Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Sarna pulverulenta da batata (Spongospora subterranea)

Etiologia: Spongospora subterranea produz cistosoros ovoides irregulares com 19-85 µm de diâmetro e esporos poliédricos com 3,5 a 4,5 µm de diâmetro, paredes lisas, finas e de coloração amarelada. Os zoósporos primários e secundários também são ovoides a esféricos, biflagelados e podem apresentar tamanho variável. A infecção é favorecida por altos teores de umidade no solo na fase inicial, seguida de baixa umidade nos períodos posteriores; ferimentos e temperaturas na faixa de 11 a 18 ºC. A doença é mais intensa em pH na faixa de 4,7 a 7,6, áreas de baixada sujeitas ao acumulo de umidade e lavouras irrigadas. As lesões causadas pela doença favorecem a entrada de outros agentes causadores de podridões como Fusarium spp, Pectobacterium spp e Dickeya spp que podem dificultar o diagnóstico. Entre os hospedeiros de S. subterranea destacam-se o tomate, o pimentão, o nabo, a canola e plantas invasoras como maria pretinha (Solanum nigrum) e figueira do inferno (Datura stramonium).

Sintomas: Os sintomas iniciais da doença manifestam-se através de pequenas manchas de cor clara na superfície do tubérculo. Em seguida, estas se convertem em pústulas abertas, escuras, arredondadas e com bordas irregulares compostas por fragmentos da epiderme. Os centros das lesões são deprimidos apresentando tecidos irregulares e esponjosos Nas raízes, formam-se galhas escuras e enrugadas que reduzem o vigor das plantas. Associados as lesões encontram-se zoósporos e cistossoros. Os zoósporos são esporos flagelados que se movimentam na água e são responsáveis pelo processo de infecção. Os cistossoros são estruturas de resistência que permitem o patógeno sobreviver no solo por períodos de 3 a 10 anos e são facilmente disseminados por tubérculos.

Importância: A doença afeta diretamente o aspecto visual dos tubérculos reduzindo drasticamente o seu valor comercial.

Ocorrência: No Brasil, a doença foi observada nas regiões Sul, Sudeste e Distrito Federal.

Manejo:
Medidas recomendadas:

Plantio de sementes sadias.

Evitar o plantio em área com histórico recente da doença.

Rotação de culturas.

Colher tubérculos com a pele firme.

Evitar ferimento dos tubérculos durante a colheita, classificação e armazenamento.

Fungicidas. O uso de fungicidas registrados deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose, volume, momento da aplicação, intervalo e número de pulverizações, intervalo de segurança, uso de equipamento de proteção individual (EPI), armazenamento e descarte de embalagens, etc. Os fungicidas oficialmente registrados no Brasil para o controle da requeima na cultura da batata encontram-se descritos no AGROFIT (http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons). Para evitar a ocorrência de resistência de P. infestans a fungicidas recomenda-se que fungicidas específicos (sistêmicos) sejam utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos (contato); que se evite o uso repetitivo de produtos com o mesmo mecanismo de ação; e que não se façam aplicações curativas em situações de alta pressão de doença.

Eliminação e destruição de tubérculos doentes.

Lavar e desinfestar caixas, equipamentos de lavagem e classificação.

Armazenamento.
Promover condições adequadas de temperatura, umidade, circulação de ar e higiene durante o armazenamento de batata-semente e tubérculos.

Bibliografia consultada.

AGRIOS, G.N. Plant Pathology (5 ed). Elsevier Academic Press. 2005. 919 p.

DIAS, J.A.C.; IAMAUTI, M.T. Doenças da Batateira (Solanum tuberosum). In: KIMATI, H.; AMORIN, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Eds.). Manual de Fipatologia: doenças das plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Ceres, 2005. v.2, p.119-142.

STEVENSON R; LORIA R.; FRANC G.D; WEINGARTNER D.P. Compendium of Potato Diseases. St. Paul: The American Phytopathological Society. 2001, 134p.

TOFOLI, J.G., DOMINGUES, R.J., FERRARI, J.T., NOGUEIRA, E.M.C. Doenças fúngicas da cultura da batata. Biológico, São Paulo, v.74, n.1, p.63-73, 2012. WALE, S.; PLATT, H.W.; CATTLIN, N. Disease Pests and Disorders of Potatoes. Elsevier. 2008. 179 pg.

Autores: Jesus Guerino Töfoli; Ricardo José Domingues, Instituto Biológico
E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br

 
Publicado em: 10/03/2016
Atualizado em: 10/03/2016
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