de 10 a 100 vezes superior à produção de conídios.

Importância: a sigatoka negra, tanto por sua agressividade em diferentes cultivares como pelos curtos períodos de incubação e rapidez na disseminação dos esporos, atualmente é a mais séria e destrutiva doença da bananeira em todas as áreas produtoras. Frutos de plantas severamente atacadas amadurecem precocemente na planta ou não completam seu desenvolvimento.

Ocorrência: no continente americano: Honduras, Costa Rica, Colômbia, Perú; Brasil (Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Amapá, Roraima, Pará, Tocantins, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo.

Manejo

  • eliminação de bananais abandonados; 
  • monitoramento da doença, para determinar a melhor época de controle;
  • desfolha fitossanitária, corte e cirurgia de folhas atacadas; 
  • utilizar cultivares como FHIA 01, FHIA 02, FHIA 18, FHIA 21, Thap Maeo, Prata Zulu, Preciosa, Prata Ken, Caipira, BRS Prata Caprichosa, BRS Prata Garantida, entre outras, são mais tolerantes a doença; 
  • drenagem dos solos encharcados; 
  • adubação equilibrada seguindo as recomendações de análise de solo e foliar; 
  • controle químico com produtos sistêmicos e protetores registrados.


Referência consultada

FERRARI, J.T.; NOGUEIRA, E.M.C.; GASPAROTTO, L.; HANADA, R.E.; LOUZEIRO, I.M. Ocorrência da Sigatoka Negra em bananais no Estado de São Paulo. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p.133-134, 2005.

FERRARI, J. T., HARAKAVA, R.; NOGUEIRA, E. M. C. ; CASTRO, M. E. A. Ocorrência de Sigatoka negra da bananeira no Sul de Minas Gerais. Summa Phytopathologica, v.31, n.1 (supl), p. 34, 2005.

FERRARI, J.T.; TOMÁS, R.; HARAKAVA, R.; NOGUEIRA, E.M.C. Sigatoka negra da bananeira no Estado do Paraná. Summa Phytopathologica, v.31, n.1 (supl.) p.102, 2005.

FULLERTON, R.A. Sigatoka leaf diseases. Compendium of Tropical Fruit Diseases. Ploetz, R.C.et al.(eds). The American Phytopathological society, St.Paul, Minnesota. pp.12-14.

GASPAROTTO, L. et al. Sigatoka Negra da bananeira. Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. 2006. 177 p.

MORAES, W.S. et al. Situação atual da Sigatoka Negra no Estado de São Paulo, Brasil. Anais, I Simpósio de Manejo Adequado da Sigatoka Negra na Cultura da Banana. Pariquera-Açú, SP. p. 22-41, 2006.

NOGUEIRA, E. M. DE C.; ALMEIDA, I.M. G. DE ; FERRARI, J. T.; BERIAM, L.O. S (ed). Bananicultura - Manejo fitossanitário e aspectos econômicos e sociais da cultura. São Paulo, 243 p., 2013. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/livro_bananicultura.php.

OROZCO-SANTOS, M. Manejo Integrado de la sigatoka negra del Plátano. México, INIFAP, 1998. 96 p. (Folheto Técnico 1).

Autor: Josiane Takassaki Ferrari, Instituto Biológico

E-mail: josiane.ferrari@sp.gov.br

 
Publicado em: 27/11/2015
Atualizado em: 07/06/2021
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