Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Lagarta-das-palmeiras (Brassolis sophorae)

Praga: Brassolis sophorae Linnaeus 1758 (Lepidoptera, Nymphalidae)

Nome popular: Lagarta-das-palmeiras, lagarta-do-coqueiro.

Ocorrência: A espécie ocorre em todo o território brasileiro.

Hospedeiros: Palmeiras ornamentais e industriais (Imperial, Real, Jerivá, Leque-da-china, Rabo-de-peixe, Palmeira majestosa, Areca, Fênix, Juçara, Açaí, Pupunha, Coqueiro, Dendezeiro, etc.).

Descrição, hábitos e aspectos biológicos: A espécie Brassolis sophorae é uma das pragas mais comumente encontrada em palmeiras ornamentais, alimentícias ou de caráter industrial.
Adulto - é uma borboleta de tamanho médio, de hábito crepuscular, com aproximadamente 70,0 a 80,0 mm de envergadura para os machos e 90,0 a 105,0 mm de envergadura para as fêmeas. As asas anteriores e posteriores são de coloração castanha-violácea com faixas alaranjadas junto às bordas externas em sua face dorsal castanha-clara com três pequenas manchas circulares (ocelos), presentes em cada uma das asas posteriores, em sua face ventral. As manchas alaranjadas nas asas anteriores apresentam-se bifurcadas nas fêmeas no formato da letra Y e sem bifurcação nos machos. As posturas são realizadas em grupos de aproximadamente 100 ovos, depositadas nas próprias folhas.
Ovos - são de aspecto cilíndrico, inicialmente branco-amarelados e posteriormente tornando-se rosados e cinzas quando próximo a eclosão das lagartas.
Lagartas - não são urticantes e nascem após um período de 20 a 25 dias e podem chegar a 80 mm de comprimento em seu último estádio de desenvolvimento. No início do desenvolvimento, possui coloração bastante vistosa, com cabeça de coloração vermelho vivo, corpo esverdeado de pilosidade clara, com listras longitudinais arroxeadas muito evidentes. Em seus últimos estádios de desenvolvimento, a cabeça passa a ser de coloração menos intensa variando de marrom-avermelhada a marrom escura com lista longitudinal avermelhada e corpo pardo-arroxeado com listras longitudinais castanhas, recobertas por fina pilosidade. Não possuem ornamentações cefálicas e apêndice bifurcado na parte final do corpo, geralmente presentes nos representantes da subfamília Brassolinae a que pertencem.
As lagartas são gregárias, passam por seis estádios de desenvolvimento, com ciclo variando entre 50 a 90 dias. Vivem reunidas durante o dia em "casulos" ou "ninhos" feitos da união de folíolos e seda, servindo de abrigo contra predadores e intempéries. As lagartas abrigam-se nesses "ninhos" e os deixam no início da noite para se alimentarem das folhas da planta hospedeira. Podem também abrigar-se junto às axilas das folhas e espatas das inflorescências. Observa-se frequentemente que lagartas provenientes de posturas diferentes se agregam em "ninhos" comuns, encontrando-se até 350 indivíduos de diferentes estádios em um único "ninho". Próximo a pupação, as lagartas caminham ativamente pela planta hospedeira e adjacências fixando-se pelo cremaster e transformando-se em pupa, permanecendo por 11 a 15 dias até a emergência do adulto. O ciclo completo de ovo a adulto dá-se em torno de 80 a 125 dias.

