Etiologia: O fungo Alternaria solani (ELL. & Martin) Jones & Grout, é o agente causal da pinta preta, sendo um dos principais patógenos da cultura do tomate, podendo estar associado a folhas, hastes e frutos. Os conídios são geralmente individuais, ovais, podendo apresentar variações longas, curtas, largas e estreitas. Em geral, os conídios com bico único, são longos, ovóides ou elipsóides com comprimento de 109-115 mm e largura entre 18-26 mm e um bico de 80-118 mm. Conídios com dois bicos podem atingir tamanhos de 80-106 mm e 16-21 mm de largura, acrescido de um bico inicial 58-88 mm de comprimento e um segundo bico 64-88 mm. Apresentam coloração palha, parda, marrom-oliváceo ou ouro claro, com 7 a 11 septos transversais e poucos ou nenhum longitudinal. Os conídios são inseridos em conidióforos septados retos ou sinuosos que ocorrem isolados ou em grupos, que apresentam 6 a 10 mm de diâmetro e 100 a 110 mm de comprimento e coloração idêntica aos conídios.
Sintomas: A pinta preta se expressa através de lesões foliares necróticas, pardo-escuras ou negras, com característicos anéis concêntricos e bordos bem definidos. As lesões podem ser circulares, alongadas ou ainda apresentarem formato irregular devido a limitações impostas pelas nervuras das folhas. As lesões ocorrem isoladamente ou em grupos, podendo apresentar ou não halo clorótico. O aumento da intensidade da doença no campo ocorre tanto pelo surgimento de lesões novas como pela expansão das mais velhas, que podem coalescer atingindo todo limbo foliar. O tamanho das lesões pode variar em função da cultivar; as manchas são grandes em cultivares precoces, e pequenas em variedades tardias. Sintomas semelhantes, porém com lesões mais alongadas e às vezes deprimidas, ocorrem nos caules e pecíolos. Nos frutos as lesões são escuras, com formato circular,concentricas, deprimidas e geralmente são localizadas na região peduncular.
Importância: A requeima afeta a produtividade e qualidade de frutos, podendo os danos oscilarem de 15 a 100%.
Ocorrência: No Brasil, a doença ocorre nas regiões sudeste, sul, nordeste e centro-oeste.
Manejo:
• Evitar o plantio em áreas de baixadas, úmidas e com ventilação deficiente;
• Evitar novos plantios próximos a áreas em final de ciclo;
• Plantio de sementes e mudas sadias:
• Plantio de cultivares com algum nível de resistência.
Em geral, as cultivares e híbridos de tomateiro cultivados no Brasil são considerados suscetíveis. Recentemente, alguns híbridos como: Minotauro®, Laura F1 e Mariana têm sido apresentados como tolerantes à pinta preta.
• Utilização de espaçamento entre plantas que favoreça uma maior aeração;
• Rotação de cultura;
• Utilização de adubação equilibrada.
Níveis adequados de matéria orgânica, fósforo, nitrogênio e magnésio podem reduzir a severidade da doença;
• Manejo correto da água de irrigação, evitando-se longos períodos de molhamento foliar;
• Eliminar e destruir de restos de cultura,
• Controle de plantas daninhas e plantas voluntárias;
• Fungicidas.
O uso de fungicidas no controle da pinta preta deve ocorrer assim que se observe os primeiros sintomas e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto a dose, volume, intervalo e número de aplicações, intervalo de segurança, uso de equipamento de proteção individual (EPI) etc. Os fungicidas oficialmente registrados encontram-se no Agrofit (http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons). Para evitar casos de resistência a fungicidas específicos (móveis na planta) recomenda-se que esses sejam utilizados de forma alternada ou formulados com produtos inespecíficos (contato); que se evite o uso repetitivo de fungicidas com o mesmo mecanismo de ação e não se faça aplicações curativas em situações de alta pressão de doença.
• Sistemas orgânicos.
Além de práticas culturais abordadas anteriormente como: plantio em época adequada; uso de sementes e mudas sadias; escolha correta da área; adubação equilibrada, eliminação de hospedeiros intermediários, e evitar plantios adensados alguns sistemas orgânicos permitem o uso de produtos cúpricos. A calda bordalesa se destaca como opção com melhores resultados controle da requeima nessa modalidade de produção. A calda bordalesa pode ser fitotóxica ao tomateiro, portanto as pulverizações devem ser iniciadas com concentrações mais baixas do que a recomendada (por exemplo: 0,5%) e gradativamente alcançar 1,0 %.
Referência consultada
AGRIOS, G.N. Plant Pathology (5 ed). Elsevier Academic Press. 2005. 919 p.
KUROZAWA, C.; PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro (Lycopersicon esculentum). In: KIMATI, H.; AMORIN, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (Eds.). Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 4. ed. São Paulo: Ceres, 2005. v. 2, p.607-626.
LOPES, C. A.; ÁVILA, C. A Doenças do tomateiro. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2005. 151p.
TÖFOLI, J.G; DOMINGUES, R.J. Doenças fúngicas. In: Aspectos fitossanitários do tomateiro. Boletim Técnico. São Paulo, v. 27, p. 36 – 56, 2013, 119p.
TÖFOLI, J.G; DOMINGUES, R.J. Doenças fúngicas do tomateiro. Tomate. Desafios Fitossanitários e Manejo Sustentável. Boletim Técnico. Jaboticabal, v. 3, p. 141– 181, 2014, 261p.
Autores: Jesus Guerino Töfoli; Ricardo José Domingues, Instituto Biológico
E-mail: jesus.tofoli@sp.gov.br