Hospedeiro principal: Ophiopogon japonicus (grama-preta ou grama-japonesa)

Agente causal: Colletotrichum falcatum

Etiologia: C. falcatum é um fungo mitospórico capaz de infectar o hospedeiro através dos conídios (esporos), provocando lesões nos tecidos vegetais. O fungo produz acérvulos sub-epidérmicos eruptivos com setas retas ou tortuosas, pardo-escuras e septadas. Na base das setas estão conidióforos curtos, simples, hialinos, com conídios falcados, hialinos, unicelulares, fusiformes e com ápices obtusos, envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom levemente rosado, com tamanho variando de 15,8-26,6 x 4,0-6,0µm. A disseminação de C. falcatum ocorre pela ação dos ventos, chuva, orvalho e água de irrigação, estando relacionada com as condições ambientais. A doença é conhecida como antracnose. A forma teleomórfica de Colletotrichum falcatum Went corresponde a Glomerella tucumanensis Arx & Müller.

Sintomas: Os sintomas iniciais da doença caracterizam-se por pequenas manchas necróticas nas folhas que, com o passar do tempo, coalescem e provocam uma seca que se iniciava na ponta dessas folhas e progride até atingir toda a planta, ocorrendo em reboleiras. A severidade dos sintomas está também relacionada com as condições ambientais. Os sintomas são mais severos em condições de umidade excessiva do solo. O fungo pode sobreviver por muitos anos no solo e nos restos culturais na forma de clamidosporos, conídios e micélio com paredes espessas. Mesmo sem o auxílio de lentes de aumento, sobre as manchas necróticas das folhas atacadas podem ser observadas pequeninas pontuações negras, correspondentes às estruturas reprodutivas de C. falcatum.

Importância: A antracnose em grama-preta foi constatada por pesquisadores do Laboratório de Micologia Fitopatológica no ano de 2001 e vem comumente ocorrendo em gramados da cidade de São Paulo, devastando os jardins formados por essa Ruscaceae (=Liliaceae). C. falcatum é relatado como incidente em várias espécies vegetais no mundo: Carica papaya, Cynodon dactylon, Dactylis glomerata, Dichorisandra sp., Echinochloa crus-galli, Eremochloa ophiuroides, Erianthus giganteus, Imperata cheesemanii, Ophiopogon japonicus, Pisum sativum var. macrocarpon, Saccharum officinarum, Saccharum sp., Sorghum arundinaceum var. sudanense, Sorghum bicolor, Sorghum halepense, Sorghum vulgare, Sorghum vulgare var. saccharatum, Sorghum vulgare var. sudanense, Sorghum vulgare var. technicum, Syngonium sp., Zebrina pendula, Zoysia japônica, Zoysia tenuifolia.

Ocorrência: touceiras de grama-preta procedentes da cidade de São Paulo, SP, Brasil.

Manejo: Como não existe no mercado fungicidas registrados para o controle dessa doença em O. japonicus, boas práticas culturais devem ser adotadas para reduzir a incidência da doença. Primeiramente, deve-se arrancar as porções do gramado que estejam afetadas, eliminando-as do local de plantio para não constituírem fontes de inóculo. Novas mudas sadias podem ser plantadas no espaço das plantas arrancadas. Cuidados no controle das regas para que não encharquem o solo, boa drenagem do terreno, bem como verificação da boa procedência das mudas, complementam o manejo da doença. Ao contrário dos gramados em geral, a grama-preta não requer cortes, entretanto deve-se evitar seu pisoteio e cultivá-la de preferência em terra enriquecida com húmus.

Referência consultada

COUTINHO, L.N. & RUSSOMANNO, O.M.R. Ocorrência de fungo do gênero Colletotrichum em grama-preta (Ophiopogon citratus). Summa Phytopathologica, v. 27, n. 1, p. 101, 2001.

SUTTON, B.C. The Coelomycetes – Fungi Imperfecti with pycnidia, acervuli and stromata. Kew, Surrey: Commonwealth Mycological Institute, 1980. 696p.

Autor: Olga Maria Ripinskas Russomanno, Instituto Biológico