Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Broca-do-pedúnculo-floral (Homalinotus coriaceus)

Praga: Homalinotus coriaceus (Gyll, 1836), (Coleoptera, Curculionidae); Homalinotus porosus (Gyll, 1836) (Coleoptera, Curculionidae); Homalinotus deplanatus (Sahlberg, 1823) (Coleoptera, Curculionidae).

Nome popular: Broca-do-pedúnculo-floral; Broca-do-cacho-da-palmeira.

Ocorrência: A espécie ocorre em todo o território brasileiro.

Danos: Região do pedúnculo floral, bainha das folhas e estipe de palmeiras.

Hospedeiras principais: Palmeiras ornamentais e industriais (Imperial, Real, Jerivá, Leque-da-china, Rabo-de-peixe, Palmeira majestosa, Areca, Fênix, Juçara, Açaí, Pupunha, Coqueiro, Dendezeiro, etc.).

Descrição, hábitos e aspectos biológicos

Os adultos de Homalinotus porosus, medem entre 11,0 e 20,0 mm de comprimento e apresentam o corpo negro e sem escamas. O rostro é quase reto nas fêmeas, sendo curvo e robusto na posição distal nos machos. Os élitros são ligeiramente achatados dorsalmente e repletos de sulcos pontiformes. A espécie H. coriaceus é representada por adultos de tamanho bem maior que H. porosus, variando entre 20,0 e 50,0 mm de comprimento e corpo todo negro podendo apresentar manchas em forma de pequenas escamas claras e élitros rugosos e estriados longitudinalmente.
Os adultos de H. deplanatus medem de 12 a 22 cm, possuem corpo negro com faixa lateral longitudinal amarelo pálido.
As três espécies são noturnas, abrigando-se durante o dia entre as axilas foliares e folhas mortas e secas presas às palmeiras junto à região da saia, apesar de serem vistas eventualmente em voos diurnos, logo nas primeiras horas do dia e ao entardecer.
Os ovos são postos individualmente pelas fêmeas adultas. As larvas são curculioniformes, broqueadoras do tecido vegetal e de coloração esbranquiçada, com cabeça de coloração ferrugínea e mandíbulas bem desenvolvidas. Medem em seu último estádio de desenvolvimento aproximadamente 2,5 mm na espécie H. porosus, 3,0 cm em H. deplanatus e 4,0 mm de comprimento em H. coriaceus.
As larvas próximo à pupação, tecem um casulo característico utilizando as fibras da planta hospedeira. O ciclo completo é de aproximadamente 6 a 8 meses, dependendo da temperatura, umidade relativa, qualidade e quantidade de alimento disponível, entre outras variáveis importantes ao desenvolvimento.

Sintomas e Danos: os danos podem ocorrer no pedúnculo floral, estipe e nas bainhas das folhas, apesar da praga ser chamada de broca do pedúnculo floral. As larvas normalmente são encontradas nos pedúnculos florais, interceptando a passagem da seiva ao se alimentarem dos tecidos liberianos lenhosos, provocando o abortamento das flores, a queda dos frutos jovens e do cacho.
Normalmente na ausência de inflorescências, a larva se desenvolve nas bainhas das folhas levando-as a queda prematura; no estipe, podem ser encontradas superficialmente a 2,0 cm ou mais de profundidade, fazendo galerias e alimentando-se dos tecidos da planta propiciando a entrada de fitopatógenos.
Os adultos danificam em menor escala, alimentando-se das flores, causando-lhes a queda. Também podem ser prováveis vetores do nematóide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb, 1919) (= Rhadinaphelenchus cocophilus) causador da doença do anel vermelho, fatal para as palmeiras.

Manejo: A presença de saia e cicatrizes foliares e caulinares indica a provável presença da praga. A retirada e eliminação das folhas mortas e pedúnculos florais secos, reduz sensivelmente a população da praga.
Apesar da não existência de produtos registrados para o controle destas pragas e da dificuldade encontrada devido à altura elevada de algumas palmeiras infestadas, o uso de defensivos químicos de contato de baixa toxicidade como piretróides e neonicotinóides, dentre outros, é satisfatório.
A aplicação (pulverização e/ou infiltração) de inseticidas dirigida à região dos cachos e bainhas das folhas é indicada, tomando-se o cuidado para não atingir as inflorescências onde ocorrem os polinizadores.
A infiltração de inseticidas nas perfurações causadas pelos insetos torna-se antieconômica quando o número de plantas for elevado devido ao elevado tempo despendido nesta prática.
A pulverização de Malathion em intervalos de três meses também contribui para a redução da população da praga.
O fungo Beauveria bassiana em pulverizações junto às axilas das folhas, poderá ser utilizado como método biológico de controle, tendo-se como norma a aplicação em horários mais frescos do dia. Pedúnculos florais suspeitos de ataque deverão ser retirados e queimados, evitando-se a maior disseminação da praga. Os adultos quando presentes poderão ser controlados biologicamente pelos fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Não há até o momento, feromônios para o uso em armadilhas.

Referência consultada

BONDAR, G. Insetos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 1940. 160p.
FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. Cultura do coqueiro no Brasil. Aracaju, SE : EMBRAPA - SPI, 1994. 309p.
GALLO, D. Entomologia agrícola. Piracicaba, Fealq. 2002. 920p.
LEPESME, P. Les insects des palmier. Paris. Paul Lechevalier, 1947. 899 p.
LORENZI, H.et al. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Inst. Plantarum, Nova Odessa, 2004. 432p.
ZORZENON, F.J. , BERGMANN, E.C., CAMPANER, C. Ocorrência de espécies de Homalinotus (Curculionidae, Cholinae) em palmiteiros do gênero Euterpe. Arq. Inst. Biol. v. 63(2) p: 87-89, 1996.
ZORZENON, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas, Cap. 10 p. 207-247, 2008.

Autor: Francisco José Zorzenon, Instituto Biológico
E-mail: francisco.zorzenon@sp.gov.br

 
Publicado em: 23/03/2016
Atualizado em: 23/03/2016
Clique na imagem para ampliar
  Instituto Biológico
  Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252
  Vila Mariana - - CEP 04014-002- São Paulo - SP - Brasil
  (11) 5087-1700
                                                                                                         Número de visitas:
                                                                                                                   13.388