Quarta-Feira, 8 de Maio de 2024
TCSV (Tomato chlorotic spot virus)

Hospedeiro principal: Physalis peruviana L. (physalis), Solanaceae

Agente causal: Tomato chlorotic spot virus (TCSV), gênero Tospovirus, família Bunyaviridae.

Etiologia: o TCSV pertence ao gênero Tospovirus, família Bunyaviridae. Tem partículas esféricas com diâmetro de 90 a 120 nm e seu genoma é subdividido em três moléculas de RNA de fita simples [RNA pequeno (S RNA), médio (M RNA) e grande (L RNA)]. Os RNA M e S codificam proteínas em diferentes polaridades. As glicoproteínas Gn e Gc são codificadas no sentido complementar, enquanto a proteína não estrutural NSm é codificada no sentido viral do RNA M. As proteínas do nucleocapsídeo e NSs (não estrutural) do RNA S são codificadas no sentido complementar e viral, respectivamente. NSm está associada ao movimento dos nucleocapsídeos célula a célula e é essencial para o vírus infectar sistemicamente as plantas hospedeiras, enquanto NSs está associada com supressão de silenciamento via pequenos RNA interferentes. A proteína L, codificada pelo RNA L no sentido complementar, é responsável pela replicação do RNA viral. 

Sintomas: mosaico, bolhas, amarelecimento, anéis cloróticos e anéis necróticos nas folhas, que podem adquirir cor bronzeada e distorções. Numa fase avançada, as folhas apresentam necrose, morte do ponteiro e as plantas podem apresentar forte redução do crescimento e do rendimento. 

Importância: o TCSV é um patógeno que causa importantes danos em cultivos de Asteraceae, como a alface (Lactuca sativa L.), e Solanaceae como tomateiro (Solanum lycopersicum L.), jiló (S. gilo L.) e pimentão (Capsicum annuum L.), principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Em Physalis peruviana, o vírus foi identificado e caracterizado pela primeira vez em 2012, em cultivo comercial de physalis, no Rio Grande do Sul. Os cultivos de physalis (em inglês, Cape gooseberry), já consolidados na Colômbia, têm crescido, nos últimos anos, no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A produção brasileira ainda é pequena, mas devido à rentabilidade que pode ser conseguida em pequenas áreas, e ao seu grande potencial como alimento e uso medicinal, esta cultura deverá ter um incremento de produção e área plantada considerável nos próximos anos. Economic importance:

Ocorrência: o TCSV em physalis foi descrito somente no Rio Grande do Sul, Brasil. Porém, esse vírus já foi detectado infectando outras solanáceas no Brasil, Argentina, África do Sul e, recentemente, no Estado da Flórida, Estados Unidos, infectando tomateiros. 

Manejo: os tospovírus são transmitidos por diferentes espécies de tripes (Thysanoptera, Thripidae) de maneira persistente propagativa (nesse modo de transmissão os vírus circulam e se replicam no corpo do inseto). O TCSV tem duas espécies de tripes vetores descritos como eficientes na sua transmissão: Frankliniella schultzei e F. occidentalis. Devido ao difícil controle dos insetos vetores e do amplo círculo de hospedeiros do vírus, incluindo espécies de plantas da vegetação espontânea, o controle do TCSV não é tarefa fácil. Além disso, no Brasil, a ausência de um inverno rigoroso faz com que fontes de insetos e de vírus permaneçam no campo o ano inteiro. Cultivos de solanáceas e asteráceas, tanto hortaliças como ornamentais, representam também importantes fontes de inoculo e auxiliam na eficiente dispersão do TCSV no campo. Portanto, o uso de medidas de controle fitossanitário como "roguing", remoção de plantas da vegetação espontânea que crescem próximas das plantas de physalis, associadas a outras práticas culturais, podem minimizar e prevenir o ataque dos tospovírus. O cultivo de physalis ainda é recente e medidas de manejo e controle de doenças ainda necessitam ser melhor avaliadas.

Referência consultada 

EIRAS, M. et al. First report of Tospovirus in commercial crop of Cape gooseberry in Brazil. New Disease Reports, v. 25, p.25, 2012. 

EIRAS, M. et al. RT-PCR and dot blot hybridization methods for a universal detection of tospoviruses. Fitopatologia Brasileira, v.26, p.170-175. 2001.

JONES, D.R. Plant viruses transmitted by thrips. European Journal of Plant Pathology, v.113, p.119-157. 2005.

PAPPU, H.R.; JONES, R.A.C.; JAIN, R.K. Global status of tospovirus epidemics in diverse cropping systems: success achieved and challenges ahead. Virus Research, v.141, p.219-236. 2009.

PLYUSNIN, A. et al. Bunyaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTEN, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds). Virus Taxonomy, Classification and Nomenclature of Viruses: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. San Diego: Elsevier, p.724-741. 2012.

RUFATO, L.; RUFATO, A.R.; SCHLEMPER, C.; LIMA, C.S.M.; KRETZSCHMAR, A.A. (Eds). Aspectos técnicos da cultura da Physalis. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2008. 100p.

Autores: Marcelo Eiras, Ivan Francisco Dressler Costa, Alexandre Levi Rodrigues Chaves, Instituto Biológico
E-mail: marcelo.eiras@sp.gov.br

 
Publicado em: 24/04/2014
Atualizado em: 24/04/2014
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