Sintomas e Danos: As lagartas alimentam-se dos folíolos, desfolhando completamente a planta atacada, deixando apenas a raque das folhas. A presença de lagartas é facilmente detectada devido à presença de "ninhos", aos danos nas folhas e ao acúmulo de fezes na forma de pelotas junto ao solo na projeção da copa da palmeira. Esteticamente, é uma das pragas de maior importância, depauperando significativamente o hospedeiro, podendo em infestações muito severas e subseqüentes, levar direta ou indiretamente à morte plantas novas e adultas.
Palmeiras industriais como Cocos nucifera (coqueiro), Elaeis guineensis (dendezeiro), Phoenix dactylifera (tamareira), Attalea speciosa (babaçu) e os palmiteiros das espécies Euterpe edulis (juçara), E. oleraceae (açaizeiro), Bactris gasipaes (pupunheira) e Archontophoenix aleandrae (palmeira real australiana, seafortia), além de palmeiras ornamentais dos gêneros Livistona, Phoenix, Sabal, Syagrus, Archontophoenix, Roystonea, Raphia, Attalea, Washingtonia, Chamaedorea, Trachycarpus e Caryota entre outras, são comumente encontradas danificadas pelas lagartas de B. sophorae.
Mais raramente encontramos danos em plantas do gênero Dypsis, representado principalmente pelas espécies D. lutescens (areca-bambú), D. decary (palmeira triângulo) e D. madagascariensis (areca-de-lucuba).
Próximo a pupação, na fase final da lagarta, normalmente ocorrem verdadeiras invasões residenciais a procura de abrigo, sendo muito comum a visualização de pupas fixadas em paredes e tetos de casas próximas a palmeiras infestadas. Além dos problemas acarretados a planta atacada, outro problema a ser considerado é o da entomofobia causada pelas lagartas, onde o asco e o medo de se deparar com um desses insetos torna-se psicologicamente insuportável para algumas pessoas, apesar das lagartas desta espécie não serem urticantes.

Manejo: Os ovos podem ser naturalmente controlados através de parasitóides, assim como as lagartas podem ser controladas por um grande número de inimigos naturais tais como, o Diptera Xanthozona melanopyga e outros representantes da família Tachinidae e vários microhimenópteros dentre os quais o Chalcididae Sphilochalcis sp. e também por meio de doenças disseminadas naturalmente.
O controle mecânico através da eliminação manual dos "ninhos" de lagartas em palmeiras menores e com baixa infestação normalmente é suficiente. Apesar de até o momento não existirem inseticidas químicos registrados para o controle de B. sophorae, os piretróides poderão ser utilizados, pois são bastante eficientes e de baixa toxicidade.
O uso de inseticidas biológicos (agentes entomopatogênicos) em infestações mais severas é recomendado. A bactéria Bacillus thuringiensis var. kurstaki e o fungo Beauveria bassiana são eficientes e devem ser aplicados ao entardecer. As folhas devem ser molhadas abundantemente com o uso de atomizadores ou pulverizadores costais, pressurizados ou motorizados acoplados a barras extensoras. As lagartas infectadas pela ingestão do B. thuringiensis var. israelensis aplicado sobre as folhas, cessam a movimentação e a alimentação, adquirem coloração marrom-escura e morrem em aproximadamente 18 a 72 horas. Novas aplicações deverão ser realizadas aproximadamente a cada 15 dias. A infecção pelo fungo B. bassiana dá-se normalmente pelo contato com o tegumento. A penetração na lagarta leva aproximadamente 12 horas e a colonização e morte em média 72 horas, em condições favoráveis de umidade (90% UR) e temperatura (23 a 28ºC), deixando-o com aspecto "mumificado", com coloração branca levemente amarelada.

Referência consultada

BONDAR, G. Insetos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 1940. 160p.

FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. Cultura do coqueiro no Brasil. Aracaju, SE : EMBRAPA - SPI, 1994. 309p.

GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba, Fealq. 2002. 920p.

LEPESME, P. Les insects des palmier. Paris. Paul Lechevalier, 1947. 899 p.

LORENZI, H. et al. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Inst. Plantarum, Nova Odessa, 2004. 432p.

ZORZENON, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas, Cap. 10 p. 207-247, 2008.

Autor: Francisco José Zorzenon, Instituto Biológico
E-mail: francisco.zorzenon@sp.gov.br

 
Publicado em: 23/03/2016
Atualizado em: 11/05/2020
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   13.478